Se a neve deixar e ela há de deixar, faltam 3 dias para voltar para meus amores, minha amada esposa e minhas lindas filhinhas caninas.
E o Nando Reis já soube cantar essa espera e batizou essa música de "para quando o arco-íris encontrar o pote de ouro", nada mais apropriado.
Espaço para postar opiniões e dicas sobre música, cinema, quadrinhos... enfim, cultura Pop!
quarta-feira, dezembro 16, 2009
domingo, dezembro 13, 2009
Tindersticks
Ouvir Tindersticks é uma experiência que nunca pode ser classificada como indiferente. Essa banda inglesa, liderada por Stuart Staples, nunca fez sucesso mundial, mas é objeto de culto por seus fiéis ouvintes - como eu mesmo - dadas as belas letras sempre sombrias e enigmáticas e por Stuart ser dono de um vocal inconfundível. Ok, às vezes é semelhante a Nick Cave ou a um Johnny Cash pós-country, mas os estilos são muito diversos para que haja confusão.
Além disso, a banda vai além do tradicional bateria-guitarra-baixo e introduz elementos de orquestra, com belos arranjos incluindo violinos, violoncelos e outros instrumentos de cordas. Muitas das músicas não são sequer cantadas, mas sim narradas, como a bela "My Sister". Por vezes, talvez para fazer contraponto ao vozeirão de Staples, convidadas femininas complementam e contribuem com as composições como na arrasadora "Travelling Light" (veja abaixo).
Em Travelling Light somos apresentados a um personagem maldito que atravessa problemas existenciais e não consegue mais ver sentido em nada e, sequer, lembrar de mais nada ou ninguém. Em um determinado trecho aparece: "Do you remember, how much you loved me? / You say you have no room in that thick old head / Well it comes with the hurt and the guilt, and the memories / If I had to take them with me I would never get from my bed / There's a crack in the roof where the rain pours through / That's the place you always decide to sit / Yeah I know I'm there for hours, the water running down (my) (your)face / Do you really think you keep it all that well hid?".
O trecho final é de um lirismo exemplar: "tem uma fenda no teto de onde a chuva goteja / este é o lugar no qual você sempre opta por sentar-se / Sim, eu sei que fico lá por horas, com a água escorrendo pelo meu rosto / Você relamente acha que você manteve isso bem escondido?". De fato, é impossível.
Contudo, para mim, a maior música dessa banda é "A Night In", que sempre me remete ao universo de Kafka quando ouço - o que já a torna ainda mais atrativa. O seu refrão é um tocante "And I know you're hurting / And I can't be there for you / And I know you're hurting / And I can't be there no more" emoldurado por uma marcha ao violino e uma leve batida, transmitindo a angústia do abandono. E trata-se de uma música de fuga com os primeiros versos narrando exatamente a situação do fugitivo "had shoes full of holes / When you first took me in / The path that you led / Wasn't straight to your bed / There's no cots to sleep in / And you showed me / Who I was running from / As if I had not known all along".
Acho fantástico esse trecho inicial da música. Em uma tradução livre (e provavelmente falha) seria algo como "tinha sapatos cheios de furos / na primeira vez em que você me abrigou / o caminho pelo qual me guiou / não foi direto para sua cama / não haviam berços onde se dormir / e você me mostrou / de quem eu estava fugindo / como se eu não soubesse o tempo todo".
Fragilidade, acolhimento, reinício e, o mais interessante, quem dá o abrigo ao fugitivo também é responsável por mostrar a ele de quem ele fugia, ambientando-o devidamente em um universo Kafkiano. Por que fugias então, se sequer sabia de quem? E qual seria o medo que o impedia de olhar para trás. O verso seguinte entrega que de fato sempre soube, mas ainda assim a revelação se fez necessária.
Quando o personagem cita novamente a situação de seus pés (que são amigos da estrada lá fora, como ele fala em outro trecho), ele diz "I had calluses, not sores / And I'd like to keep them / So go turn those sheets / Get back on the street / There's nothing more I can bring to you / See I'm scared of the door / Afraid of the floor / Well, I'll go and walk right through / And I'll show you / Who I've been running from / It's the feeling of waking / And it's gone".
