quarta-feira, março 27, 2013

Versos do Dia: Eu vivo a Sorrir (Adriana Calcanhotto)


"(...) Eu vivo a sorrir, eu vivo sorrir
vai que se materializa o meu sonho dourado
vai que me espera com boas notícias o inesperado"

--- Um pouco de samba que a vida merece!

terça-feira, março 26, 2013

Versos (raivosos) do dia: So What? (Ministry)



"(...) Die! die! die! die!
So what, it's your problem to learn to live with
Destroy us, or make us saints
We don't care, it's not our fault that we were born too late
A screaming headache on the brow of the state
Killing time is appropriate
To make a mess and fuck all the rest, we say, we say
So what? so what?
Die! die! die! die"

Dilbert lidando com a "otoridade" do chefe: precisamos mesmo de gerentes?


(Dilbert): Devemos comprar o plano de manutenção ou simplesmente correr o risco? O que você prefere?
(Chefe): Eu prefiro punir você por comprar o plano de manutenção e estourar o nosso orçamento. Mas eu também não me importo em te demitir se você não comprá-lo, caso precisemos dele no futuro.
(Chefe): Quem de nós tem o melhor trabalho?

sábado, março 23, 2013

Dilbert e os amantes da tecnologia


(Tina): Wally, vamos almoçar?
(Wally): Não, obrigado. Eu sou digissexual.
(Tina): Quê?!
(Wally): Eu não sou mais atraído por pessoas.
(Wally): Eu só gosto de tecnologia.
(Wally): Pessoas me assustam. Vocês são basicamente um sistema de entrega de vírus, germes e pedidos de favores indecentes.
(Wally): Eu tô a fim de tirar uma foto sua, mas isso é o máximo...
(Tina): Essa é a conversa mais alucinada que eu já tive.
(Wally): ! (foto)!
(Wally): Obrigado Senhor pelo Photoshop!!!

Calvin: Tudo na vida é uma questão de perspectiva...

(Calvin): Rrrrggghhhh! 25...
(Calvin): Ufa...
(Calvin): Rrrrggghhhh!! 5.2000!!
(Calvin): Exercícios são muito mais gratificantes se os contamos de acordo com nosso cansaço...

quarta-feira, março 20, 2013

Versos do Dia: Stronger (Joe bel)

A cena musical de Campo Grande anda a mil... ex-cidade quente, cidade atual também agitada!

Joe Bel é uma das boas representantes da cena musical lyonnaise. No video abaixo (gravado na Passaralle du College, aqui em Lyon!), ela defende "Stronger" uma de suas composições.

Vai ter show dela aqui abrindo abrindo para o Asaf Avidan, em abril! Quem sabe eu vou!



"Baby, when you rely on me... when you cry in front of me you'll get stronger... but if you keep on showing nothing at all to me, we won't last longer"

Mais uma música da ruiva abaixo: "No No".


terça-feira, março 19, 2013

Contraste Musical #5: Realçando um instrumento

O Jamiroquai ainda não tinha dado as caras aqui no blog e eis que agora, finalmente, resolve dar o ar da sua graça. A banda de Jay Kay é um dos (senão "o") principais nomes do acid jazz. A combinação dos diversos elementos musicais (ou "o groove") em suas canções é contagiante, com várias músicas privilegiando o baixo. Como a bela "Time Won't Wait", que já tem uma entrada com uma linha de baixo bastante marcante! Ouçam...



Pois bem, apesar de marcante ela acaba deixando de ser o fio condutor da música se o ouvido não está suficientemente atento. Uma vez que todos os instrumentos participam do arranjo, podemos nos perder no ritmo da música... e o baixo que tanto marcou no início pode ficar despercebido ou desvalorizado no restante da faixa, o que é uma pena.

No video abaixo, a baixista Marta Altesa grava-se tocando o baixo da música "Time Won't Wait", enquanto a versão original toca ao fundo. Eis ai o contraste musical de hoje, já que o fato de podermos focar nossa atenção na execução apenas do baixo sendo tocado nos permite apreciá-lo com muito mais ênfase, notando todos os realces que antes passavam negligenciados!

