domingo, dezembro 11, 2011

Dilbert e a atenção do chefe


(Alice): Sério? Você vai ler e-mails enquanto eu reporto minhas atividades?
(Chefe): Não se preocupe. Eu posso fazer múltiplas tarefas simultaneamente.
(Alice): Fazer múltiplas tarefas? Você mal consegue fazer UMA tarefa adequadamente.
(Alice): Tudo o que você está fazendo é duplicando a sua taxa de falhas.
(Alice): Parabéns por se tornar o mais inútil conjunto de carbonos do universo.
(Chefe): Quê? Desculpe, eu perdi o final.
(Alice): Eu disse que meu projeto está dentro do cronograma.
(Chefe): OK. Ótimo!
(Alice): Isso funcionou perfeitamente para mim!

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Brinquedo antigo


O que vale mais? O que preferimos? Um brinquedo novo, que ganhamos em data festiva, saído da caixa ou aquele nosso brinquedo usado, já um pouco surrado, sujo, talvez furado, talvez faltando peças?

Desde cedo passamos por esse processo contínuo de substituir o velho pelo novo. De aguardar, ansiosos, pelo novo brinquedo, cheio de atrativos, cheio de novidades, objeto de desejo que vai atender todos os anseios de diversão, saciar nossa curiosidade, acalmar a crescente necessidade de descoberta.

Os brinquedos antigos, por outro lado, são sobreviventes que conseguiram construir conosco uma relação duradoura. Oferecem a ternura de tantos momentos compartilhados, de tantos sorrisos e aventuras vividos juntos. Oferecem a memória de nossos melhores anos, de instantes mágicos que queremos reviver ao trocar com eles um novo abraço.

Como podemos abandonar quem tanto nos oferece? Como podemos deixá-los em uma caixa escondida ou em uma prateleira empoeirada?

Hoje eu consigo entender melhor a importância dos brinquedos antigos e é com eles que quero dividir meu tempo.

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Dilbert em Paranóia


(Garçom): Você se importaria de preencher esta pesquisa com os clientes para saberemos como você vai?
(Dilbert): Eu não tenho tempo para preencher pesquisas sobre tudo que faço.
(Dilbert): Mas você está me fazendo me sentir culpado por não fazê-lo.
(Dilbert): Oh, não!! Você transformou uma boa experiência em algo horrível.
(Dilbert): Está ficando cada vez pior e eu estou parecendo um idiota na frente da garota com quem sai.
(Dilbert): Agora eu nunca posso voltar neste restaurante com medo do que você possa fazer com minha comida.
(Dilbert): Você arruinou meu restaurante favorito e também as chances de romance que eu tinha com essa mulher.
(Garçom, anotando): "restaurante favorito"
(Mulher): O que você vai fazer depois?

segunda-feira, novembro 21, 2011

Versos do dia: Florindo (Mariana Aydar)

"Que bom ver você florindo
Desperta, cheia de luz e de verdade
Deixa fugir do seu peito
Essas marcas de um passado que só vão te magoar..."

sexta-feira, outubro 21, 2011

Para que serve o conhecimento se as decisões não forem baseadas também neles?


(Dilbert): Você leu meus comentários sobre as 2 alternativas?
(Chefe): Não.
(Dilbert): Eu recomendei a opção 2 porque nenhum plano vai funcionar mas a opção 1 era muito mais cara.
(Chefe): Eu já aprovei a opção 1.
(Dilbert): Se precisar de mais ajuda, me avise.

segunda-feira, outubro 17, 2011

Dilbert: Sobre desperdício de tempo


(Dilbert): Eu estimei o cronograma do projeto assumindo que todos os envolvidos vão perder uma semana.
(Chefe): Mas essa é uma maneira estúpida de fazer um cronograma. Agende uma reunião e eu vou te mostrar como se faz.
(Secretária do Chefe): Ele estará disponível em uma semana.

sexta-feira, outubro 14, 2011

Dilbert e a descoberta...


(Dilbert): O meu cérebro não está funcionando em sua plena eficiência nesta tarde.
(Dilbert): O senso comum diz que eu deveria ir para casa para evitar fazer erros que possam prejudicar a empresa.
(Dilbert): A não ser que... nada do que eu faça... seja importante.
(Chefe): Parece que o seu cérebro voltou a sua plena eficiência.

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E o pior é que me sinto assim, com uma frequencia maior do que eu gostaria de admitir!

terça-feira, outubro 11, 2011

Boa comunicação, algo essencial e negligenciado...


(Dilbert): Eu comecei uma força tarefa para eliminar redundâncias em nossos processos internos.
(Colega): Sério? Eu estou fazendo a mesma coisa!
(Todos): ....

domingo, outubro 09, 2011

Como pessoas se atraem umas pelas outras!?!?


(Calvin): Mãe!!!
(Mãe): O que foi!?
(Calvin): Como coisas feias como polvos e insetos peludos reproduzem? Eles se atraidos uns pelos outros, de verdade?
(Mãe): São 3 da manhã!!! Vá dormir!!
(Calvin): Pensando bem, eu não entendo como pessoas se atraem umas pelas outras.
(Hobbes): Aposto que é por isso que elas fecham os olhos quando se beijam.

sexta-feira, setembro 09, 2011

Sobre as novas relações humanas...


(Dogbert): Nosso novo produto será uma rede social para pessoas que serem ser amigos de fantasmas.
(Dogbert): Nós vamos postar fotos de satélite em cada um dos perfis dos fantasmas e dizer que foram tiradas no paraíso.
... um tempo depois...
(Ele): Abraham Lincoln colocou fotos novas.
(Ela): Eu estou teclando com Gandhi!

terça-feira, setembro 06, 2011

Diálogo brilhante sobre proativade em ambiente com excesso de gerenciamento

(Chefe): Você precisa ser mais proativo.
(Dilbert): Eu só vou parecer proativo se você parar de me dizer para fazer as coisas que eu já tinha planejado fazer.
(Chefe): E como eu posso saber o que você planeja fazer?
(Dilbert): Eu poderia te mandar um e-mail toda vez que eu tiver uma ideia.
(Chefe): Eu não tenho tempo para isso!
(Dilbert): Aparentemente, seu mau gerenciamento de tempo está criando a ilusão de que eu não sou proativo.
(Dilbert): Eu vou tomar a liberdade de atribuir a você um tempo para uma aula de gerenciamento.
(Chefe): Não faça isso!
(Dilbert): Então... eu não devo ser proativo?
(Chefe): Só faça o que eu quero antes que eu saiba que quero.
(Dilbert): Eu espero que a próxima coisa que você queira seja sarcasmo.

segunda-feira, setembro 05, 2011

Reuniões... já tentei falar em várias delas


(Colega): bla, bla, bla, bla...
(Dilbert): Mmmm.... posso fazer uma pergunta?
(Colega): bla, bla, bla, bla...
(Dilbert): Eu estou pedindo, posso perguntar...
(Chefe): Você precisa participar mais nas reuniões!
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E o gozado é que, muitas vezes, é com os próprios chefes que temos que disputar o espaço para poder se expressar um pouquinho... :-)

quinta-feira, setembro 01, 2011

Espaço aberto é bom?


(Chefe): A companhia está considerando mudar de cubículos para um ambiente com espaço aberto.
(Dilbert): Ótima idéia. Podemos adicionar também bebês chorando e o som de água pingando?
(Chefe): Você está sendo estúpido!
(Dilbert): Talvez eu fique mais esperto quando tiver mais distrações!

segunda-feira, julho 25, 2011

Gerenciamento x Caos

(Chefe): Prepare um novo servidor para substituir aquele com o sistema operacional corrompido.
(Dilbert): Isso é o que eu estou fazendo agora.
(Chefe): Recupere os dados do servidor antigo e coloque-os no novo.
(Dilbert): Esse é exatamente o ponto!
(Chefe): Depois veja se consegue reinstalar o sistema operacional no antigo e colocá-lo no ar novamente.
(Dilbert): Você tem alguma instrução que não seja cegamente óbvia?!
(Chefe): Isso é chamado gerenciamento. A alternativa é o caos.
(Dilbert): Como foi que você fez para que caos soasse como algo bom?
(Chefe): Você tem que testar o novo servidor.
(Dilbert): Sério, não dá para tentar o esquema do caos?

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As vezes também funciona trocando o chefe pela esposa e a instalação de um servidor por alguma tarefa doméstica. :-)

quinta-feira, julho 21, 2011

Guerras, segundo Calvin...


(Calvin)- Pai, como soldados matando uns aos outrosresolve os problemas do mundo?
(Pai)- ??
(Calvin)- ?!?
(Calvin)- Eu acho que adultos apenas agem como se soubessem o que estão fazendo.

segunda-feira, julho 18, 2011

E assim vivemos o capitalismo... os fins justificam os meios?

