sexta-feira, janeiro 06, 2012

Pequena reflexão estapafúrdia sobre o calendário

 O calendário é dominado pelo 1 e pelo 2.

Juntos, eles formam 12 e definem a quantidade de meses. Além disso, a cada mês são os números mais presentes, uma vez que temos que ir de 10 ao 20 e atravessar toda essa dezena até chegar ao 30.

O 3 deve ser daqueles que são muito admirados mas, por outro lado, muito arrogantes.


No fundo, o problema todo se dá com o 2. É ele quem é o vizinho do 3 e é claro que não se dão.

A cada mês, o 3 ganha a chance de se alongar um pouquinho, mas passa um dia e lá vem o 1 de novo, jogando o 3 e sua dezena para o escanteio. No mês seguinte, em geral, ele sequer ganha uma chance. O 30 só aparece, pois o 2 tem que sentir que cumpriu sua missão até o final.


Mas se é sempre o 1 que vem interromper o 3, por que eu digo que o problema dele é com o 2? Por conta do mês dedicado ao 2, fevereiro, no qual sequer vez o 3 tem... Ele tenta, ano sim, ano também, convencer ao 2 de deixá-lo aparecer... o máximo que consegue é, a cada quatro anos, mais ou menos, chegar mais pertinho de surgir ainda em fevereiro, mas que nada...

Em revanche, ele vem logo a seguir com o seu mês e o estica ao máximo que pode, sempre indo a 31... mas como o 1 reaparece, logo toma o seu espaço, chutando o 3 de novo para o lado e ficando sozinho, para então iniciar o mês 4.

E de 4 a 12 estão sempre irritados, afinal por conta dessas picuinhas, nunca teremos o dia 44!

Dilbert e o Plano A


(Chefe): Eu vou revisar o seu documento e fazer meus comentários esta tarde.
(Dilbert): Não, você não vai. Você vai ler um parágrafo e então me dizer para pesquisar alguma coisa para que você possa adiar a leitura dele.
(Chefe): Eles sabem sobre o plano "A"

terça-feira, janeiro 03, 2012

2011

E 2011 acabou! Ainda bem...

É. 2011 talvez tenha sido o ano mais difícil da minha vida. Mas ao menos ele acabou muito melhor do que começou e 2012 chega, ao menos para mim, repleto de esperanças e expectativas. Mil coisas tomando formas, mil planos que estavam distantes começam a surgir, como realidade, no horizonte.

Neste blog, no ano passado, me apresentei 55 vezes. Apenas o mês de agosto passou sem nenhum post. Porém, como discuti aqui eu não tenho nenhum orgulho do que consegui fazer deste blog no ano passado. Mas, dada a prioridade que ele tem para mim, nada de muito diferente poderia se esperar.

No ano passado, assisti 51 filmes. O primeiro filme que vi foi Guardiões de Ga'Hoole, de Zack Snyder, no avião, voando de volta do Brasil para Lyon. O último foi O Homem Que Mudou o Jogo (Moneyball), com Brad Pitt.

Os melhores filmes que vi no ano passado foram:

5) Drive
4) O Segredo de Seus Olhos
3) Melancolia
2) Jesus Cristo Superstar
1) Cisne Negro

Mas os seguintes filmes também merecem destaque: Tudo Pelo Poder (com Ryan Gosling e George Clooney), The Artist (com Jean Dujardin),  Namorados para Sempre [Blue Valentine] (com Ryan Gosling), Shame (com Michael Fassbender), Meia Noite em Paris (de Woody Allen), Rede Social (de David Fincher) e Polisse (de Aiwen).

Entre os filmes mais pop, os melhores foram X-Men: First Class e Planeta dos Macacos: A Origem.

Mudando da sétima para a nona arte, os quadrinhos ou, em tradução literal do francês, as bandas desenhadas (bande dessinée ou BD). Li pouco mas foi interessante pois li em outras línguas, o que é sempre desafiador e, ao final, recompensador.