Não conhecia, até recentemente, os vídeos de "Bass Cover" ou "[Coloque o nome do instrumento aqui] Cover" que hoje povoam aos montes pela internet. São ótimos para auxiliar no aprendizado de quem se interessar mas, também, para permitir que acompanhemos com atenção um dos instrumentos que compõem o arranjo, ajudando a treinar o ouvido, a dar valor a cada elemento de uma composição. A própria Marta tem outros videos tocando Red Hot Chilli Peppers, Muse e Michael Jackson, por exemplo, mas diversos outros "vlogueiros" também oferecem suas performances.

Para finalizar, a música escolhida para ilustrar esse post tem potencial para figurar também no "quadro" Versos do Dia, com sua letra sobre a passagem do tempo e a mensagem de carpe diem. Seguem os versos selecionados para hoje:

" Hey, time won't wait for you 
Keeps on ticking away
Burning up every day
(...)
She said, "time won't wait for you"
So do all the things you wanted to
Better hurry up, take it in your stride"

Calvin da Semana: O que é normal, afinal?

(Calvin): Quando se é uma criança, você não experiencia coisas diferentes.
(Calvin): Você vive com seus pais e isso é tudo o que você sabe. Você cresce achando que tudo o que eles fazem é "normal".
(Pai): Ahh, que dia!! Levantei as 6h, corri 15km enquanto chovia e nevava e agora estou pronto para um bom pote de aveia! eu amo o hedonismo maluco dos fins de semana!
(Calvin): Bem, talvez "normal" seja uma palavra muito forte.
(Hobbes): Eu acho que a gente ia conseguir reconhecer "normal" se a gente visse...

terça-feira, março 12, 2013

Paris - Loire - Saint-Malo - Monte Saint-Michel - Dia D


Inaugurando meus textos sobre viagens, vou descrever brevemente como foi o meu passeio pelos castelos do vale do Loire, subindo para a Bretanha em Saint-Malo, conhecendo o monte Saint-Michel e a praia do desembarque dos ataques aliados do dia D, em Arromanches. Tudo isso começando e terminando em Paris. Além de servir para mim como um registro da viagem, pode servir como dicas para algum desavisado que apareça aqui no blog e que esteja planejando fazer algo parecido. Ainda quero escrever também sobre as experiências em Istanbul e Budapeste antes que a memória comece a falhar!

Bom, alguns aspectos práticos antes de descrever os passeios em si. O primeiro ponto é que fiz o roteiro todo com um carro alugado. Peguei e devolvi o carro na gare de Lyon, em Paris. Acho que os passeios em si ganham muito se feitos com a liberdade que um carro proporciona, mas não sei se a melhor alternativa é pegar em Paris. Para quem não conhece bem, o trânsito da cidade é confuso e entregar o carro foi uma aventura. Tudo bem que a Maria, meu GPS com sotaque lusitano, me fez a agradável surpresa de passar ao lado da Torre Eiffel, do jardim das Tuilleries e da Praça da Bastilha, no caminho de volta. Não consigo pensar em um roteiro mais bonito mas, porém, também tumultuado. Uma alternativa seria tentar reservar a partida de Blois ou Tours, cidades do vale do Loire, e ir até elas de TGV a partir de Paris.

Organizei a minha viagem de forma que eu acordava já nos lugares onde visitaria, deixando os trajetos mais longos de carro para o fim do dia. Como eu estava sozinho, era um pouco cansativo ter que dirigir (em um dos trechos, 350km de Amboise a Saint-Malo) depois de ter andado durante o dia todo. Mas consegui fazer tudo sem maiores problemas e mantendo o prazer da jornada e das descobertas. A vantagem é que aproveitamos bem as noites para dormir e estamos refeitos e prontos para os passeios logo cedo no dia seguinte, fazendo o dia render.

Fiz os meus passeios no início de março e tive sorte de já ter tempo bom, em geral ensolorado, na Normandia e Bretanha! Fazia entre 10 e 15 graus e anoitecia por volta das 19h. Paris, na contramão, me recebeu sempre com temperaturas entre 0 e 5 graus e nublada.

Para organizar um pouco meu relato, vou dividi-lo em 3 posts: Vale do Loire, Saint-Malo, Monte Saint-Michel e Normandia e Père Lachaise, no qual narro a minha visita ao famoso cemitério parisiense.