Brilhante! Seria algo como: "Tinha calos, não feridas / E gostaria de mantê-los / Então vá, tire esses lençois / volte para as ruas / não tem nada mais que eu possa trazer para você / Veja, eu tenho medo desta porta / Medo deste chão / Bem, então eu vou e vou seguir adiante / E vou mostrar a você / De quem venho fugindo / É do medo de acordar / e ver que se foi".
A inação e o medo transformando uma vida em fuga. E tudo isso brilhantemente amparado por música e por voz, com muito sentimento, como pode ser visto na apresentação ao vivo, clique aqui para assistir no You Tube, cuja qualidade do som não está tão boa mas que ainda assim é interessante ao relevar o quase-transe em que o cantor está durante a interpretação. Abaixo a versão original da música conforme foi gravada(apenas som).
O Tindersticks tem 8 álbuns lançados entre 93 e 2003. Músicas como Dying Slowly (abaixo), Talk to me - em que o refrão é tão dramaticamente denso que a voz do cantor é sobrepujada pela orquestração e perde-se em meio à música, como mais um lamento - ou Mistakes, ou ainda Tiny Tears e Can Our Love. Todas merecem uma busca no Youtube para serem conferidas ou, melhor ainda, o Tindersticks merece ser descoberto por inteiro.
Além disso, a banda vai além do tradicional bateria-guitarra-baixo e introduz elementos de orquestra, com belos arranjos incluindo violinos, violoncelos e outros instrumentos de cordas. Muitas das músicas não são sequer cantadas, mas sim narradas, como a bela "My Sister". Por vezes, talvez para fazer contraponto ao vozeirão de Staples, convidadas femininas complementam e contribuem com as composições como na arrasadora "Travelling Light" (veja abaixo).
Em Travelling Light somos apresentados a um personagem maldito que atravessa problemas existenciais e não consegue mais ver sentido em nada e, sequer, lembrar de mais nada ou ninguém. Em um determinado trecho aparece: "Do you remember, how much you loved me? / You say you have no room in that thick old head / Well it comes with the hurt and the guilt, and the memories / If I had to take them with me I would never get from my bed / There's a crack in the roof where the rain pours through / That's the place you always decide to sit / Yeah I know I'm there for hours, the water running down (my) (your)face / Do you really think you keep it all that well hid?".
O trecho final é de um lirismo exemplar: "tem uma fenda no teto de onde a chuva goteja / este é o lugar no qual você sempre opta por sentar-se / Sim, eu sei que fico lá por horas, com a água escorrendo pelo meu rosto / Você relamente acha que você manteve isso bem escondido?". De fato, é impossível.
Contudo, para mim, a maior música dessa banda é "A Night In", que sempre me remete ao universo de Kafka quando ouço - o que já a torna ainda mais atrativa. O seu refrão é um tocante "And I know you're hurting / And I can't be there for you / And I know you're hurting / And I can't be there no more" emoldurado por uma marcha ao violino e uma leve batida, transmitindo a angústia do abandono. E trata-se de uma música de fuga com os primeiros versos narrando exatamente a situação do fugitivo "had shoes full of holes / When you first took me in / The path that you led / Wasn't straight to your bed / There's no cots to sleep in / And you showed me / Who I was running from / As if I had not known all along".
Acho fantástico esse trecho inicial da música. Em uma tradução livre (e provavelmente falha) seria algo como "tinha sapatos cheios de furos / na primeira vez em que você me abrigou / o caminho pelo qual me guiou / não foi direto para sua cama / não haviam berços onde se dormir / e você me mostrou / de quem eu estava fugindo / como se eu não soubesse o tempo todo".
Fragilidade, acolhimento, reinício e, o mais interessante, quem dá o abrigo ao fugitivo também é responsável por mostrar a ele de quem ele fugia, ambientando-o devidamente em um universo Kafkiano. Por que fugias então, se sequer sabia de quem? E qual seria o medo que o impedia de olhar para trás. O verso seguinte entrega que de fato sempre soube, mas ainda assim a revelação se fez necessária.