(Chefe): Eu tenho uma reunião para discutir orçamento amanhã com o diretor financeiro.
(Chefe): Eu vou competir com todos os outros departamentos por preciosos dólares de orçamento.
(Chefe): Isso não vai ser fácil pois todos os outros departamentos estão recheados com mentirosos profissionais.
(Dilbert): Isso é um tanto exagerado, você não acha?
(Chefe): E como você chamaria o departamento de Marketing?
(Dilbert): OK, nessa você está certo.
(Chefe): Vendas?
(Dilbert): Certo, mas...
(Chefe): Relações Públicas?
(Dilbert): Bem, sim...
(Chefe): Financeiro?
(Dilbert): É, eu tinha esquecido deste...
(Chefe): Jurídico?
(Dilbert): Uau!!
(Chefe): Faça o próximo você mesmo,
(Dilbert): Que tal Recursos Huma.. ok, você venceu!

sexta-feira, julho 08, 2011

Plot twist


(Psicologo): Veja, Sr. Hobbes, ele não é nada mais do que um boneco... você estava só imaginando esse garoto Calvin o tempo todo!
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Por vezes nos acostumamos com a realidade como ela parece ser aos nossos olhos. E, às vezes, nos surpreendemos ao olhar novamente para ela, com outra perspectiva, com mais informações do que antes e passar a notar que tudo pode ser visto de forma diferente.

E isso é ainda mais intrigante quando percebemos que não nos entendemos como achávamos que nos entendíamos. Quando vemos coisas que antes se ocultavam e que elas mudam sua percepção de si. Por vezes, precisamos de ajuda para passar a enxergar as coisas de outra forma. Pessoas próximas, meros desconhecidos, situações, reações... são vários os possíveis agentes que habilitam essa percepção.

No meu caso, (re-)descobri meu egoísmo. Não, não era novidade para mim que eu sou egoísta. Na verdade, eu sei disso há tempos e até defendo que todos sejamos ao menos um pouco egoístas. Faz bem e é necessário, na dose certa, zelar por seus interesses e até seus caprichos. Mas o que notei foi o quão caro tem sido para mim manter o egoísmo como meu amigo mais íntimo, capaz de receber todos os meus mimos, sem qualquer limite e sempre com atenção especial.

E isso não pode ser bom... foi com ajuda que notei o desequilibrio e é com ajuda que espero mudar.

segunda-feira, maio 30, 2011

Versos do dia: Retrovisor

Retrovisor

Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário
Letras, lados, lestes
O relógio de pulso pula de uma mão para outra
E na verdade nada muda
O menino que me pediu R$0,10
É um homem de idade no meu retrovisor
A menina debruçando favores toda suja
É mãe de filhos que não conhece
Vende-os por açúcar, prendas de quermece
A placa do carro da frente
Se inverte quando passo por ele
E nesse tráfego acelero o que posso
Acho que não ultrapasso
E quando o faço nem noto
Outras flores e carros surgem no meu retrovisor
Retrovisor é passado, é de vez em quando do meu lado
Nunca é na frente
É o segundo mais tarde, próximo, seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu
Retrovisor nos mostra o que ficou
O que partiu, o que agora só ficou no pensamento
Retrovisor é mesmice em trânsito lento
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi
Calçadas e avenidas
Deixa explícito que se for pra frente
Coisas ficarão pra trás
A gente só nunca sabe que coisas são essas

Dilbert e a visão financeira do gerenciamento


(Chefe): Nós precisamos aprender a fazer mais com menos.
(Dilbert): Menos reuniões?
(Chefe): Não, precisaremos de mais reuniões para descobrir como fazer mais com menos.
(Alice): Menos micro-gerenciamento?
(Chefe): Não, eu vou ter que observá-los ainda mais de perto para me assegurar que vocês estão fazendo mais com menos.
(Chefe): Estuo falando sobre usar menos dinheiro!
(Alice): Ah, como uma espiral da morte. Por que não dizer isso logo de cara?
(Alice): É como se você estivesse falando mais para dizer menos.
(Dilbert): Devemos ser mais parecidos com você ou menos?

quinta-feira, maio 26, 2011

Dilbert e o que não fazer com o "tempo livre"


(Dilbert)- Pode parecer que eu estou em um trabalho sem futuro, mas eu estou desenvolvendo uma aplicação no meu tempo livre.
(Garota)- Toma aqui um bilhete da loteria. Acabei de dobrar suas chances de sucesso.
(Garota)- Eu comprei dois bilhetes para mim para que eu não tenha que desenvolver uma aplicação.

terça-feira, abril 19, 2011

Calvin filosofando sobre 42...


(Calvin): Digamos que a vida é esse quadrado na calçada. Nós nascemos naquela rachadura e nós morremos naquela outra ali.
(Calvin): Agora nós nos encontramos dentro do quadrado e no processo de andar para fora dele. De repente nós percebemos que o nosso tempo aqui é efêmero.
(Calvin): Seria nossa rápida experiência aqui sem sentido? Será que algo que a gente diz ou faz realmente importa? Fizemos algo importante? Fomos felizes? Fizemos o máximo desses poucos passos?

domingo, abril 10, 2011

Los Hermanos: Amarante x Camelo

Los Hermanos é uma banda única. Apesar de guardar semelhanças com diversas outras. Musicalmente e em termos de trajetórias há interessantes relações com os Beatles, o que nunca é ruim.

Final da década de 90 e Anna Júlia, o seu maior hit e quase sinônimo da banda para todos os que não a admiram, tocava incessantemente nas rádios e em todos os programas de TV. O clipe com a bela Mariana Ximenes era exaustivamente repetido na MTV. Parecia mais um daqueles fenômenos de banda de um hit. E, de certa forma, era. Um trabalho de produtor, uma música de trabalho grudenta, pegajosa até, mas muito bem concebida, simples, um sucesso. Tanto que o ex-Beatle George Harrison a regravou.

Consigo até imaginar os bons músicos e letristas da banda discutindo com o produtor do primeiro álbum e após toda a repercussão, promessa de sucesso cumprida, shows e mais shows agendados e um público sedento por uma canção. E o resto do concerto? Bem, quando se olha para as demais músicas do primeiro álbum até encontra-se outras músicas "de trabalho" (Primavera, por exemplo), mas também há o lado mais experimental e conceitual que viria a caracterizar as composições da banda (Pierrot, Azedume).

Rótulos servem para essas ocasiões e muitos deixaram de considerar Los Hermanos como uma banda que pudesse trazer algo de bom. Anna Júlia era comercial demais para que o público indie, cult pudesse voltar a dar uma chance à banda. E conheço vários amigos que, como comigo, deixaram esse preconceito atrasar consideravelmente a verdadeira descoberta da banda.

Pois com o segundo álbum, O Bloco do Eu Sozinho, o grito de independência estava dado. Um álbum que namorava a MPB, tendência reforçada dai por diante, e no qual ficava muito clara a divisão criativa que é a força maior da banda. Seus dois compositores, Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, dividiam várias das composições do álbum, alternando os vocais e, de certa forma, os estilos. A voz rouca e ritmada de Amarante e a voz mais suave e as vezes falha de Camelo, mas apoiadas por letras impactantes. Apenas para forçar a comparação, as diferenças entre McCartney e Lennon também foram a força motriz por trás dos Beatles, empurrando-os para sempre desafiar limites, impondo um nível de qualidade altíssimo às suas composições.

Acredito que essa dualidade foi essencial para que Bloco do Eu Sozinho fosse um álbum exemplar. Completamente diferente do primeiro, sem nenhum hit avassalador como Anna Júlia, serviu para reposicionar a banda no cenário musical brasileiro. De "banda da Anna Júlia" passou a ser uma banda "intelectualizada", que misturava rock com MPB, músicas conceituais e letras acima da média. E isso, também, cria seus preconceitos. Muitos críticos musicais passaram a classificá-la como "pretensiosa" e "chata".

O primeiro álbum, marcado por Anna Júlia, pode ser considerado um trabalho em que Camelo prevaleceu. Apesar de uma certa divisão de bons resultados no segundo álbum, Amarante pode ser considerado o "vencedor" já que Sentimental é composição sua e é destacadamente a melhor do álbum. A Flor, música cantada em duo, é outro ponto alto.

Mas Camelo dá um verdadeiro baile na obra-prima da banda: Ventura. O álbum é perfeito com todas as músicas com sua razão de ser, devidamente encadeadas, letras bem encaixadas, MPB e rock em perfeita sintonia. É fato que Amarante emplacou "Último Romance", que está entre as melhores do álbum, mas Camelo conseguiu compor uma santíssima-trindade do Los Hermanos: O Vencedor, De Onde vem a Calma? e Cara Estranho. E isso por que Tá Bom e Além do Que se Vê são também excelentes.