Castelos do Vale do Loire


Fiz o passeio em um dia mas acho que o recomendável são dois. Cheguei no fim de tarde em Blois, onde dormi. No dia seguinte passei por 6 castelos (Castelo Real de Blois, Chambord, Cheverny, Chenonceau, Amboise e Chaumont-sur-Loire) e visitei 3 deles, os que estão com os nomes sublinhados.


Blois é a cidade que abriga o Castelo Real, que fica encravado no centro da cidade. Não fiz a visita interna, que deve ser interessante e cheia de história. Em termos de paisagem, não vale a pena, os castelos que ficam no campo ou à beira do rio são muito mais interessantes e bonitos. Portanto, se for passar por Blois que seja para a visita interna do castelo. Uma sugestão seria de começar o dia lá (pois é uma cidade um pouco maior e tem mais opções de hotel), fazer a visita e depois sair em direção aos outros castelos (se for fazer 2 dias de visitações).

No final das contas, Blois serviu apenas de base operacional para o início da jornada. Comprei um sanduíche, suco e água (meu almoço seria rapidinho para aproveitar bem o dia), saquei dinheiro e segui para Chambord. Aqui outra dica: tinha visto que vários castelos não aceitam pagamento em cartão para valores baixos, mas não é verdade. Consegui pagar todas as entradas com cartão.


 Fui para Chambord, que é o maior dos castelos da região do Loire. Muito bonito! Ali senti que o passeio estava de fato começando. Paguei a entrada só para ver a escadaria em dupla hélice (dupla revolução), possivelmente planejada por Da Vinci. Ela é projetada de maneira que duas pessoas conseguem, simultaneamente, subir e descer sem se cruzarem. Há ainda uma exibição de carruagens e outras coisas mais a ver, como uma bela vista panorâmica de um belo e grandioso bosque... mas, para mim, o que valeu mesmo foi ver a escadaria!


De lá fui para Cheverny, um castelo que serviu de inspiração para Hergé e aparece nas histórias de Tintin, com o nome de Castelo de Moulinsart. O castelo é mobiliado internamente, o que ajuda muito a tornar a visita interessante, pois aguça a imaginação. Os jardins do castelo são muito bonitos e há um canil, que é marca registrada do local. Aparentemente, treinam cães para auxiliar na caça, mas não pude visitar pois o canil estava fechado para reforma.


Segui então para Chenonceau, onde moraram 7 rainhas francesas (dai o apelido de "Castelo das 7 Rainhas"), incluindo Catarina de Médici. Foi o mais bonito dos três que visitei. Também guarda mobília interna, rica em detalhes. Tem uma galeria que foi construída sobre uma ponte, no rio Cher. Há vários jardins e bosques, um labirinto-vivo, enfim, foi o meu passeio preferido na região. Recomendo, é imperdível.

De lá passei também por Amboise, que foi a cidade onde morreu Da Vinci. O castelo é imenso e também fica encravado no meio da cidade, o que dificulta a sua visualização completa. Há ainda um museu na casa onde foi a última morada de Da Vinci, que tem um parque muito bonito!

Para fechar, dirigi pela estrada à beira do rio Loire até chegar a Chaumont-sur-Loire, para ver o último castelo antes de seguir viagem para Saint-Malo, onde o relato da viagem continua.

Saint-Malo, Monte Saint-Michel e Normandia


Acordei em Saint-Malo e aproveitei o belíssimo dia de sol na Bretanha (raridade) para conhecer a praia e a cidade intra-muros, bem como as ilhotas que a circundam. Foi um passeio muito gostoso, especialmente pelo clima super agradável.


A praia é bem grande e é possível visitar o forte municipal (ao fundo, na foto acima) e as outras duas formações rochosas (Petit Bé e Grand Bé), que ficam à beira da praia, tudo caminhando, o que já preenche algumas horas agradáveis de passeio. Aproveitei o céu límpido, a temperatura agradável (15 graus) e o sol para ficar ouvindo o barulho do mar. É gozado que em Grand Bé tem um túmulo de um “grande escritor francês” que pediu para ser sepultado ali, ouvindo o vento e o mar pela eternidade. E ele não é identificado. Curioso.