Quando o personagem cita novamente a situação de seus pés (que são amigos da estrada lá fora, como ele fala em outro trecho), ele diz "I had calluses, not sores / And I'd like to keep them / So go turn those sheets / Get back on the street / There's nothing more I can bring to you / See I'm scared of the door / Afraid of the floor / Well, I'll go and walk right through / And I'll show you / Who I've been running from / It's the feeling of waking / And it's gone".
Brilhante! Seria algo como: "Tinha calos, não feridas / E gostaria de mantê-los / Então vá, tire esses lençois / volte para as ruas / não tem nada mais que eu possa trazer para você / Veja, eu tenho medo desta porta / Medo deste chão / Bem, então eu vou e vou seguir adiante / E vou mostrar a você / De quem venho fugindo / É do medo de acordar / e ver que se foi".
A inação e o medo transformando uma vida em fuga. E tudo isso brilhantemente amparado por música e por voz, com muito sentimento, como pode ser visto na apresentação ao vivo, clique aqui para assistir no You Tube, cuja qualidade do som não está tão boa mas que ainda assim é interessante ao relevar o quase-transe em que o cantor está durante a interpretação. Abaixo a versão original da música conforme foi gravada(apenas som).
O Tindersticks tem 8 álbuns lançados entre 93 e 2003. Músicas como Dying Slowly (abaixo), Talk to me - em que o refrão é tão dramaticamente denso que a voz do cantor é sobrepujada pela orquestração e perde-se em meio à música, como mais um lamento - ou Mistakes, ou ainda Tiny Tears e Can Our Love. Todas merecem uma busca no Youtube para serem conferidas ou, melhor ainda, o Tindersticks merece ser descoberto por inteiro.
sábado, dezembro 05, 2009
Curta metragens
A internet mudou o mundo, conectou as pessoas, alterou hábitos, modificou o panorama comercial, etc, etc, etc. Vários chavões podem ser ditos a respeito das maravilhas proporcionadas pela rede mundial de computadores.
Uma coisa, em particular, que a internet ajudou a tornar acessível a um público muito maior e que, antes dela, tinham um circuito muito mais restrito são os filmes de curta metragem. Eu mesmo posso dizer que antes de poder assistir filmes pelo computador não via curta metragens a não ser que eles fossem inseridos em DVDs/fitas como bônus ou em prévias dos filmes no cinema. Os festivais de curtas são restritos a centros maiores e não tem o mesmo apelo no grande público do que os longas, propulsionados pelos grandes astros e campanhas de marketing. Portanto, por natureza, os filmes em curta metragem já nasciam para públicos mais estreitos e, desta forma, imagino que tendiam a ter preocupações mais estéticas do que comerciais. Ainda tanto por que seus orçamentos são largamente inferiores.
Em Campo Grande, em 2005 salvo engano, passou a existir um Festival de Cinema que tinha uma programação de curtas e, então, já tive boas surpresas, como os bons filmes de Philippe Barcinski, cujo Palíndromo pode ser visto abaixo.
O gênero costuma ser bastante explorado em animações. E é ótimo quando uma animação explora com lirismo uma situação tão improvável quanto ser desprendido de si. Psicanálise, realismo fantástico e divagações filosóficas neste belo curta francês.
Ou a adaptação de um poema, chamado "Cat Piano", narrado pelo cantor australiano Nick Cave.
Ou ainda com bom humor, como vários curtas feitos pela Pixar. Nesta linha (mas acredito que não seja da Pixar), segue abaixo as aventuras de uma pomba e um agente secreto disputando uma rosquinha.
Tem também um bate-papo sobre cultura pop, Tarantino inclusive, entre Seu Jorge e Selton Mello.
E até meu colega de doutorado, Vicente Acuña, já participou de curtas, como ator, durante sua jornada de estudos no Chile. Confiram abaixo (em duas partes):
Uma beleza poder, de forma tão simples, acessar filmes tão diferentes entre si. Bem-vindos ao maravilhoso mundo dos curta-metragens.