Com o placar favorável, Camelo não sabia o que o esperava para o quarto - e até agora último - álbum da banda, batizado Quatro. É o caso contrário de Ventura. O álbum é difícil, demorou para cair no meu gosto - que esperava algo próximo do trabalho apresentado anteriormente. Aqui não há mais rock, temos apenas MPB. As canções de Amarante se destacam, como O Vento e Condicional. Camelo aparece com Fez-se Mar, o seu melhor trabalho neste álbum. Mas a vantagem de Amarante é tão acachapante que, talvez devido a isso, a banda resolveu dar um tempo. Aqui um outro paralelo com os Beatles, que decidiram parar no auge de seu sucesso justamente por não mais conseguir conciliar as diferenças criativas entre suas duas balizas.

Sem mais shows e rotinas de gravação, Amarante foi para os EUA encontrar-se com o brasileiro Fabrizio Moretti dos Strokes e formar o Little Joy. Era um trabalho diferente do exercido nos Los Hermanos em qualquer fase. A criatividade e a vontade de inovar ainda eram fortes.

Já Camelo seguiu o caminho óbvio, lançando-se em carreira solo e dando continuidade à sua guinada para a MPB. Nós (ou Sou), seu primeiro álbum, tem algumas boas músicas mas parece um rescaldo do Quatro. A música de trabalho, Janta, é interessante e foi cantada com o seu affair Mallu Magalhães, à época com 15 anos (ou algo assim).

Até que ponto existia mesmo essa rivalidade entre eles? Até que ponto essa era a receita para a inovação, a criatividade e a qualidade da musicalidade da banda? Eu acredito que a rivalidade existia e era, sim, essencial. Às vezes a motivação que precisamos para fazer algo muito bem é justamente mostrarmos a alguém que podemos ser tão bons quanto eles... e assim, nos superamos.

O Los Hermanos está voltando do seu "recesso". Ir a um show deles é algo que quero fazer enquanto for possível. Amarante e Camelo juntos, hermanos, no mesmo palco, rivalizando-se e proporcionando aos seus fãs o deleite de apreciar grandes canções.

sábado, abril 09, 2011

Calvin ensinando a viver bem...


(Calvin)- Sabe o que eu percebi, Hobbes? As coisas não te perturbam se você não pensa nelas.
(Calvin)- Então de agora em diante eu simplesmente não vou pensar em nada que eu não goste, e eu vou ser feliz o tempo todo!
(Hobbes)- Você não acha essa uma maneira irresponsável e patética de se viver?
(Calvin)- Ah, que bela tarde!

Versos do dia: O Vento (Los Hermanos)



Posso ouvir o vento passar,
assistir à onda bater,
mas o estrago que faz
a vida é curta pra ver...
Eu pensei..
Que quando eu morrer
vou acordar para o tempo
e para o tempo parar:
Um século, um mês,
três vidas e mais
um passo pra trás?
Por que será?
... Vou pensar.

(...)

Se a gente já não sabe mais
rir um do outro meu bem então
o que resta é chorar e talvez,
se tem que durar,
vem renascido o amor
bento de lágrimas.


Um século, três,
se as vidas atrás
são parte de nós.
E como será?
O vento vai dizer
lento o que virá,
e se chover demais,
a gente vai saber,
claro de um trovão,
se alguém depois
sorrir em paz.
Só de encontrar...

quinta-feira, abril 07, 2011

Sobre a motivação


Deve-se conhecer a meta antes do percurso. Para quem não sabe seu destino qualquer lugar é satisfatório? Imobilidade é uma solução ou sem movimento não se chega a lugar algum? Por que nos levantamos de manhã?

É gozado que eu esteja escrevendo mais no blog ultimamente visto que a curva de minha motivação tem a assíntota horizontal no eixo X. Legendas? Sim, no limite, a minha motivação tende a zero. Já não quero mais trabalhar, o apetite inexiste, a ansiedade consome e, de certa maneira, o pavor do porvir se apodera. Afinal, a vida segue ainda que eu imóvel. No máximo posso controlar a velocidade... ela segue mais lentamente quando recuo.

O corpo demonstra sinais claros de esgotamento. Nas últimas semanas, poucas horas de sono. Ontem palpitações. Dissabores levam o corpo a tremores. O travesseiro se deformou com o peso exercido pelos pensamentos.

Motivação é provocar ações, como diz a imagem exposta acima. Ações provocam reações. E essas não controlamos. E controlamos o resultado das inações, por acaso?

Em filmes o herói é confrontado, em uma roda, por vários inimigos que, docilmente, vem um a um confrontá-lo e, esperadamente, são um a um derrubados por golpes certeiros, infalíveis. O que aconteceria caso tentassem atacá-lo ao mesmo tempo e por que não o fazem?

Não, o equilíbrio do herói assim não permite. Ele encara um desafio por vez, olha diretamente no olho do inimigo, reconhece-o, ganha o seu respeito e utiliza-se de sabedoria, não só de força, para vencê-lo.

Não sou herói de filmes de ação mas também não quero ser vilão de um filme sem ação. Não quero estar jogado ao solo enquanto todos os inimigos me pisoteiam, socam, chutam, batem. Nesta situação até mesmo pequenos adversários sentem-se confiantes para aproximarem-se, chutar meus olhos, cegar-me, atirar areia em meu rosto.

Sei que se erguer um pouco a cabeça conseguirei identificar esses adversários minúsculos e, de pronto, empurrá-los para longe para, assim, com mais fôlego, ao menos ajoelhar-me a fim de receber os demais golpes com mais dignidade, olhando nos olhos do inimigo. Até ganhar forças para, novamente de pé, tentar impedir os golpes e quem sabe contragolpear. Poderia também fugir mas não há paz sem guerra. Tal qual o esquilo preparando-se para o inverno, precisarei quebrar meus problemas em pequenos lutadores contra quem eu possa preparar-me para enfrentar.

Tudo isso é possível caso a meta seja conhecida. Para usar uma frase clichê, toda jornada começa com o primeiro passo. E, no meu caso, o primeiro passo é reencontrar a motivação. Motivação para encontrar soluções onde hoje, por vezes, não consigo sequer me expressar. Motivação para encontrar a paz onde hoje sinto-me incapaz. Motivação para redescobrir o novo onde hoje não passo de consolo.

A pergunta que ainda não sei responder é se é possível motivar-se com suas obrigações, com regras impostas, com artificialidades? Como encontrar ânimo para fazer algo que só está sendo feito por que assim foi determinado? Como encontrar energia para impor o seu eu quando ele inexiste mesmo em você? Como encontrar alegria ao conviver com reações previsíveis, artificiais e caricatas? Como agradar sem ser autêntico? Qual o valor disso?

Espero escrever em um futuro próximo um novo texto sobre motivação que seja recheado de respostas ao contrário deste em que prevalecem as perguntas. Se assim for é porque motivado estarei.

Versos do dia: Ando Só (Engenheiros do Hawaii)



ando só
pois só eu sei
pra onde ir
por onde andei
ando só
nem sei por que
não me pergunte
o que eu não sei

pergunte ao pó
desça o porão
siga aquele carro
ou as pegadas que eu deixei
pergunte ao pó
por onde andei
há um mapa dos meus passos
nos pedaços que eu deixei

desate o nó
que te prendeu
a uma pessoa que nunca te mereceu
desate o nó
que nos uniu
num desatino
um desafio

ando só
como um pássaro voando
ando só
como se voasse em bando
ando só
pois só eu sei andar
sem saber até quando
ando só

quarta-feira, abril 06, 2011

Versos do dia: White Stripes (Little Acorns)



Depois de livros e filmes de auto-ajuda chegou a vez das músicas de auto-ajuda!

Little Acorns é um rockão de primeira... mas também é a inauguração desse novo filão... começa com uma narração de como a superação pode vir da observação da natureza (um esquilo estocando nozes para o inverno que se aproxima) e continua a pegada rocker com o refrão "faça como o esquilo, garota!". Sensacional é pouco... chega a ser estupendo.

E os versos do dia são:
Take all your problems... and rip 'em apart
And another thing that you should know from the start
the problems in hand are lighter than at heart

terça-feira, abril 05, 2011

Up In the Air/Amor sem Escalas/Nas Nuvens

Recentemente eu reassisti Amor Sem Escalas e o filme passou muito bem pela revisita. Aviso: os comentários a seguir relatam detalhes da estória.

A propósito, o título brasileiro vende a estória como uma comédia romântica e até contradiz a narrativa apresentada na película, pois se há um amor que nasce isso se dá após várias escalas e se há esse novo sentimento surgindo no personagem Ryan Bingham (George Clooney) não é, acredito eu, amor por alguém mas por um conceito.

