segunda-feira, fevereiro 28, 2011

O decepcionante resultado do Oscar 2011

São raras as vezes em que o resultado da entrega do Oscar me desaponta profundamente. Curiosamente, em geral o filme premiado não condiz com minha escolha pessoal. Contudo os filmes envolvidos geralmente são bons ou ótimos e a escolha de um ou de outro é compreensível. Mais do que isso, se minha opinião tivesse algum efeito na eleição de melhores do ano muitos filmes sequer lembrados pela Academia passariam a aparecer em destaque.

Desde o ano de passado o Oscar passa a indicar 10 filmes - motivado por interesses mais comerciais do que artísticos. Este ano eu assisti apenas 4 dos 10 indicados (Cisne Negro, Bravura Indômita, O Discurso do Rei e A Origem), perdi A Rede Social que disputava com o filme de Tom Hooper a condição de favorito e também ainda não assisti Toy Story 3, O Vencedor, Minhas Mães e Meu Pai, 127 Horas e Inverno da Alma. Mas não duvido que depois de vê-los venha a gostar de todos eles mais do que gostei de O Discurso do Rei. Indo além, não duvido ser capaz de encontrar outros tantos filmes lançados neste ano (A Ilha do Medo, de cara, me vem a cabeça) que talvez pudessem ocupar o lugar do vencedor de 4 dos 5 principais prêmios desse ano no meu Top 10.

Dos 4 que vi eu daria o Oscar a Cisne Negro, fácil. Filme denso, com estilo visual marcante, trilha sonora fantástica - e não venham me dizer que isso é fácil já que o filme é centrada na adaptação do Balé Lago dos Cisnes de Tchaikovsky - e interpretações fascinantes. Não me refiro apenas a Natalie Portman pois todo o elenco de apoio está ora convincente ora fabuloso: Vincent Cassel como o artista sedutor e obcecado com sua arte, Elizabeth Hershey como a mãe opressora, Mila Kunis como a bailarina rival e personificação do lado negro do cisne e Winona Ryder como a bailarina que se vê tendo de deixar os palcos após o fim de sua gloriosa carreira.

É difícil sair indiferente de uma sessão de Cisne Negro. O filme apresenta a estória de uma bailarina, Nina (Portman), que tem a oportunidade de sua vida ao ser escolhida - em um ambiente competitivo como o de uma Cia. de Dança- para representar o papel central da nova adaptação do Lago dos Cisnes. Porém, apesar de dançar perfeitamente o papel do Cisne Branco - que exige leveza, técnica e arrisco-me a dizer: dedicação, obediência, conformismo - ela tem enormes dificuldades com o papel do Cisne Negro, que exige sedução, imprevisibilidade, desequilibrio. Um contraponto a sua própria personalidade. O filme narra então a sua busca por esse lado negro para atingir a perfeição exigida pelo papel. No processo tem que vencer seus próprios medos e travas enquanto se impõe frente a mãe repressora (a relação de devoção x rancor da mãe com Nina é um filme a parte) e subjugar a crescente presença de outra bailarina, Lilly (Kunis), mais apta para o papel do Cisne Negro. 

Recheado de simbolismos e com final aberto a interpretações Cisne Negro é o melhor filme que vi recentemente. Dentre os que vi, A Origem receberia a medalha de Prata e o bronze caberia a Bravura Indômita.

E quanto ao Discurso do Rei gago, George VI, quais problemas tive eu com o filme? Bem, em primeiro lugar não consegui me envolver com os personagens, apesar de concordar que o trio central interpreta com excelência os papéis para os quais foram escalados, respectivamente o próprio rei (Colin Firth, ganhador do Oscar de forma merecida), sua esposa Rainha Elizabeth (Helena Bonham Carter) e o fonoaudiólogo/ator Lionel Logue (Geoffrey Rush) que aplica seus tratamentos não convencionais para preparar o rei para seus discursos.