Uma coisa, em particular, que a internet ajudou a tornar acessível a um público muito maior e que, antes dela, tinham um circuito muito mais restrito são os filmes de curta metragem. Eu mesmo posso dizer que antes de poder assistir filmes pelo computador não via curta metragens a não ser que eles fossem inseridos em DVDs/fitas como bônus ou em prévias dos filmes no cinema. Os festivais de curtas são restritos a centros maiores e não tem o mesmo apelo no grande público do que os longas, propulsionados pelos grandes astros e campanhas de marketing. Portanto, por natureza, os filmes em curta metragem já nasciam para públicos mais estreitos e, desta forma, imagino que tendiam a ter preocupações mais estéticas do que comerciais. Ainda tanto por que seus orçamentos são largamente inferiores.
Em Campo Grande, em 2005 salvo engano, passou a existir um Festival de Cinema que tinha uma programação de curtas e, então, já tive boas surpresas, como os bons filmes de Philippe Barcinski, cujo Palíndromo pode ser visto abaixo.
O gênero costuma ser bastante explorado em animações. E é ótimo quando uma animação explora com lirismo uma situação tão improvável quanto ser desprendido de si. Psicanálise, realismo fantástico e divagações filosóficas neste belo curta francês.
Skhizein (Jérémy Clapin,2008) from Bertie on Vimeo.
Ou a adaptação de um poema, chamado "Cat Piano", narrado pelo cantor australiano Nick Cave.
The Cat Piano from PRA on Vimeo.
Ou ainda com bom humor, como vários curtas feitos pela Pixar. Nesta linha (mas acredito que não seja da Pixar), segue abaixo as aventuras de uma pomba e um agente secreto disputando uma rosquinha.
Tem também um bate-papo sobre cultura pop, Tarantino inclusive, entre Seu Jorge e Selton Mello.
E até meu colega de doutorado, Vicente Acuña, já participou de curtas, como ator, durante sua jornada de estudos no Chile. Confiram abaixo (em duas partes):
Uma beleza poder, de forma tão simples, acessar filmes tão diferentes entre si. Bem-vindos ao maravilhoso mundo dos curta-metragens.
domingo, novembro 29, 2009
Zoombido
Às vezes esse blog parece falar muito de música e pouco de outras coisas que também me interessam. TV, por exemplo, não é uma dessas coisas. Assisto pouco, gosto de esportes, seriados, filmes. Mas filmes gosto mesmo é no cinema. Mas gosto também de programas de entrevistas. E tem um desta estirpe que acho genial: Zoombido, apresentado e idealizado pelo sensacional Paulinho Moska e exibido pelo Canal Brasil.
O programa é legal pois é um artista falando sobre sua arte com outros artistas. É diferentes de um Jô Soares e afins, onde em geral apresenta-se alguém completamente desconhecido ou, no outro extremo, já um medalhão e o Jô ou faz perguntas muito introdutórias, por um lado, ou então vira um bate-papo de botequim.
No Zoombido, Moska tem mais ou menos o mesmo repertório de perguntas, o que é compor, como é o seu processo, como você se sente ao terminar de compor uma nova música, enfim coisas que provavelmente o interessam profundamente em termos de comparação com seus próprios métodos. O cenário do programa é absolutamente relaxado e as pessoas conversam sentadas ora em poltronas ora no chão, descalças, confortáveis, sem nada muito pré-definido. É claro que as pessoas tocam suas composições - e as suas prediletas, não precisa ser o single da vez. E rolam jam sessions com o próprio Moska, o que é sempre empolgante.
No vídeo abaixo, por exemplo, Moska canta "10 Contados" ao lado da Céu, ótima cantora e compositora da nova (?) safra brasileira.
Por falar em Céu, neste mesmo programa ela também canta a belíssima "Mais um Lamento". Essa merece um post próprio.
Com tudo isso, já estou falando de música de novo. Mas o Zoombido é tão interessante que apresenta também outra fissura do Moska que é a fotografia. Durante as apresentações musicais, ele assume o papel de fotógrafo e registra a apresentação, sempre sob ângulos inusitados e utilizando muito fotos-em-reflexo, com a câmera mirando um espelho ou atravessando um vidro, copo, etc. de forma que a foto revele algo a mais do que apenas está sendo observado. Muito interessante e complementar.