Falando em títulos e traduções, cabe dizer que a versão que assisti - download ilegal - é a portuguesa. Lá na terrinha, o filme foi batizado de "Nas Nuvens", o que é um título mais adequado mas remete, ao menos para mim, mais a uma alienação do que ao fato do personagem ter suas convicções sobre a vida, ainda que questionáveis no quesito humano e de interações mais intensas.

Finalmente, tomemos então o título original: No ar (Up in the Air). Simples assim, o título me remete a uma sensação de leveza, de "levitação". E, no contexto do filme, isso me leva às palestras "motivacionais" perpetradas por Bingham no decorrer do filme. Nessas palestras Bingham pede para a audiência encher uma mochila imaginária inicialmente com coisas materiais de nosso cotidiano, inicialmente coisas pequenas chegando até itens como carros e casas... e, num segundo momento, adicionando também pessoas à mochila. Depois, ironicamente, ele pede para que ao sentirmos todo o peso da mochila, tentemos dar um passo. A idéia é de que a felicidade está no movimento e de que ao nos apegarmos a coisas e pessoas impedimos que esse movimento se dê com a facilidade que deveria.
 
No fundo, acredito que esse é o verdadeiro tema do filme, a transformação do personagem de mochila vazia, alguém alheio a contatos, compromissos, interações mais profundas, em alguém que quer dividir sua vida, partilhar seus momentos e suas conquistas, viver em família. Uma mudança de conceito.

E essa é basicamente a estória que assistimos. Bingham apresenta o ar (avião) e os aeroportos como sendo sua casa. Apresenta também seus sonhos e suas metas frias, numéricas, vazias. E no decorrer do filme, acompanhamos as modificações em sua visão de mundo causadas por suas interações com a jovem, idealista e entusiasmante Nathalie (talvez a melhor personagem do filme), sua paixão por sua versão feminina, a mulher perfeita para alguém como ele, Alex e o seu envolvimento com sua família em uma tímida e involuntária participação no casamento da irmã. E como isso tudo, somado, aos poucos vai trazendo-o de volta ao chão, de maneira cada vez mais permanente. E o chão, neste caso, simbolizando apenas e tão somente o oposto do ar que o caracterizava ao princípio.

Portanto, neste leitura, não é a toa que ao ser forçado a montar base em uma única cidade (não mais voar... como sempre ameaça seu patrão) ele já não mais seja capaz de proferir o discurso sobre a mochila vazia. Agora a transformação está completa e ele não consegue mais se ver sem a família reconquistada, sem a busca de alguém com quem viver, sem se envolver e valorizar aqueles que são capazes de se envolverem. 

Filosofando um pouco, até consigo entender o final de certa forma pessimista para o personagem central. Após uma vida de desinteresse pelos outros - como representar isso melhor do que dando ao personagem a profissão de alguém que trabalha demitindo pessoas? - fazia todo o sentido que ele não conseguisse uma guinada de 180 graus tão rapidamente, apenas por que assim decidiu. Não, certos esforços precisam de tempo para que a recompensa venha e o grande mérito de Bingham é notar que sua mochila não pode ficar vazia para sempre, que movimento contínuo pode não ser a melhor resposta, que existem coisas a se valorizar um pouco além do materialismo frio e da vida livre para todas as oportunidades. Por vezes, temos sim que colocar coisas em nossas mochilas e zelarmos por elas. E mantermo-nos alertas para que, caso o peso comece a nos fazer tombar, tenhamos a sabedoria de novamente esvaziarmos a mochila para seguirmos avançando. A vida não precisa ser vivida com uma mochila vazia mas sim com uma mochila confortável, que nos faça bem.

domingo, abril 03, 2011

Biomas

Bati essa foto em Toulouse. Era uma quinta-feira, 31/03. Era o último dia do mês. E foi o início de uma nova percepção que se apossou de mim. Um novo olhar para coisas já vistas, já cansadas, por vezes até mesmo desgastadas.

Nunca fui uma pessoa voltada para a natureza. No velho debate campo x cidade me considero um urbanista. E as árvores, fáceis de achar uma vez que paradas no chão, citando o mestre Antunes, nunca me despertaram nenhum interesse em especial. Cresci sobre elas, apanhei vários de seus frutos durante a infância e é inevitável pensar em uma aconchegante rede quando observo duas árvores com a distância adequada e troncos suficientemente fortes. Fora isso elas passavam, ou ficavam, por mim despercebidas.

Mas, em Toulouse, escapando para tomar um ar durante um dia de apresentações de trabalhos científicos em uma unidade do Centro Nacional de Pesquisa em Agronomia (INRA), uma visão prosaica, corriqueira, como a da foto acima, tocou-me de maneira especial. Detive-me por alguns minutos a observar a composição da cena, os pequenos arbustos, a trepadeira sobrevivendo sobre o tronco, o solo rico e provendo nutrientes não só para as plantas mas para vários pequenos insetos e outros animais, passáros cantando e pousando sobre essa e outras árvores ao redor, formigas que habitam a pequena castanha que tenho à mão. E a beleza de cada uma dessas coisas e da interação entre elas me mudaram.

Talvez o que tenha me afetado de maneira mais profunda tenha sido enxergar a interdependência e o respeito entre esses seres. E a harmonia que as regras da vida soube impor.

Dois dias depois estava jantando na casa de um amigo, celebrando o aniversário de sua esposa. Primavera chegou, momento de exibir, satisfeito, as diversas variedades de plantas em seus vasinhos, na sacada. Pequenas plantas que após o mortal inverno ressuscitam como que dotadas de uma alma de fênix. Cada pequena nova flor, folha ou ainda apenas uma pontinha mais verde do que o restante do caule era mostrado por meu amigo com um orgulho de pai.

E é gozado pensarmos em como nos relacionamos diferentemente com pessoas (ou animais) e com as plantas. Para elas podemos interagir nos dando. Damos atenção, damos carinho, adubamos, esperamos sempre pelo melhor, pelo crescimento, para que sobreviva, cresça feliz e saudável. E depois observamos. E a resposta que temos não é imediata. Não se pode ser ansioso para se apreciar uma relação assim, temos que dar e depois observar. E, satisfeitos como pais, nos orgulhar quando nossos pequenos brotos desabrocham, saltam para a vida, reverdejam. E assim também deveria ser com nossos amigos, com nossos amores. Darmos, esperarmos e observarmos. Pois também com nossos relacionamentos vivemos em um bioma em que a interdependência e o respeito deveriam ser a receita para a harmonia.

Passei a respeitar muito mais quem se dedica a criar plantas. Seja no inverno ou em qualquer uma das estações.

Versos do dia: Moska em dose dupla.

Hoje foi um dia de ouvir Paulinho Moska. Na verdade... isso até começou ontem.

E foi difícil escolher qual canção iria ilustrar essa seção do blog para representar esse momento. Indecisão por indecisão, decidi não decidir. A Seta e o Alvo e Meu Pensamento Não Quer Pensar compõem, juntas, os versos do dia.



Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.

Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.

Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.



Meu pensamento não quer pensar
ele está com preguiça de se levantar
Depois de um sono tão profundo
é duro acordar e ver que no mundo
tudo é novidade, mas eu já conheço
Então volto a dormir que é pra ver
se me esqueço

Que meu pensamento não quer pensar
e para apreender eu vou ter que apanhar
pois só assim que o ser humano evolui
Só assim serei o que nunca fui
Tudo é tão velho e eu ainda nem nasci
O tempo nunca passou e eu nem percebi

Que o meu pensamento não vai pensar
enquanto eu não fizer seu coração vomitar
toda a consciência que não o deixa em paz
com os mesmos padrões de séculos atrás
com as mesmas paixões por coisas
absolutamente banais.

quarta-feira, março 30, 2011

Versos do dia (Arnaldão é foda!!): A Casa é Sua!



Não me falta cadeira
Não me falta sofá
Só falta você sentada na sala
Só falta você estar

Não me falta parede
E nela uma porta pra você entrar
Não me falta tapete
Só falta o seu pé descalço pra pisar

Não me falta cama
Só falta você deitar
Não me falta o sol da manhã
Só falta você acordar

Pras janelas se abrirem pra mim
E o vento brincar no quintal
Embalando as flores do jardim
Balançando as cores no varal

A casa é sua
Por que não chega agora?
Até o teto tá de ponta-cabeça
Porque você demora

A casa é sua
Por que não chega logo?
Nem o prego aguenta mais
O peso desse relógio

(...)

Não me falta casa
Só falta ela ser um lar
Não me falta o tempo que passa
Só não dá mais para tanto esperar

Para os pássaros voltarem a cantar
E a nuvem desenhar um coração flechado
Para o chão voltar a se deitar
E a chuva batucar no telhado

A casa é sua
Por que não chega agora?
Até o teto tá de ponta-cabeça
Porque você demora

A casa é sua
Por que não chega logo?
Nem o prego aguenta mais
O peso desse relógio

segunda-feira, março 28, 2011

Mais uma lição sobre como não fazer nada...