Basicamente, li 3 obras: Nausicäa do Vale do Vento, a mega-saga eco-futurista do gênio Hayao Miyazaki, em inglês. Só essa leitura já me consumiu meio ano entre início e fim! Mas posso dizer que está entre as grandes obras de ficção que já li, rivalizando em vários trechos com O Senhor dos Anéis em termos de riqueza de detalhes da História de um mundo totalmente concebido por seu autor, com seus povos e suas lendas repletos de implicações nas motivações atuais dos personagens. Vale muito a pena!

A outra obra se chama Aya e retrata o cotidiano de uma menina marfinesa, que dá título a BD, que tem ambições maiores que suas amigas que só se preocupam em casar e sair de casa. Lida em um francês repleto de expressões tipicamente marfinesas, foi uma agradável surpresa. Primeiramente, por retratar um universo totalmente adolescente feminino - o que não me é tão atrativo a princípio mas que se mostrou no mínimo curioso. E outra por todos os personagens habitarem uma realidade tão distante quanto a dos anos 80 na Costa do Marfim... estórias baseadas na África e que não girem em torno de suas mazelas, nos permitindo assim um outro olhar para o continente negro, são um alento!

Finalmente, li Pin Ups, BD francesa sobre um desenhista de quadrinhos contratado para escrever uma série de tirinhas para animar os soldados americanos no front de batalha contra os japoneses, durante a segunda grande guerra mundial. Trata-se de um trabalho super divertido, em que cada volume revela um estilo diferente e com muita metalinguagem, pena que os personagens sejam absolutamente unidimensionais... mas ainda assim foi leitura agradável e interessante.

Livros também foram poucos, apenas 3 e meio. Li O Profeta, de Khalil Gibran, durante a semana de viagem a Turquia com minha amada esposa. Todas as noites, alguns trechos foram lidos em voz alta, permitindo que o Profeta dividisse seus ensinamentos comigo e com ela simultaneamente.

Li quase integralmente A Dança do Universo, do astrofísico brasileiro Marcelo Gleiser, durante quase todo o ano, mas geralmente apenas durante deslocamentos em avião, metrôs e tramways. Não foi o suficiente para concluir a leitura mas o foi para ter uma ótima introdução a evolução do nosso conhecimento sobre o universo, desde o inicio da humanidade até a modernidade. Leitura agradável, instrutiva e quase que jornalística. Devo concluir agora no início de 2012, principalmente aumentando minha frequencia no transporte público por conta das aulas que darei em Gerland...

Um Dia, de Dave Nichol, foi uma ótima surpresa, livro simples mas de estrutura muito criativa, acompanhando dois personagens no mesmo dia durante 20 anos de suas vidas, o livro - que virou filme com Anne Hathaway, assistido em 2011! O livro é gostoso, fácil de ler e tem momentos de pura magia, além de saber lidar muito bem com seus personagens e com as expectativas que cria. Recomendo!

E, para encerrar esse registro, li Homem Comum, de Philip Roth. Grande obra, apesar de curta em número de páginas, me levou a profundas reflexões sobre o propósito da minha vida em particular e da existência humana de maneira geral, tudo isso com ideias bastante simples e retratando com singeleza pontos focais na vida de um homem comum, anônimo, que teve uma vida ordinária, como a de qualquer um de nós. O livro tem inicio no funeral do personagem-título e te fisga desde aí, com um capítulo inicial brilhante! Recomendo muitíssimo.

Blog: um diário?

Mais de uma pessoa já me perguntou as razões que me levaram a criar - e a continuar tendo - um blog.

Sei que já respondi a isso de maneiras diferentes. Talvez a explicação que eu mais tenha dado seja a de que é legal manter minhas opiniões registradas. Que isso me ajuda, depois, a resgatar um pouco das experiências culturais pelas quais passei, já que basicamente uso o espaço para registrar músicas que tenham de uma forma ou de outra me marcado ou ainda, aqui e ali, opiniões sobre filmes que assisti ou livros que tenha lido. Ah, e também registrando as tirinhas (Calvin, Dilbert, etc.) que mais tenham me chamado a atenção. Vez ou outra posto também textos mais reflexivos, nas seções Para Todos Nós que Me Habitamos ou Meu Reflexo em um Caco de Vidro.

