domingo, outubro 04, 2009

Filmes desde Cloverfield

Nossa, o último post sobre cinema desta bodega foi "Cloverfield". Assim, fica parecendo que não vi mais filmes desde lá. Não é verdade. Não vi tantos quantos gostaria, mas assisti Missão Impossível 3, Harry Potter 6, Intrigas de Estado, Inimigos Públicos, Budapeste, Sinédoque: Nova York, Duplicidade e Fim dos Tempos.

Se tivesse que escolher o melhor desta lista, ficaria em dúvida entre Sinédoque: Nova York (o melhor texto) e Duplicidade (o mais divertido). Mas Harry Potter, Missão Impossível, Intrigas e Inimigos são também muito bons filmes.

Mas, se tivesse que escolher o pior, não teria dúvida em apontar Fim dos Tempos, e com uma distância enorme para o segundo colocado (que seria Budapeste). Meu Deus, o que aconteceu com Shyamalan?? Os filmes dele caem um ou dois pontos, em termos de nota, a cada lançamento. Será que isso tem fim ou é o fim dos tempos?? Sexto Sentido, 10. Corpo Fechado, 9. Sinais, 7. A Vila, 6. A Dama na Água, 3. Fim dos Tempos, sei lá, 2. Dá até medo de pensar no que vem por aí.

A Arte de Produzir Efeito sem causa

Mutarelli é doente. Quem assistiu Cheiro do Ralo sabe. Agora O Natimorto vai virar filme e também essa doença vai se proliferar para um público maior. Do último, eu vi a peça e fiquei extasiado.

Assim, foi um pouco decepcionante terminar a leitura de "A Arte de Produzir Efeito sem Causa", o primeiro Mutarelli que consumi no formato nativo. As doenças estão lá e muitas vezes me pegava pensando "ei, eu também faço isso" e, ato contínuo, ficando com medo de mim mesmo. O livro narra a desgraça de Júnior, do esfaçalamento de seu casamento e da perda do emprego à loucura gradativa após voltar à casa do pai. O desfecho é trágico e o clima pende para o non-sense no final. Afinal, estamos falando de um personagem que é sugado para o ralo do filme com o Selton Mello. Essa é uma boa imagem do que ocorre com o personagem do livro.

O livro é bom, mas não foi tão impactante quanto o filme e a peça. Não sei se foi a mídia ou o texto em si, mas tenho uma forte impressão que trata-se de problema com o conteúdo, já que em teoria o livro - que dependia apenas das imagens provocadas diretamente do autor no leitor - deveria ser a experiência mais forte dos três.

Um dia para esquecer...

No último sábado, estava marcado para fazer uma visita em um apartamento que eu pretendia alugar. O horário: 15:00h.

OK, tudo bem. Mas na quinta-feira tinha iniciado uma greve no transporte público aqui de Lyon. Por falar nisso, nas 3 vezes em que vim aqui, peguei pelo menos um dia de greve em cada uma delas. Como disse um amigo que também estuda aqui: "greve, esporte nacional francês". Nunca tinha pegado, contudo, uma greve tão longa... até hoje continuam em greve.

Mas, voltando ao assunto, como o transporte público estava em greve, me preparei para fazer um caminho diferente para chegar ao tal apartamento. Estou em um hotel no bairro de Gerland e ao invés de pegar o metrô B, que fica há duas quadras do hotel e que ficou sem serviço por mais de uma semana, fui me lançar a um caminho diferente, para pegar um ônibus, para chegar ao metrô A, que me levava próximo do apartamento. E assim foi até o metrô A, que para meu espanto também estava fechado!!

Desespero. Restava pouco tempo para chegar ao local e não queria chegar atrasado, precisava alugar um apartamento... Um parêntesis então para explicar uma maravilha que temos aqui: as estações de velov, que são bicicletas. Além do ótimo serviço integrado de ônibus, trem, metrô e tramway, ainda tem as tais velóvs. Tem planos diários, semanais ou anuais. Por semana, você paga 3 euros e pode utilizar as bicicletas por uma semana, de graça. Basta sacá-las em uma estação e devolver em outra, tem um sistema que você informa uma identificação e senha, escolhe a bicicleta e ela é liberada e, depois, você devolve e ela é travada. Uma beleza.