A cidade intra-muros e a sua catedral são interessantes, principalmente pelo fato de aparentarem uma idade que não tem. Mais de 80% da cidade foi destruída em bombardeiros durante a 2a. Guerra. O que não tira o encanto do lugar, que outrora serviu como cidade-base de piratas, com seu porto natural.


Almocei galette + crepes (típico!) e segui para o Monte Saint-Michel, que fica a 50km dali. A sensação de finalmente avistar o monte, ainda de longe, é indescritível. Que lugar mítico, fascinante. Eu havia decidido pernoitar por ali, fazendo um passeio para fotos na parte da tarde e a visita à Abadia, com calma, na manhã seguinte. E foi uma decisão muito acertada, visto que na parte da manhã havia neblina que impedia completamente a vista! E, pelo que me informei, esse cenário é bastante normal.

Há 3 possibilidades de hospedagem. Ficar dentro do monte, ficar fora do monte mas em um dos hotéis que ficam próximos à ponte de acesso (um vilarejo interno) ou ficar em uma das cidadezinhas próximas ao monte. Optei pela terceira, principalmente pelo aspecto financeiro. Ficar dentro do monte é bastante caro, mas a segunda opção (vilarejo) tinha um hotel (Hotel Vert) acessível, preço muito próximo do que paguei para ficar a 5km dali. Não me arrependo, contudo, pois de lá também tinha vista para o monte, com as ovelhas pastando, que compõem tão bem a paisagem! E ainda pude alugar uma bicicleta no hotel e pedalar pela região, fazendo a visita ao monte de maneira diferente, divertida e que proporcionou diversos pontos diferentes para fotos! E que dia lindo foi o da minha visita, céu super azul, sol, tudo incrível!


No sábado pela manhã amanheceu muito neblinado no monte Saint-Michel. De forma que mesmo a poucos metros de distância era impossível vê-lo... sendo que na tarde do dia anterior ele se apresentava imponente no horizonte, mesmo a mais de 5km de distância, lá do hotel. Fiz a visita da Abadia e “entrei de gaiato” em uma visita guiada. O texto que a guia recitava era super interessante e fez valer ainda mais a visita. Recomendo!

Aprendi, por exemplo, que o bispo de Avranches mandou construir a abadia no início do século 8 quando, segundo a lenda, o arcanjo Miguel apareceu para ele em sonhos, por três noites consecutivas. As construções tiveram que se adaptar à geologia do local o que acabou forçando a construção piramidal que hoje observamos. Gostei especialmente de dois trechos sobre a Merveille, como é chamado o Monte Saint-Michel e, em especial, seu jardim interno reservado para as meditações dos monges beneditinos que ali habitavam. Esse jardim é cercado por uma área coberta para auxiliar na circulação entre as partes da abadia e é sustentado por 137 pilares. Há uma interpretação curiosa sobre o porquê dos 137 pilares. O número 137 é explicado através de uma decomposição em 1-3-7, sendo o 1 a unicidade divina e a vida em comum dos monges, o 3 representando a santíssima trindade e o 7, os sete dias da semana (a maravilha da criação) e os 7 pecados capitais (a eterna luta do bem contra o mal).

Além disso, haviam 3 pisos sobrepostos em camadas, o inferior sendo o refeitório, o intermediário a biblioteca/sala de manuscritos e o superior a “merveille”, a sala do retiro espiritual. Alimentos para o corpo (primordial/básico), o intelecto (humano) e o espírito. Genial!

Evidentemente que também registrei o monte à noite!


Segui dali para Granville, uma antiga vila de pescadores que tem uma bela praia! Foi uma visita agradável e uma boa parada entre as visitas ao Monte e a Aromanches, o local do desembarque das tropas aliadas no dia D. 

Quando cheguei lá, por volta das 17h30, os museus já estavam fechados. Há o Museu do Desambarque e um Museu Cinema 360o, que não pude conferir. Mas ainda assim foi muito legal passear pela praia e ver o que restou do porto flutuante (port Winston), que foi montado à época das batalhas. Local que respira essa história de luta e que abrigou passagem marcante da segunda guerra.