(Mulher)- Wally, você pode revisar isso para tentar encontrar problemas no projeto?
(Wally)- Que problemas você acha que tem?
(Mulher)- Eu não sei, eu não sou engenheira.
(Wally)- Seu pedido é muito vago. Você precisa me dizer quais problemas eu devo procurar.
(Mulher)- Você acabou de pedir a mim o que eu acabara de pedir a você?
(Wally)- Eu não sei. Eu sou um engenheiro, não um linguista.
(Mulher)- De repente eu perdi toda a fé na humanidade.
(Wally)- Veja pelo lado positivo, você acabou de encontrar um problema.

sábado, março 26, 2011

Versos (de amor e ódio) do dia! Que música mais linda...

Estava aqui, em casa, trabalhando um pouco, vagabundeando outro pouco e, como sempre, fazendo tudo isso com fundo musical...

Ultimamente o fundo tem sido povoado apenas e tão somente por três artistas. Arnaldo Antunes (acho que isso já está claro pelos últimos versos do dia em que ele é onipresente), Céu (meu Deus, meu Deus!!) e Roberta Sá, que também fez sua devida aparição nos versos do dia, dia desses, com suas Cicatrizes.

E não há de ver que mesmo sem variar a lista, uma música que já havia sido ouvida várias vezes nos últimos meses me tocou de forma diferente hoje? É gozado como isso acontece, quando ao invés de simplesmente ouvir nos conectamos à canção e ela realça seus significados e, tal qual um cataclisma, nos deixa inertes, entregues e, por que não, satisfeitos.

E foi assim com "Samba de Amor e Ódio", meu novo hino momentâneo. É impressionante o quanto de significado para meus momentos consegui extrair dessa canção, o quanto uma "lição" que insiste em ser dita e repetida passou a fazer mais sentido apenas por que agora dita com puro sentimento, pela voz delicada e possante de Sá. Erra quem sonha com a paz mas sem a guerra. Não há amor sem que uma hora o ódio venha. Mas bendito seja este ódio que serve para manter a intensidade e o vigor do amor. Mais ainda, o mais importante, temos que saber fazer para que seja ele, o amor, a prevalecer. Genial, tocante e emocionante.



Não há abrigo contra o mal
Nem sequer a ilha idílica na qual
A mulher e o homem vivam afinal
Qual se quer
Tão só de amor num canto qualquer.

Erra quem sonha com a paz
Mas sem a guerra
O céu existe pois existe a terra
Assim também nessa vida real
Não há o bem sem o mal.

Nem amor sem que uma hora
O ódio venha
Bendito ódio
Ódio que mantém a intensidade do amor
Seu ardor, a densidade do amor, seu vigor
E a outra face do amor vem a flor
Na flor que nasce do amor.

Porém há que saber fazer sem opor
O bem ao mal prevalecer
E o amor ao ódio incerto em nosso ser se impor
E a dor que acerta o prazer sobrepor
E ao frio que nos faz sofrer o calor
E a guerra enfim a paz vencer.

Erra quem sonha com a paz
Mas sem a guerra
O céu existe pois existe a terra
Assim também nessa vida real
Não há o bem sem o mal.

Nem amor sem que uma hora
O ódio venha
Bendito ódio
Ódio que mantém a intensidade do amor
Seu ardor, a densidade do amor, seu vigor
E a outra face do amor vem à flor
Na flor que nasce do amor.

Na flor que nasce do amor...
Na flor que nasce do amor...
Na flor que nasce do amor...

sexta-feira, março 25, 2011

Versos do dia (com atraso de uns 5...): 2 Perdidos

De um ponto de vista mais Madame Misty, Arnaldão continua genial...



Quando eu quis você
Você não me quis
Quando eu fui feliz
Você foi ruim
Quando foi afim
Não soube se dar
Eu estava lá mas você não viu

Tá fazendo frio nesse lugar
Onde eu já não caibo mais
Onde eu já não caibo mais
Onde eu já não caibo mais
Onde eu já não caibo em mim

Quando eu quis você
Você desprezou
Quando se acabou
Quis voltar atrás
Quando eu fui falar
Minha voz falhou
Tudo se apagou você não me viu

Tá fazendo frio nesse lugar
Onde eu já não caibo mais
Onde eu já não caibo mais
Onde eu já não caibo mais
Onde eu já não caibo em mim

Mas se eu já me perdi
Como vou me perder
Se eu já me perdi
Quando perdi você

Mas se eu já te perdi
Como vou me perder
Se eu já me perdi
Quando perdi você

quinta-feira, março 24, 2011

Versos do dia (com atraso de uns 3...): Grão de Amor (Arnaldo Antunes)



Me deixe sim
Mas só se for
Pra ir ali
E pra voltar

Me deixe sim
Meu grão de amor
Mas nunca deixe
De me amar

Agora as noites são tão longas
No escuro eu penso em te encontrar
Me deixe só
Até a hora de voltar

Me esqueça sim
Pra não sofrer
Pra não chorar
Pra não sentir

Me esqueça sim
Que eu quero ver
Você tentar
Sem conseguir

A cama agora está tão fria
Ainda sinto seu calor
Me esqueça sim
Mas nunca esqueça o meu amor

É só você que vem
No meu cantar meu bem
É só pensar que vem
Láia laia

Me cobre mil telefonemas
Depois me cubra de paixão
Me pegue bem
Misture alma e coração

terça-feira, março 22, 2011

Ação e Reação

Segundo a terceira lei da Física proposta por Newton, toda ação provoca uma reação de igual intensidade, mesma direção e em sentido contrário.

Baseados nesta lei aprendemos até mesmo a calcular as tais intensidades, direções e sentidos de uma reação, conhecendo os mesmos parâmetros de uma dada ação.

Nos relacionamentos pessoais as leis físicas pouco valem. Não há determinismo. Não há fórmulas. Não há física mas há química. Existem palavras que por vezes formam versos e noutras não se falam, ocorrem longos discursos, monólogos ou diálogos ou bate-papos animados, repletos de significados, ou, mais comumente, sem sentido algum. Há interações, intenções, há trocas, opiniões, concordâncias e discordâncias, apoio e retaliação. Há tudo isso e muito mais no conjunto das possíveis interações.

E nenhuma delas, enquanto ações, provocam reações que podem ser estimadas precisamente. Estimativas e previsões são rotineiras e até esperadas... mas a frieza matemática não se aplica. E dai seguem-se reviravoltas, realizações de sonhos, novas idéias, velhas idéias, lembranças, surgem amizades e outras terminam, surgem amores, geram-se rumores.

Tudo muda e muda rápido demais. E a cada ação mais e mais imprevistas reações vão encadeando-se e, respeitando sua natureza de ação, ainda que reativa, gerando novas reações tão inesperadas ou desastrosas quanto as que a precederam. Ou o contrário disso pois não há como saber.

E isso é o viver. Decidir antes o que fazer para então descobrir o que essa decisão de fato significa. Aprendendo mais com as reações do que com a própria ação mas ponderando que as segundas devem sua existência à primeira. Afinal, como disse um amigo, o presente é fruto do que fizemos e não do que pensamos em fazer.

segunda-feira, março 14, 2011

Versos do Dia: We Can Be Heroes Just for One Day

E David Bowie disse:
Though nothing, nothing will keep us together
We can beat them, forever and ever
Oh, we can be heroes just for one day

I, I will be King
And you, you will be Queen
Though nothing will drive them away
We can be heroes just for one day
We can be us just for one day
----
Em tradução adaptada:
"apesar de nada, nada nos manter juntos, nós podemos vencê-los, podemos ser heróis por um dia. Eu serei rei e você, rainha. Embora nada os faça partir, podemos ser heróis só por um dia."

Em Moulin Rouge esse trecho foi adaptado, no adorável Elephant Love Medley, trocando-se "eu serei rei" por um "você será mau" e o "você será rainha" por um "eu beberei o tempo todo"... mas ainda lá eles poderiam ser reis e rainhas e heróis só por um dia.

Anexada, a versão do Wallflowers para a canção de Bowie.

domingo, março 13, 2011

Sovinas ou inteligentes? A lógica de lucros da indústria...


(Dilbert)- Se construirmos o nosso software sem erros nós podemos ter um retorno de 10% do investimento.
(Dilbert)- Mas se fizermos um trabalho mais limitado nós podemos ter um retorno de 40% ao vender atualizações e serviços.
(Dilbert)- Mas não se preocupem, nós só temos orçamento para um trabalho limitado.
(Chefe)- Ufa...
(Diretor)- Não consigo me lembrar se a gente foi sovina ou inteligente...

quinta-feira, março 03, 2011

Sobre a sua ausência...

Sua ausência me dói muito também. E se a ausência dói é porque a presença cura, restabelece, preenche, cicatriza, enternece, salva.