Mas, se essa é realmente a minha intenção em manter o blog, sinto que falho miseravelmente. O blog em nada, ou em muito pouco, reflete a minha real vivência, minhas experiências. Tornei-me, por vezes, mero tradutor de tirinhas neste espaço. É pouco para ser representativo de mim.

Muitas das coisas cotidianas compartilho no Facebook. Links para videos legais, comentários rápidos sobre filmes que vi, opiniões sobre assuntos do dia-a-dia que tenham ganhado as manchetes. Fotos pessoais também aparecem apenas lá, com exclusividade. Logo, acompanhar a linha do tempo das minhas também breves, mas mais frequentes, interações com o Facebook parece me servir mais a esse propósito de diário do que o Milra, meu blog.

Por outro lado, só aqui, um espaço também público mas que considero mais reservado, já que não tenho interesse algum em divulgá-lo ou em atrair desconhecidos para cá, sinto-me a vontade para me expressar com mais liberdade, abordar assuntos que me são mais caros sem parecer que estou querendo atrair atenção e poder bancar, tranquilo, o intelectualóide que só fala sobre assuntos culturais.

Outro ponto sobre o blog que me levou a reflexões recentes foi o fato de eu jamais ter abordado assuntos profissionais por aqui. Na minha área de atuação, a ciência da computação, é comum as pessoas terem blogs que falam sobre seu trabalho. São notórios os blogs técnicos que abordam temas como linguagens de programação ou engenharia de software, com as pessoas dedicando precioso tempo a elaborar artigos que ajudam - e realmente AJUDAM - outras pessoas a engatinhar nessas tecnologias ou a resolver problemas bem específicos e, por vezes, complexos. No mundo acadêmico, também notei que não é raro encontrar blogs de professores e pesquisadores, divulgando suas linhas de pesquisa e tratando de maneira mais filosófica aspectos de sua pesquisa, falando sobre a beleza da matemática e de seus teoremas ainda em aberto, de seus desafios, de suas abordagens para os problemas.

No caso dos blogs de pessoas da área de engenharia de software, muitas das pessoas viram referências e passam a viver de consultoria técnica e palestras. Torna-se, de fato, uma carreira, a carreira de especialista uma vez que seu conhecimento passa a ser validado por toda uma comunidade de pessoas do mesmo domínio e que sua opinião passa então a ter um peso e valor acima da média.

O curioso é que nessa reflexão sobre isso me senti impelido a também abordar esses temas. Porém nas vezes em que pensei um pouco melhor sempre sentia que esses temas não cabem aqui, no Milra. Não aqui, mas talvez num segundo blog que eu pudesse dedicar a minha vida profissional, tratando temas da minha vida como pesquisador e também sobre o meu lado de desenvolvedor de software. Principalmente agora que vou iniciar cursos e vou ter que preparar aulas e montar exemplos... é provável que eu tenha material disponível e que, novamente, eu possa querer divulgá-lo.

Portanto, mais uma resolução de ano-novo que certamente não deverei cumprir - especialmente por ser um ano já repleto de mil coisas a fazer, dentre elas escrever a minha tese e me mudar de volta ao Brasil: prometo usar mais esse espaço para postar minhas opiniões sobre filmes, HQs, livros, músicas e reflexões sobre a vida e as coisas da vida, em geral. Nada de diário! O meu objetivo aqui é de registrar meus pensamentos e minhas opiniões. E espero fazer isso ao menos semanalmente. O meu compromisso pessoal será de postar ao menos todas as sextas-feiras. Veremos!

A segunda resolução é a de criar um blog irmão do Milra para a minha carreira profissional. Vou começar a pensar num nome para ele...