Para finalizar a viagem e meu dia, segui para Rouen, a cidade onde Joanna d'Arc foi morta. Escolhi essa cidade pois era próxima de Paris (130km), portanto já seria a meio caminho do meu retorno, facilitando a entrega do carro no horário no dia seguinte. Para minha surpresa, o endereço do hotel não existia no GPS... apontei então para “centro da cidade” e rumei. Lá chegando, tive a desagradável surpresa de notar que o GPS não conhecia Rouen! Mandava virar em várias ruas que não existiam e ficou completamente perdido! Se eu o seguisse, teria caído várias vezes no Sena, que corta a cidade. Parei em um outro hotel no caminho (Ibis) e pedi informação, ainda bem que a recepcionista foi super simpática, me deu um mapa, rabiscou o caminho que eu devia fazer e consegui finalmente achar o hotel! Ainda a tempo de assistir um filme no cinema que ficava bem ao lado do hotel. O filme? La Merveille, o último filme de Terrence Malick com Ben Affleck, Javier Bardem e Olga Kurylenko... que tem o Monte Saint-Michel como um de seus personagens. E foi curioso notar como essa analogia entre o monte, que com suas marés altas e baixas passa por situações em que é continente ou ilha, pode ser usada para narrar uma história de início e fim de um amor, de encontro e separação, de união e isolamento. Malick é um poeta das imagens. Foi um belo encerramento para o dia.


No dia seguinte, em Paris, visitei Père Lachaise, o famoso cemitério onde está Jim Morrison.

Paris (Père-Lachaise)

Este passeio pela Normandia terminou com a volta a Paris. Dei-me conta de que essa é a minha oitava visita à Cidade Luz. Mais ainda, nos últimos 5 anos visitei-a ao menos uma vez. Será que a verei novamente em 2014?



Em todo caso, tinha ainda uma tarde livre em Paris e resolvi fazer uma visitação que ainda não havia feito. Fui ao Cemitério Père-Lachaise, última morada de várias celebridades como Jim Morrison, Orson Welles, Balzac, Moliére, La Fontaine, Edith Piaf, Allan Kardec e Auguste Comte. Descobri também que há  uma lápide simbólica para todos os mortos no vôo da Air France entre Rio e Paris que caiu em 2008 e tem várias fotos e homenagens de brasileiros por lá. Triste.


A verdade é que, apesar de "turístico", trata-se de um passeio um tanto triste, fúnebre, esquisito. Não me senti muito bem andando por algumas horas em meio a túmulos, fotografando. E é gozado pois no fundo enterramos os mortos para que os vivos possam visitá-los e prestar suas homenagens póstumas. E é justamente o que os fãs de Morrison, por exemplo, faziam. Mas ainda assim não deixa de ser estranho.

Mais curioso ainda foi que cruzei com dois grupos grandes de turistas que seguiam um guia que ia de lápide em lápide, explicando e contextualizando quem foi e a importância em vida de várias das celebridades ali enterradas. E, como é de praxe com guias turísticos, piadas e bom-humor rolavam soltos e era comum ouvir risadas coletivas ao caminhar. Não achei desrespeitoso e ouvi vários trechos que, sem dúvida, apenas enalteciam os defuntos comentados, mas não duvido que há quem se choque ao presenciar aquelas cenas.


Durante o pouco tempo que passei por Paris, antes de sair para o Vale do Loire e a Normandia, e depois de voltar, consegui ver um pouco de tudo: Arco do Triunfo, Torre Eiffel, Sacre-Coeur, Jardins de Luxemburgo, Champs-Elysée, Notre-Dame, Bastilha. Paris é mágica! 

segunda-feira, março 11, 2013

Versos do Dia: Crucify Your Mind (Rodriguez)

Assisti hoje o documentário "Searching for Sugar Man", sobre a incrível e fascinante história do cantor e compositor Rodriguez. Sem exageros, um dos melhores filmes que vi nos últimos anos! Que personagem interessante, humano, muito além de apenas um artista buscando expressar-se.