Noto ainda que a interpretação de Firth é perfeita - estamos convencidos de que aquela pessoa é incapaz de produzir duas palavras em sequência de forma natural - e isso é crucial para que o filme funcione. Mas, ainda assim, não funcionou. Ao menos para mim. Acho que a oscilação de tom do filme entre o drama (que acho que seria o mais apropriado), humor inglês na forma de sarcasmo em diálogos (vá lá) e humor quase que pastelão (meu Deus!) sabotam o filme. Além disso, o roteiro edificante - bem ao gosto da Academia - é óbvio ao extremo sendo que podemos antecipar cada situação dias antes de elas acontecerem. OK, filmes não precisam te surpreender para serem bons. Além disso boa parte dos conflitos e personagens estão deslocados ou forçados ou pouco desenvolvidos (irmão do rei, família de Lionel, arcebispo "conselheiro", Churchill) enquanto o desenvolvimento da relação entre o par central - o paciente e seu "médico" - apresenta-se insuficiente para justificar como, ao final, as barreiras são vencidas.

Por tudo isso, Discurso do Rei não merecia ganhar o prêmio de Melhor Filme do Ano. Trata-se de um bom filme mas longe de ser o melhor em 2010.

sábado, fevereiro 26, 2011

Calvin da Semana - Moldando o caráter


(Pai)- Querida, você viu meus óculos? Não consigo encontrá-los em lugar nenhum.
(Mãe)- Eu não vi.
(Calvin vestido como o pai e com os óculos)- Calvin, vá fazer algo que você detesta. Ser infeliz molda o caráter!
(Pai para a mãe gargalhando)- OK, a imitação de voz foi um pouco engraçada mas ainda é um danado de um menino sarcástico que estamos criando aqui...

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Curta francês

LE GRAND JEU from Yannick Pecherand-Molliex on Vimeo.


Um pouco sádico... Jigsaw ficaria orgulhoso. :-)

Dilbert e o processo de compras... hilário.

Estou há algum tempo afastado do mundo corporativo mas o Dilbert não me deixa esquecer de certos absurdos que realmente acontecem por lá. E é incrível como tudo é feito sem que uma "lupa" de realidade permita que certos vícios sejam percebidos como são. Dilbert também é genial. :-)

(Dilbert)- É minha imaginação ou a precificação é intencionalmente confusa?
(Vendedor)- É intencionalmente confusa!
(Vendedor)- Desta forma você não pode comparar nossos preços com o de nosso concorrentes.
(Vendedor)- Nossos competidores fazem o mesmo. É chamado confusopólio.
(Vendedor)- Todos nós temos nossa fatia de clientes confusos e não precisamos baixar nossos preços para competir.
(Vendedor)- Nós usamos os lucros de nosso comportamento anti-competitivo para financiar inovação.
(Vendedor)- Então não arruine um bom sistema tentando entender o que está comprando.
(Dilbert)- Isso parece quase razoável.
(Vendedor)- Agora bata em você mesmo e me agradeça!

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Algoritmo para debulhar um álbum musical

Esse fim de semana eu desenvolvi e apliquei um algoritmo para debulhar um álbum. O resultado obtido é uma "ordem de eliminação", o que pode ser uma forma interessante de obter um TOP 3 para o álbum - ou qualquer coisa que o valha.

A fórmula lembra um pouco os treinos de F1 em que todos os carros vão para a pista e competem uns contra os outros durante um tempo pré-fixado. Os 10 piores deixam a disputa e repete-se uma nova bateria e assim por diante até que os melhores - e o melhor, o pole-position - sejam conhecidos.

O revés da minha abordagem é que o algoritmo não é determinístico... acredito que depende bastante do humor do "processador" no dia das audições... mas ainda assim não deixa de ser interessante.

A idéia é colocar todas as faixas do álbum em seu "player" de preferência, configurar no modo de repetição e, em uma fase de inicialização, ouvi-lo inteiro.

A partir da segunda iteração ao final de uma audição você pode apagar a faixa ouvida da lista. O algoritmo termina quando a última música for apagada. A ordem inversa de eliminação é a ordem de sua preferência.

Segue a receita e fica a dica: é fácil de seguir e dá bons resultados.

Algoritmo DEBULHAR_ALBUM
Recebe: Um álbum musical
Devolve: uma ordem de eliminação.