Como estava atrasado e desesperado, lá fui eu de bicicleta rumo ao encontro. E de onde estava no metrô A até a estação que eu queria descer era chão, hein? E ainda tinha que parar, às vezes, para consultar o mapa. Enfim, tragicamente, cheguei na frente do apartamento uns 15 ou 20 minutos atrasado. Suado. Exausto.

E o que aconteceu?? Claro que não consegui falar com o proprietário!

A corretora que agendou o encontro disse que o sobrenome dele estaria na entrada do prédio e era "só chamar". Primeiro, o tal sobrenome não estava lá. Aqui eles não usam o nosso eficiente esquema de ter embaixo, nos prédios, os números dos apartamentos, independente dos nomes. Aqui, só tem os nomes. E, se essa lista não estiver atualizada, babau.

Bem, mas ao menos eu tinha o número do celular do cara. Mas, lógico, eu não tinha um celular para poder ligar. Não me desesperei, claro, andei mais um quilômetro em uma direção onde tinha visto uma tabacaria e comprei um cartão telefônico (7,50 euros o mais barato) e liguei para o proprietário... que não atendeu! Provavelmente, já tinha alugado e não queria mais ser incomodado.

O que fazer?? Voltar pra casa, claro. Neste momento, constato que ao descer da bicicleta e correr pro apartamento, acabei deixando o mapa dentro da cesta da bicicleta. Ou seja, estava morto, sem ter conseguido ver o apartamento e ainda sem mapa pra voltar pra casa. Uma beleza!

Ao menos, eu sabia um caminho (longuíssimo) que seria acompanhar o rio. Cidades com rio tem essa facilidade, desde que seu destino fique próximo ao rio como, graças a Deus, era o caso do meu hotel. Fiquei tranquilo e resolvi tomar um café para relaxar.

Depois disso, lá vou eu pegar novamente uma bicicleta e me atirar para as bandas do hotel, acompanhando o rio. Contudo, isso ocorreu em um sábado. E, para quem gosta muito de futebol pode ter notado, se estou no bairro de Gerland estou próximo ao estádio de Gerland. E neste sábado estava tendo um jogo do Lyon pelo campeonato francês. E eu, desavisado, chegando aqui no hotel com a bicicleta e não encontrando nenhuma estação livre para devolver a p*** da bicicleta. Estava triplamente massacrado de tanto pedalar, depois de um dia em que nada deu certo e, o pior, eu não sabia onde tinham outras estações para procurar onde devolver. Conhecia umas 3 ou 4 nas redondezas do hotel e todas elas cheias - lógico, com o transporte público parado, todo mundo veio ver o jogo de bicicleta.

Adotei uma estratégia boa, peguei a maior avenida aqui e segui ela na direção contrária ao estadio. Andei, sem dúvida, uns dois quilômetros, passei por 3 ou 4 estações cheias antes de encontrar uma estação com uma vaga para devolver a maldita bicicleta.

Feito isso, foi "só" voltar andando esses dois quilômetros de volta...

Primeiras duas semanas

...e lá se vão duas semanas que me mudei. Mudei de Campo Grande, algo que por muito tempo quis, mas que na hora H causou uma profunda dor. Foram várias despedidas, na última semana antes da mudança e o clima de saudade, de que eu estaria perdendo muitas coisas como minha esposa, filhas, família, amigos, minhas comidas favoritas, meu futebol de domingo a tarde, meu fuso horário predileto.

Mudei. E nessas 2 semanas já passei por poucas e boas. Na primeira me adaptei ao fuso e cuidei de papeladas para a inscrição no doutorado. Na segunda corri feito um louco para alugar um apartamento, o que finalmente consegui na última sexta-feira. E corri à mil com o doutorado, já que estivemos em semana intensa, recebendo visita de pesquisadores da Itália e Holanda.

Mudei, mas nada mudou quanto à saudade, à falta que as coisas das quais me despedi fazem. Talvez, elas estejam se intensificando, me deixando mais sensível à tudo que remete ao Brasil e ao que lá deixei. Se vejo um cachorrinho passeando ou leio (ou ouço) falarem das minhas cachorras, já lacrimejo. Hoje, fiquei extremamente sensibilizado ao ouvir um álbum do Arnaldo Antunes, que estava ouvindo há uns 3 ou 4 meses com frequencia no Brasil. Tem uma música em que ele convida o ouvinte para passear e nesse momento também lacrimejei.

Bem, esse foi o post sentimental. Vou providenciar alguns mais curiosos ou divertidos sobre as aventuras vividas, em especial um envolvendo uma bicicleta alugada.