A história só podia ser contada como um documentário pois é muito inacreditável para ser tratada como ficção... ninguém iria levar a sério. Rodriguez era, basicamente, um cantor de rua que foi "descoberto" por dois produtores de Detroit e gravou um álbum chamado "Cold Facts". O álbum foi um retumbante fracasso, apesar de os produtores acharem Rodriguez um artista comparável a Bob Dylan... neste meio tempo, uma cópia desse álbum foi parar na África do Sul em meio ao auge do Apartheid e lá Rodriguez se transformou em um símbolo da luta contra o autoritarismo, através de sua música e letras que, ouso dizer, mudaram uma nação. Um desconhecido em seu país natal e, ao mesmo tempo, um artista mais famoso do que Elvis Presley na África do Sul, dois mundos paralelos narrados com maestria nesse filme que me arrancou lágrimas. Quero ter, ver, rever e indicar. Filmaço!



"...And you claim you got something going
Something you call unique
But I've seen your self-pity showing
As the tears rolled down your cheeks

Soon you know I'll leave you
And I'll never look behind
'Cos I was born for the purpose
That crucifies your mind
So con, convince your mirror
As you've always done before
Giving substance to shadows
Giving substance ever more

And you assume you got something to offer
Secrets shiny and new
But how much of you is repetition
That you didn't whisper to him too"



Trailer do filme:

sexta-feira, março 08, 2013

Versos do Dia: Blow Me (Pink)



"(...) I think I finally had enough
I think I maybe think too much
I think this might be it for us (blow me one last kiss)
You think I'm just too serious, I think you're full of shit
My head is spinning so (blow me one last kiss)

Just when it can't get worse, I've had a shit day (No!)
Have you had a shit day? (no!), we've had a shit day (no!)
I think that life's too short for this (...)"

-------

OK, não é usual eu escolher uma música tão pop quanto a de hoje... o que me leva a alguns comentários.

Primeiro, essa é uma ótima música! Funciona para animar uma festa ou uma pista de dança e funcionou no rádio do carro, para dirigir, onde a ouvi ao menos quatro vezes entre ontem e hoje.
Além disso, os versos que selecionei acima são muito bons! Traduzo-os livremente:
" Eu acho que finalmente deu,
Eu acho que talvez eu pense demais
Eu acho que agora deu para nós (sopre-me um último beijo)
Eu acho que eu sou muito sério, eu acho que você ridícula
Minha cabeça está girando (sopre-me um último beijo)

E justo quando não podia ficar pior, Eu tive um dia de merda (Não!)
Você teve um dia de merda? (não!) tivemos um dia de merda (Não!)
Eu acho que a vida é curta demais para isso"

São versos cantados com energia e até certa raiva. Descrevem, a meu ver, o fim de um relacionamento amoroso. Deu, acabou. Há desespero, há confusão, há a sensação de que as coisas não podiam piorar, não podiam ocorrer em um momento pior. Enfim, versos honestos, cantados com paixão. Uma artista se expressando.

Mas, pera lá. Pink?

Pois é, o que me irrita no pop e em "música que toca no rádio", em geral, não é o fato de ela tocar no rádio. A número 1 das paradas francesas é "Madness", da minha adorada banda Muse. O que me irrita no pop é a industrialização da música. Quando produtores "ixpertchos" notam uma onda e montam um artista/banda para replicar aquilo. Eu gosto do artesanal e não do industrial. Rihanna e Beyoncé são pop mas são artistas, ao contrário de Britney Spears e, vá lá, Mariah Carey. A primeira, totalmente fabricada, sequer tem talento... já Mariah tem uma boa voz, mas nenhuma expressão artística. Justin Timberlake é pop e é um bom artista, apesar de fazer música em um gênero que não aprecio tanto. E pop não é gênero musical.

quarta-feira, março 06, 2013

Concerto da Björk em Paris + Versos do Dia: Virus (Björk)

Ontem, na sala de shows Le Zenith, em Paris, assisti um concerto da diva Björk pela segunda vez.