Para cada faixa do álbum
   ouça a faixa "x"
   se você ouviu "x" mais que uma vez
      se você não aguenta mais (não quer mais) ouvir "x"
         elimine "x" da lista
      fim-se
   fim-se
fim-para
retorne a lista de faixas eliminadas

No sábado eu apliquei este algoritmo ao excelente álbum de estréia de Ceumar, chamado Dindinha. Após ao menos umas 10 iterações e na maioria dela com mais da metade do álbum ainda sobrevivendo, cheguei ao seguinte Top 3: Boi de Haxixe, Galope Rasante e Dindinha.

No domingo o algoritmo foi utilizado no também excelente Entrada para Raros, do Teatro Mágico mas devido a outras tarefas o processamento foi abortado enquanto ainda restavam bem mais do que 3 canções. Ao menos eu pude detectar que a música Ana e o Mar destoa do restante das composições, sendo chatinha de doer, além de óbvia. Já Prato do Dia, A Pedra mais Alta, Zazulejo e De Ontem em Diante, com suas líricas misturas de poesia, recital e arranjos de cordas continuam encantadoras e permaneciam na disputa. Preciso terminar de executar isso...

A arte de ser prolixo (by Dilbert)


(Alice)- Desculpe-me. Pelas minhas contas você já disse a mesma coisa 27 vezes usando palavras diferentes.
(Alice)- Se eu fizer um abaixo-assinado aqui constando as assinaturas de todos dizendo que entenderam a sua argumentação, você para de falar?
(Ted)- Isso é muito rude de sua parte!
(Alice)- Eu não entendi. Você pode repetir mais 26 vezes?

sábado, fevereiro 12, 2011

Versos do dia - Roberta Sá (Cicatrizes)

Amor que nunca cicatriza
Ao menos ameniza a dor
Que a vida não amenizou
Que a vida a dor domina
Arrasa e arruína
Depois passa por cima a dor
Em busca de outro amor
Acho que estou pedindo uma coisa normal
Felicidade é um bem natural
Uma, qualquer uma
Que pelo menos dure enquanto é carnaval
Apenas uma
Qualquer uma
Não faça bem
Mas que também não faça mal
Meu coração precisa
Ao menos ameniza a dor
Que a vida não amenizou

Calvin da Semana (ou do mês?!?) - Treinando para ser pai...


(Calvin)- Ei, pai. Eu vou adivinhar qualquer número que você pensar. Vai, pense em um número.
(Pai)- Mmm... OK. Pronto.
(Calvin)- É 92.376.051?
(Pai)- Caramba! Isso mesmo.
(Calvin)- ?!?!?
(Calvin)- Espera aí! Você só está querendo se livrar de mim, não é?
(Pai)- Não, você é paranormal. Vá mostrar para a mamãe.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Maneiras turvas de se esquivar do trabalho


(Wally)- Tinham 11 formas diferentes de interpretar o vago direcionamento que você me deu por correio de voz.
(Wally)- Dados os riscos de escolher errado e meu juramente de engenheiro de não prejudicar, era meu dever ético não fazer nada.
(Chefe)- Você poderia ter pedido uma clarificação.
(Wally)- Soa perigoso.

terça-feira, fevereiro 08, 2011

Dilbert em "Questão de prioridades"


(Chefe)- Jim, nossa empresa é familiar e muito verde.

(Chefe)- E também somos muito bons ao definir prioridades, então se eu tiver a chance de vender seus filhos em troca de um punhado de créditos de carbono, eu o farei.

(Chefe para o diretor de RH)- Ele não era tão verdade quanto eu esperava.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Versos do dia: Minha gratidão é uma pessoa (Nando Reis)

Depois de pensar um pouco
Ela viu que não havia mais motivo e nem razão
E pode perdoá-lo

É fácil culpar os outros 
Mas a vida não precisa de juizes
A questão é sermos razoáveis
 

E por isso voltou
Porque sempre o amou
Mesmo levando a dor
Daquela mágoa

Mas segurando a sua mão
Sentiu sorrir seu coração
E amou-o como nunca havia amado

Mas como começar de novo
Se a ferida que sangrou
Acostumou a me sentir prejudicado
É só você lavar o rosto
E deixar que a água suja
Leve longe do seu corpo
O infeliz passado

E amou como nunca havia amado
E viveram felizes... para sempre.