E é de presença que precisamos agora, um pelo outro, eu para você e você por mim. Juntos como nunca fomos. Com defeitos - muitos - e virtudes, mas juntos. Prontos para o porvir, para o que antecipamos que nos aguarda mas também para os imprevistos. E vamos saborear cada novo momento, cada nova conquista até que os dias chuvosos e as nuvens negras que teimavam em nos acompanhar não passem de uma lembrança nublada.

Por que pode ser assim e por que queremos que assim seja. Simples assim.

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

O decepcionante resultado do Oscar 2011

São raras as vezes em que o resultado da entrega do Oscar me desaponta profundamente. Curiosamente, em geral o filme premiado não condiz com minha escolha pessoal. Contudo os filmes envolvidos geralmente são bons ou ótimos e a escolha de um ou de outro é compreensível. Mais do que isso, se minha opinião tivesse algum efeito na eleição de melhores do ano muitos filmes sequer lembrados pela Academia passariam a aparecer em destaque.

Desde o ano de passado o Oscar passa a indicar 10 filmes - motivado por interesses mais comerciais do que artísticos. Este ano eu assisti apenas 4 dos 10 indicados (Cisne Negro, Bravura Indômita, O Discurso do Rei e A Origem), perdi A Rede Social que disputava com o filme de Tom Hooper a condição de favorito e também ainda não assisti Toy Story 3, O Vencedor, Minhas Mães e Meu Pai, 127 Horas e Inverno da Alma. Mas não duvido que depois de vê-los venha a gostar de todos eles mais do que gostei de O Discurso do Rei. Indo além, não duvido ser capaz de encontrar outros tantos filmes lançados neste ano (A Ilha do Medo, de cara, me vem a cabeça) que talvez pudessem ocupar o lugar do vencedor de 4 dos 5 principais prêmios desse ano no meu Top 10.

Dos 4 que vi eu daria o Oscar a Cisne Negro, fácil. Filme denso, com estilo visual marcante, trilha sonora fantástica - e não venham me dizer que isso é fácil já que o filme é centrada na adaptação do Balé Lago dos Cisnes de Tchaikovsky - e interpretações fascinantes. Não me refiro apenas a Natalie Portman pois todo o elenco de apoio está ora convincente ora fabuloso: Vincent Cassel como o artista sedutor e obcecado com sua arte, Elizabeth Hershey como a mãe opressora, Mila Kunis como a bailarina rival e personificação do lado negro do cisne e Winona Ryder como a bailarina que se vê tendo de deixar os palcos após o fim de sua gloriosa carreira.

É difícil sair indiferente de uma sessão de Cisne Negro. O filme apresenta a estória de uma bailarina, Nina (Portman), que tem a oportunidade de sua vida ao ser escolhida - em um ambiente competitivo como o de uma Cia. de Dança- para representar o papel central da nova adaptação do Lago dos Cisnes. Porém, apesar de dançar perfeitamente o papel do Cisne Branco - que exige leveza, técnica e arrisco-me a dizer: dedicação, obediência, conformismo - ela tem enormes dificuldades com o papel do Cisne Negro, que exige sedução, imprevisibilidade, desequilibrio. Um contraponto a sua própria personalidade. O filme narra então a sua busca por esse lado negro para atingir a perfeição exigida pelo papel. No processo tem que vencer seus próprios medos e travas enquanto se impõe frente a mãe repressora (a relação de devoção x rancor da mãe com Nina é um filme a parte) e subjugar a crescente presença de outra bailarina, Lilly (Kunis), mais apta para o papel do Cisne Negro. 

Recheado de simbolismos e com final aberto a interpretações Cisne Negro é o melhor filme que vi recentemente. Dentre os que vi, A Origem receberia a medalha de Prata e o bronze caberia a Bravura Indômita.

E quanto ao Discurso do Rei gago, George VI, quais problemas tive eu com o filme? Bem, em primeiro lugar não consegui me envolver com os personagens, apesar de concordar que o trio central interpreta com excelência os papéis para os quais foram escalados, respectivamente o próprio rei (Colin Firth, ganhador do Oscar de forma merecida), sua esposa Rainha Elizabeth (Helena Bonham Carter) e o fonoaudiólogo/ator Lionel Logue (Geoffrey Rush) que aplica seus tratamentos não convencionais para preparar o rei para seus discursos.

Noto ainda que a interpretação de Firth é perfeita - estamos convencidos de que aquela pessoa é incapaz de produzir duas palavras em sequência de forma natural - e isso é crucial para que o filme funcione. Mas, ainda assim, não funcionou. Ao menos para mim. Acho que a oscilação de tom do filme entre o drama (que acho que seria o mais apropriado), humor inglês na forma de sarcasmo em diálogos (vá lá) e humor quase que pastelão (meu Deus!) sabotam o filme. Além disso, o roteiro edificante - bem ao gosto da Academia - é óbvio ao extremo sendo que podemos antecipar cada situação dias antes de elas acontecerem. OK, filmes não precisam te surpreender para serem bons. Além disso boa parte dos conflitos e personagens estão deslocados ou forçados ou pouco desenvolvidos (irmão do rei, família de Lionel, arcebispo "conselheiro", Churchill) enquanto o desenvolvimento da relação entre o par central - o paciente e seu "médico" - apresenta-se insuficiente para justificar como, ao final, as barreiras são vencidas.

Por tudo isso, Discurso do Rei não merecia ganhar o prêmio de Melhor Filme do Ano. Trata-se de um bom filme mas longe de ser o melhor em 2010.

sábado, fevereiro 26, 2011

Calvin da Semana - Moldando o caráter


(Pai)- Querida, você viu meus óculos? Não consigo encontrá-los em lugar nenhum.
(Mãe)- Eu não vi.
(Calvin vestido como o pai e com os óculos)- Calvin, vá fazer algo que você detesta. Ser infeliz molda o caráter!
(Pai para a mãe gargalhando)- OK, a imitação de voz foi um pouco engraçada mas ainda é um danado de um menino sarcástico que estamos criando aqui...

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Curta francês

LE GRAND JEU from Yannick Pecherand-Molliex on Vimeo.


Um pouco sádico... Jigsaw ficaria orgulhoso. :-)

Dilbert e o processo de compras... hilário.

Estou há algum tempo afastado do mundo corporativo mas o Dilbert não me deixa esquecer de certos absurdos que realmente acontecem por lá. E é incrível como tudo é feito sem que uma "lupa" de realidade permita que certos vícios sejam percebidos como são. Dilbert também é genial. :-)

(Dilbert)- É minha imaginação ou a precificação é intencionalmente confusa?
(Vendedor)- É intencionalmente confusa!
(Vendedor)- Desta forma você não pode comparar nossos preços com o de nosso concorrentes.
(Vendedor)- Nossos competidores fazem o mesmo. É chamado confusopólio.
(Vendedor)- Todos nós temos nossa fatia de clientes confusos e não precisamos baixar nossos preços para competir.
(Vendedor)- Nós usamos os lucros de nosso comportamento anti-competitivo para financiar inovação.
(Vendedor)- Então não arruine um bom sistema tentando entender o que está comprando.
(Dilbert)- Isso parece quase razoável.
(Vendedor)- Agora bata em você mesmo e me agradeça!

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Algoritmo para debulhar um álbum musical

Esse fim de semana eu desenvolvi e apliquei um algoritmo para debulhar um álbum. O resultado obtido é uma "ordem de eliminação", o que pode ser uma forma interessante de obter um TOP 3 para o álbum - ou qualquer coisa que o valha.

A fórmula lembra um pouco os treinos de F1 em que todos os carros vão para a pista e competem uns contra os outros durante um tempo pré-fixado. Os 10 piores deixam a disputa e repete-se uma nova bateria e assim por diante até que os melhores - e o melhor, o pole-position - sejam conhecidos.

O revés da minha abordagem é que o algoritmo não é determinístico... acredito que depende bastante do humor do "processador" no dia das audições... mas ainda assim não deixa de ser interessante.

A idéia é colocar todas as faixas do álbum em seu "player" de preferência, configurar no modo de repetição e, em uma fase de inicialização, ouvi-lo inteiro.

A partir da segunda iteração ao final de uma audição você pode apagar a faixa ouvida da lista. O algoritmo termina quando a última música for apagada. A ordem inversa de eliminação é a ordem de sua preferência.

Segue a receita e fica a dica: é fácil de seguir e dá bons resultados.

Algoritmo DEBULHAR_ALBUM
Recebe: Um álbum musical
Devolve: uma ordem de eliminação.