Nas entrevistas, apesar do restrito repertório de perguntas, isso favorece na comparação entre os diferentes compositores. Apenas para ilustrar abaixo segue duas entrevistas com bons compositores: John (do Pato Fu) e Marcelo Camelo (ex Los Hermanos). Para um, as letras nascem primeiro enquanto para o outro a composição é dirigida pela melodia. E o John fala uma coisa muito legal e que eu corroboro: música é algo tão grande que existe uma música para cada estado de espírito e, mais ainda, existe uma música para te fazer passar de qualquer estado de espírito para outro.
Vejam que o John ainda faz uma comparação interessante, entre compositores que conseguem se juntar todos em uma sala, começam a falar daqui, tocar dali e depois de uma hora tem umas 3 ou 4 músicas. E ele comenta que esse não é o estilo dele, que precisa estar sozinho, mais concentrado, em um trabalho mais pessoal. Eu me sinto um pouco assim com relação ao trabalho de pesquisa, não consigo contribuir tanto em reuniões exploratórias, mas sinto que lá, no meu cantinho, consigo me organizar melhor e dar minha contribuição (póstuma).
Agora a entrevista do Camelo só dá para ver neste link. Não aceitou incorporar ao corpo do post...
E para finalizar essa pescaria sobre bons trechos do programa na web, um pouquinho de Adriana Calcanhotto:
O programa é legal pois é um artista falando sobre sua arte com outros artistas. É diferentes de um Jô Soares e afins, onde em geral apresenta-se alguém completamente desconhecido ou, no outro extremo, já um medalhão e o Jô ou faz perguntas muito introdutórias, por um lado, ou então vira um bate-papo de botequim.
No Zoombido, Moska tem mais ou menos o mesmo repertório de perguntas, o que é compor, como é o seu processo, como você se sente ao terminar de compor uma nova música, enfim coisas que provavelmente o interessam profundamente em termos de comparação com seus próprios métodos. O cenário do programa é absolutamente relaxado e as pessoas conversam sentadas ora em poltronas ora no chão, descalças, confortáveis, sem nada muito pré-definido. É claro que as pessoas tocam suas composições - e as suas prediletas, não precisa ser o single da vez. E rolam jam sessions com o próprio Moska, o que é sempre empolgante.
No vídeo abaixo, por exemplo, Moska canta "10 Contados" ao lado da Céu, ótima cantora e compositora da nova (?) safra brasileira.
Por falar em Céu, neste mesmo programa ela também canta a belíssima "Mais um Lamento". Essa merece um post próprio.
Com tudo isso, já estou falando de música de novo. Mas o Zoombido é tão interessante que apresenta também outra fissura do Moska que é a fotografia. Durante as apresentações musicais, ele assume o papel de fotógrafo e registra a apresentação, sempre sob ângulos inusitados e utilizando muito fotos-em-reflexo, com a câmera mirando um espelho ou atravessando um vidro, copo, etc. de forma que a foto revele algo a mais do que apenas está sendo observado. Muito interessante e complementar.
Nas entrevistas, apesar do restrito repertório de perguntas, isso favorece na comparação entre os diferentes compositores. Apenas para ilustrar abaixo segue duas entrevistas com bons compositores: John (do Pato Fu) e Marcelo Camelo (ex Los Hermanos). Para um, as letras nascem primeiro enquanto para o outro a composição é dirigida pela melodia. E o John fala uma coisa muito legal e que eu corroboro: música é algo tão grande que existe uma música para cada estado de espírito e, mais ainda, existe uma música para te fazer passar de qualquer estado de espírito para outro.
Vejam que o John ainda faz uma comparação interessante, entre compositores que conseguem se juntar todos em uma sala, começam a falar daqui, tocar dali e depois de uma hora tem umas 3 ou 4 músicas. E ele comenta que esse não é o estilo dele, que precisa estar sozinho, mais concentrado, em um trabalho mais pessoal. Eu me sinto um pouco assim com relação ao trabalho de pesquisa, não consigo contribuir tanto em reuniões exploratórias, mas sinto que lá, no meu cantinho, consigo me organizar melhor e dar minha contribuição (póstuma).