Recentemente, em dezembro do último ano, eu afirmei que Camille havia tomado o lugar de Björk como minha cantora predileta. De lá para cá, voltei a ver Camille ao vivo e, duas semanas depois, vejo um show de Björk pela segunda vez. A primeira, em 2008, em Curitiba, no Tim Festival, pela turnê do álbum Volta. Agora, pela fasciante viagem musical proporcionada pelas músicas de Biophilia, em que ela canta acompanhada de um coral de várias meninas e de novos instrumentos - como é de praxe na prolífica e criativa vida de "engenheira de som" da artista. Resultado? A briga pelo primeiro posto na minha preferência volta a estar em aberto. E um empate técnico não está descartado.



Falando sobre o concerto, apesar da organização ter sido um tanto caótica, retardando o início do show em mais de uma hora devido a filas imensas na entrada - devido a não terem aberto os portões mais cedo - o Zenith é uma ótima opção para espetáculos musicais. Haviam 7 mil pessoas para assistir Björk e, tenho certeza, todos tiveram uma ótima e próxima visão do palco. A solução é que o palco é circular e colocado ao centro da sala de espetáculo. Depois havia a parte de solo - na qual eu estava - em que as pessoas assistem ao show em pé e, a seguir, as arquibancadas. Vi Björk a poucos metros de mim, apesar da lotação da sala de shows.

Outro ponto a destacar é a política da própria produção da turnê, que informam na entrada e antes do show começar que fotos e filmagens não são recomendados (para não dizer proibidos, o que seria inútil). O motivo? "Queremos que desfrutem da experiência musical hoje e agora, ao vivo! Não se distraiam. Colocaremos videos e fotos do show no site oficial da Björk após o concerto.". Achei uma excelente ideia. Bravo!

Biophilia não é apenas um álbum. Biophilia é um conceito. Para ilustrar isso da melhor maneira possível Björk se associou a David Attenborough, famoso por narrar documentários sobre História Natural para as principais emissoras britânicas. E ele narra o conceito por trás do álbum (veja o video abaixo).



Björk canta sobre o mundo natural desde seu Debut, em 1993. Várias músicas narram as formações geológicas da sua islândia natal. O oceano é palco e metáfora de sua própria casa ou lar. O cosmos é explorado em diversas canções, incluindo a excelente Pluto, que adoro citar. Montanhas aparecem sempre seja em suas letras, seja em seus vídeos. Em Biophilia esse interesse culmina em um álbum temático. Tudo é sobre natureza, sobre o mundo natural. Cosmogony descreve as possíveis formas de o universo ter se criado, mas temos um cardápio completo com músicas sobre a lua, a matéria escura, viruses, o solstício... e tudo isso embalado em suas misturas musicais únicas, com muito experimentalismo e, como disse antes, novos instrumentos. Incluindo ai um "brinquedo" novo, um enorme gerador de "relâmpagos" controlado ora pelo teclado ora pela percussão, que fazia com que as músicas ganhassem uma energia (sem trocadilho) impressionante! Música, natureza e tecnologia, conforme a promessa inicial, entregues com maestria.

Praticamente todas as músicas de Biophilia são apresentadas. Dos demais álbuns, uma ou no máximo duas canções foram incluidas. Joga, do Homogenic, casa muito bem. Acho que Pluto também poderia estar presente, mas entendo não ter sido a mais badalada Bachelorette. Vertebrae by Vertebrae do Volta e Where is The Line, do Vespertine, ficaram ótimas ao vivo. Foi um grande concerto!

E era inevitável pensar, ao ouvir os acordes inusitados ou sons pouco explorados em música pop como ela consegue fazer isso ter ritmo e harmonia a ponto de fazer uma semana de shows em Paris, com a casa cheia todos os dias. Um experimentalismo-mainstream não é algo fácil de se encontrar e ela consegue. Generosa, dá bastante espaço para as meninas de seu coral improvisarem, dançarem, aparecerem. E o encerramento do show ao som de "Declare Independence" foi para me mandar para casa satisfeito, feliz e novamente apaixonado pela Björk cheia de expressão, coragem e portadora de uma mensagem. Música é a melhor coisa que existe!



"(...)
The perfect match, 
you and I 
You fail to resist 
My crystalline charm 

Like a virus, patient hunter 
I'm waiting for you, 
I'm starving for you 
Ooo-ooo-ooo-oooh 
Ooo-ooo-ooo-oooh"