Para cada faixa do álbum
   ouça a faixa "x"
   se você ouviu "x" mais que uma vez
      se você não aguenta mais (não quer mais) ouvir "x"
         elimine "x" da lista
      fim-se
   fim-se
fim-para
retorne a lista de faixas eliminadas

No sábado eu apliquei este algoritmo ao excelente álbum de estréia de Ceumar, chamado Dindinha. Após ao menos umas 10 iterações e na maioria dela com mais da metade do álbum ainda sobrevivendo, cheguei ao seguinte Top 3: Boi de Haxixe, Galope Rasante e Dindinha.

No domingo o algoritmo foi utilizado no também excelente Entrada para Raros, do Teatro Mágico mas devido a outras tarefas o processamento foi abortado enquanto ainda restavam bem mais do que 3 canções. Ao menos eu pude detectar que a música Ana e o Mar destoa do restante das composições, sendo chatinha de doer, além de óbvia. Já Prato do Dia, A Pedra mais Alta, Zazulejo e De Ontem em Diante, com suas líricas misturas de poesia, recital e arranjos de cordas continuam encantadoras e permaneciam na disputa. Preciso terminar de executar isso...

A arte de ser prolixo (by Dilbert)


(Alice)- Desculpe-me. Pelas minhas contas você já disse a mesma coisa 27 vezes usando palavras diferentes.
(Alice)- Se eu fizer um abaixo-assinado aqui constando as assinaturas de todos dizendo que entenderam a sua argumentação, você para de falar?
(Ted)- Isso é muito rude de sua parte!
(Alice)- Eu não entendi. Você pode repetir mais 26 vezes?

sábado, fevereiro 12, 2011

Versos do dia - Roberta Sá (Cicatrizes)

Amor que nunca cicatriza
Ao menos ameniza a dor
Que a vida não amenizou
Que a vida a dor domina
Arrasa e arruína
Depois passa por cima a dor
Em busca de outro amor
Acho que estou pedindo uma coisa normal
Felicidade é um bem natural
Uma, qualquer uma
Que pelo menos dure enquanto é carnaval
Apenas uma
Qualquer uma
Não faça bem
Mas que também não faça mal
Meu coração precisa
Ao menos ameniza a dor
Que a vida não amenizou

Calvin da Semana (ou do mês?!?) - Treinando para ser pai...


(Calvin)- Ei, pai. Eu vou adivinhar qualquer número que você pensar. Vai, pense em um número.
(Pai)- Mmm... OK. Pronto.
(Calvin)- É 92.376.051?
(Pai)- Caramba! Isso mesmo.
(Calvin)- ?!?!?
(Calvin)- Espera aí! Você só está querendo se livrar de mim, não é?
(Pai)- Não, você é paranormal. Vá mostrar para a mamãe.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Maneiras turvas de se esquivar do trabalho


(Wally)- Tinham 11 formas diferentes de interpretar o vago direcionamento que você me deu por correio de voz.
(Wally)- Dados os riscos de escolher errado e meu juramente de engenheiro de não prejudicar, era meu dever ético não fazer nada.
(Chefe)- Você poderia ter pedido uma clarificação.
(Wally)- Soa perigoso.

terça-feira, fevereiro 08, 2011

Dilbert em "Questão de prioridades"


(Chefe)- Jim, nossa empresa é familiar e muito verde.

(Chefe)- E também somos muito bons ao definir prioridades, então se eu tiver a chance de vender seus filhos em troca de um punhado de créditos de carbono, eu o farei.

(Chefe para o diretor de RH)- Ele não era tão verdade quanto eu esperava.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Versos do dia: Minha gratidão é uma pessoa (Nando Reis)

Depois de pensar um pouco
Ela viu que não havia mais motivo e nem razão
E pode perdoá-lo

É fácil culpar os outros 
Mas a vida não precisa de juizes
A questão é sermos razoáveis
 

E por isso voltou
Porque sempre o amou
Mesmo levando a dor
Daquela mágoa

Mas segurando a sua mão
Sentiu sorrir seu coração
E amou-o como nunca havia amado

Mas como começar de novo
Se a ferida que sangrou
Acostumou a me sentir prejudicado
É só você lavar o rosto
E deixar que a água suja
Leve longe do seu corpo
O infeliz passado

E amou como nunca havia amado
E viveram felizes... para sempre.

sábado, janeiro 29, 2011

Por que as pessoas falam tanto?

Por que as pessoas falam tanto?
Vivemos num mundo de surdos sem deficiência auditiva
ELIANE BRUM
 Reprodução
ELIANE BRUM
ebrum@edglobo.com.br
Repórter especial de ÉPOCA, integra a equipe da revista desde 2000. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de Jornalismo. É autora de A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo)
Uma vez passei dez dias num retiro de meditação vipássana, no interior do Rio de Janeiro, para fazer uma reportagem para ÉPOCA. Havia muitas regras. Uma delas era o silêncio. Por dez dias era proibido falar. Também devíamos evitar olhar para as outras pessoas. O objetivo era silenciar a mente até que não houvesse nenhum ruído também dentro de nós. Foi uma experiência fantástica, que me mudou para sempre. Nunca antes estive tão em mim. E nunca depois voltei a estar.
O silêncio e um progressivo mergulho interno, em vez de me alienar do mundo, me conectaram a ele de um modo até então inédito para mim. Eu sentia cada segundo, por que eles demoravam a passar. Percebia o vento e as nuances das cores do céu e das folhas das árvores em detalhes. Olhava, cheirava, ouvia e tocava o mundo como se tudo fosse novo. Cada centímetro de terra era capaz de me ocupar por minutos. Sem palavras, a realidade me alcançava com mais força. Finalmente eu não apenas compreendia, mas vivia a poesia de Alberto Caeiro: “Sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo”.
Antes que alguém tenha ideias, experimentei tudo isso sem nenhuma droga. Nenhuma mesmo. Não podíamos tomar álcool, fumar ou ingerir qualquer medicamento, nem mesmo aspirina. Minha droga era a lucidez. Naqueles dez dias, ouvi com mais clareza a mim mesma. E passei a escutar melhor o mundo em que vivia. Senti que finalmente estava no mundo. Eu era.
No décimo dia, voltamos a falar. O retiro acabaria no dia seguinte e precisávamos nos preparar para retornar a uma realidade cotidiana de ruídos e demandas excessivas. Lembro que eu não queria falar. Fiquei assustada quando todo mundo começou a falar ao mesmo tempo. Percebi que a maioria do que se dizia nunca deveria ter sido dito. Sobrava.
Uma parte eram fofocas que haviam sido guardadas por dias. E que poderiam ter ficado impronunciadas para sempre. Percebi, principalmente, que depois de dez dias de silêncio muitas de nós não queriam ouvir. Só falar. Poucas eram aquelas que realmente desejavam escutar a experiência da outra, a voz da outra. A maioria só queria contar da sua. Não tinham sentido falta de outras vozes, apenas do som da sua. Dez dias de silêncio não tinham sido suficientes para acabar com nossa surdez à voz alheia.
A reportagem foi publicada, com o título de “O inimigo sou eu”. Eu segui, guardando em parte o que aprendi lá. E tenho sentido falta daqueles dez dias de silêncio, agora que aumenta em níveis quase insuportáveis a poluição sonora dentro e fora de mim.
Acho que nunca escutamos tão pouco. E talvez por isso nunca fomos tão solitários. Quando faço palestras sobre reportagem, os estudantes de jornalismo costumam perguntar o que devem fazer para se tornarem bons repórteres. Minha resposta é sempre a mesma: escutem. Acredito que mais importante do que saber perguntar é saber escutar a resposta. Não apenas para ser um bom jornalista, mas para ser uma boa pessoa. Escutar é mais do que ouvir. Como repórter e como gente esforço-me para ser uma boa “escutadeira”.
É a escuta que nos leva ao mundo. E é a escuta que nos leva ao outro. Quando não escutamos, nos tornamos solitários, mesmo que estejamos no meio de uma festa, falando sem parar para um monte de gente. Condenamo-nos não à solidão necessária para elaborar a vida, mas à solidão que massacra, por que não faz conexão com nada. Não escutamos nem somos escutados. Somos planetas fechados em si mesmos. Suspeito que essa é uma época de tantos solitários em grande parte pela dificuldade de escutar.
Basta observar. As pessoas não querem escutar, só querem falar. Depois de muita observação, classifiquei cinco tipos básicos de surdos. Há aqueles que só falam e pronto. Emendam um assunto no outro. Fico prestando atenção para detectar quando respiram e não consigo. Acho que inventaram um jeito de falar sem respirar. E ganhariam mais dinheiro se entrassem em algum concurso de tempo sem oxigênio embaixo d’água. Aí, pelo menos, ficariam quietos por um momento.
Existem aqueles que falam e falam e, de repente, percebem que deveriam perguntar alguma coisa a você, por educação. Perguntam. Mas quando você está abrindo a boca para responder, já enveredaram para mais algum aspecto sobre o único tema fascinante que conhecem: eles mesmos.
Há aqueles que fingem ouvir o que você está dizendo. Você consegue responder. Mas, quando coloca o primeiro ponto final, percebe que não escutaram uma palavra. De imediato, eles retomam do ponto em que haviam parado. E não há nenhuma conexão entre o que você acabou de dizer e o que eles começaram a falar.
Existem aqueles que ouvem o que você diz, mas apenas para mostrar em seguida que já haviam pensado nisso ou que sabem mais do que você, o que é só mais um jeito de não escutar.
Há ainda os que só ouvem o que você está dizendo para rapidamente reagir. Enquanto você fala, eles estão vasculhando o cérebro em busca de argumentos para demolir os seus e vencer a discussão. Gostam de ganhar. Para eles, qualquer conversa é um jogo em que devem sempre sair vitoriosos. E o outro, de preferência, massacrado. Só conhecem uma verdade, a sua. E não aprendem nada, por acreditarem que ninguém está à altura de lhes ensinar algo.
É claro que há um mix das várias espécies de surdos. E devem existir outras modalidades que você deve ter detectado, e eu não. O fato é que vivemos num mundo de surdos sem deficiência auditiva. E uma boa parte deles se queixa de solidão.
É um mundo de faladores compulsivos o nosso. Compulsivos e auto-referentes. Não conheço estatísticas sobre isso, mas eu chutaria, por baixo, que mais da metade das pessoas só falam sobre si mesmas. Seu mundo torna-se, portanto, muito restrito. E muito chato. Por mais fascinantes que possamos ser, não é o suficiente para preencher o assunto de uma vida inteira.
Num ótimo artigo, intitulado Escutatória, o escritor Rubem Alves diz: “Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular”.
Quando não escutamos o mundo do outro, não aprendemos nada. Acontece com o chefe que não consegue escutar de verdade o que seu subordinado tem a dizer. A priori ele já sabe – e já sabe mais. Assim como acontece com a mulher que não consegue escutar o companheiro. Ou o amigo que não é capaz de escutar você. E vice-versa.
Tornamo-nos muito sozinhos no gesto de não escutar. Em Revolutionary Road (Sam Mendes, 2008), traduzido para as telas de cinema do Brasil como “Foi apenas um sonho”, a cena final é a síntese dessa relação simbiótica entre surdez e solidão. Não a surdez causada pela deficiência auditiva, mas essa outra de que falamos, esta que é mais triste por ser escolha. Quem viu, não esqueceu. Quem não viu, pode pegar o dvd em qualquer locadora. Essa cena final vale por alguns milhares de palavras.
Sempre pensei muito sobre por que as pessoas falam tanto – e por que têm tanta dificuldade de escutar. Qual é a ameaça contida no silêncio? O que temem tanto ouvir se calarem a sua voz por um momento? Por que precisamos preencher nosso mundo - inclusive o interior - com tantos ruídos?
Acho que cada um de nós poderia parar alguns minutos e fazer a si mesmo estas perguntas.
Percebo também que há uma pressão para que nos tornemos falantes. Ser falante supostamente seria uma vantagem no mundo, especialmente no mundo do trabalho. Mesmo que você não diga nada de novo, mesmo que você repita o que o chefe disse com outras palavras. Mas falar, qualquer coisa, é marcar presença, é uma tentativa de garantir-se necessário. E ser quieto, calado, é visto como um tipo invisível de deficiência. Como se lhe faltasse algo, palavras. Mas será que as palavras estão ali, nessa falação desenfreada? Ou melhor, será que quem fala está realmente naquele discurso? Tenho dúvidas.
Por qualquer caminho que se possa pensar, me parece que o silêncio soa ameaçador. Em parte, pelo que ele pode dizer sobre nós. Enchemos nossa vida de barulho, da mesma forma que atulhamos nossos dias de tarefas, com medo do vazio. Tarefas em uma agenda cheia constituem outro tipo de ruído. E o vazio também é uma forma de silêncio.
Em rasgos de intolerância, achava que os falantes compulsivos eram apenas muito chatos e muito egocêntricos. Que as pessoas não escutavam – o silêncio e o outro – por prepotência. Mas acredito que é bem mais complicado que isso.
Há dois livros muito interessantes que pensam sobre a escuta. A Hermenêutica do Sujeito, de Michel Foucault (Martins Fontes), e Como Ouvir (Martins Fontes), um livrinho pequeno e precioso de Plutarco. Eles mostram que escutar é se arriscar ao novo, ao desconhecido. Na audição, mais do que em qualquer outro sentido, a alma encontra-se passiva em relação ao mundo exterior e exposta a todos os acontecimentos que dele lhe advêm e que podem surpreendê-la. Ao ouvir, nos arriscamos a sermos surpreendidos e abalados pelo que ouvimos, muito mais do que por qualquer objeto que possa nos ser apresentado pela visão e pelo tato.
Faz muito sentido. As pessoas não escutam porque escutar é se arriscar. É se abrir para a possibilidade do espanto. Escancarar-se para o mundo do outro - e também para o outro de si mesmo.
Escutar é talvez a capacidade mais fascinante do humano, por que nos dá a possibilidade de conexão. Não há conhecimento nem aprendizado sem escuta real. Fechar-se à escuta é condenar-se à solidão, é bater a porta ao novo, ao inesperado.
Escutar é também um profundo ato de amor. Em todas as suas encarnações. Amor de amigos, de pais e de filhos, de amantes. Nesse mundo em que o sexo está tão banalizado, como me disse um amigo, escutar o homem ou mulher que se ama pode ser um ato muito erótico. Quem sabe a gente não experimenta?
Escutar de verdade implica despir-se de todos os seus preconceitos, de suas verdades de pedra, de suas tantas certezas, para se colocar no lugar do outro. Seja o filho, o pai, o amigo, o amante. E até o chefe ou o subordinado. O que ele realmente está me dizendo?
Observe algumas conversas entre casais, famílias. Cada um está paralisado em suas certezas, convicto de sua visão de mundo. Não entendo por que se espantam que ao final não exista encontro, só mais desencontro. Quem só tem certezas não dialoga. Não precisa. Conversas são para quem duvida de suas certezas, para quem realmente está aberto para ouvir – e não para fingir que ouve. Diálogos honestos têm mais pontos de interrogação que pontos finais. E “não sei” é sempre uma boa resposta.
Escutar de verdade é se entregar. É esvaziar-se para se deixar preencher pelo mundo do outro. E vice-versa. Nesta troca, aprendemos, nos transformamos, exercemos esse ato purificador da reinvenção constante. E, o melhor de tudo, alcançamos o outro. Acredite: não há nada mais extraordinário do que alcançar um outro ser humano. Se conseguirmos essa proeza em uma vida, já terá valido a pena.
Escutar é fazer a intersecção dos mundos. Conectar-se ao mundo do outro com toda a generosidade do mundo que é você. Algo que mesmo deficientes auditivos são capazes de fazer.
(Eliane Brum escreve às segundas-feiras)

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Versos do Dia: Forest

Forest, System of a Down:

Why can't you see that you are my child
Why don't you know that you are my mind
Tell everyone in the world that I'm you
Take this promise to the end of you


sexta-feira, janeiro 21, 2011

Versos do dia: sem você

Arnaldo Antunes é genial!

pra onde eu vou agora livre mas sem você?
pra onde ir? o que fazer? como eu vou viver?
eu gosto de ficar só
mas gosto mais de você
eu gosto da luz do sol
mas chove sempre agora
sem você

às vezes acredito em mim mas às vezes não às vezes tiro o meu destino da minha mão
talvez eu corte o cabelo
talvez eu fique feliz
talvez eu perca a cabeça
talvez esqueça e cresça
sem você

talvez precise de colchão, talvez baste o chão talvez no vigésimo andar, talvez no porão
talvez eu mate o que fui
talvez imite o que sou
talvez eu tema o que vem
talvez te ame ainda
sem você



Mas Ecos Falsos e seu Bolero Matador é muito divertido e, com uma generosa pitada de humor, merece uma menção honrosa por seus versos:

Amor,
Como foi que deixamos o tempo
Nos tornar seres tão violentos
Que nos tiveram de internar

Amor,
Sempre fomos irmãos siameses
De tão juntos, brigamos às vezes
Só a polícia pra apartar

Amor,
Nossa vida que era tão bela
Tropeçou e caiu da janela
Foi o que eu disse ao promotor

Dancemos então
Para aliviar nossa dor
Dancemos então
Esse bolero matador

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Feliz 2011!!!

Dilbert.com

(Dilbert) O que você está fazendo?
(Dogbert) Estou recalibrando minha falta de fé na humanidade.
(Dilbert) Isso leva muito tempo?
(Dogbert) Não. Eu começo lendo opiniões em fóruns de mensagens e...
(Dilbert) Eu posso voltar depois...
(Dogbert) Seu ignorante idiota! (bam)