Agora a entrevista do Camelo só dá para ver neste link. Não aceitou incorporar ao corpo do post...
E para finalizar essa pescaria sobre bons trechos do programa na web, um pouquinho de Adriana Calcanhotto:
sexta-feira, novembro 27, 2009
Caipira, eu?
Hipnotizado
Chega a ser perturbador como, de repente, me vejo aprisionado por algum pensamento que vai-e-vem, incontrolavelmente, incondicionalmente, sem que eu possa fazer nada a respeito a não ser deglutí-lo. O bom é que isso ocorre raramente.
Mas fenômeno parecido e muito menos raro é ser aprisionado por um trecho de uma música. Se a música for ruim, isso pode causar sérios distúrbios. ;-)
Mas ainda que a música seja boa, essa espécie de "hipnose" causada pela repetição constante, apenas em sua mente, dos versos e notas da música pode não ser agradável. E também precisa ser deglutida.
Há um mês, em Leiden, fiquei "ouvindo" mentalmente "Optimistic" do Radiohead Clique aqui para ver no Youtube uma versão ao vivo ou ouça a versão original abaixo.
O refrão da música que me hipnotizou diz: "You can try the best you can and if you try the best you can the best you can is good enough". O que, em uma tradução pedestre, quer dizer que se você sempre pode dar o melhor de si e que se você der o melhor de si, o melhor de si terá sido bom o bastante.
O gozado é que sei que a hipnose não começou lá, já que ainda lá eu comentei com um dos participantes do congresso, um computeiro suiço muito gente fina (Marko Terzer), que sugeriu um tratamento parecido com o tratamento de alergia, ou seja, ele iria "injetar" a música da qual eu estava alérgico e ver se, assim, eu reagiria. Resultado: ele pegou o ipod, colocou a música para tocar e só piorou a minha condição! rsrsrs
E, atualmente, a música voltou a me "incomodar", ela tinha dado um tempo mas agora voltou a tocar na minha cabeça, a aparecer sem qualque convite e martelar sua visão otimista de se tentar da melhor forma. Mas, desta vez, dei mais atenção a isso pois, de fato, tenho me cobrado muito. Sinto que estou um pouco (muito) aquém do que deveria. Mas sei que se eu correr atrás, se der o melhor de mim, então isso será o bastante pois é tudo o que eu posso exigir de mim mesmo. Não dá para ir além. Ou dá? Bem, isso só saberei se a próxima música que me hipnotizar trouxer a resposta. Se for um funk carioca, Deus me livre! ;-)
Mas fenômeno parecido e muito menos raro é ser aprisionado por um trecho de uma música. Se a música for ruim, isso pode causar sérios distúrbios. ;-)
Mas ainda que a música seja boa, essa espécie de "hipnose" causada pela repetição constante, apenas em sua mente, dos versos e notas da música pode não ser agradável. E também precisa ser deglutida.
Há um mês, em Leiden, fiquei "ouvindo" mentalmente "Optimistic" do Radiohead Clique aqui para ver no Youtube uma versão ao vivo ou ouça a versão original abaixo.
O refrão da música que me hipnotizou diz: "You can try the best you can and if you try the best you can the best you can is good enough". O que, em uma tradução pedestre, quer dizer que se você sempre pode dar o melhor de si e que se você der o melhor de si, o melhor de si terá sido bom o bastante.
O gozado é que sei que a hipnose não começou lá, já que ainda lá eu comentei com um dos participantes do congresso, um computeiro suiço muito gente fina (Marko Terzer), que sugeriu um tratamento parecido com o tratamento de alergia, ou seja, ele iria "injetar" a música da qual eu estava alérgico e ver se, assim, eu reagiria. Resultado: ele pegou o ipod, colocou a música para tocar e só piorou a minha condição! rsrsrs
E, atualmente, a música voltou a me "incomodar", ela tinha dado um tempo mas agora voltou a tocar na minha cabeça, a aparecer sem qualque convite e martelar sua visão otimista de se tentar da melhor forma. Mas, desta vez, dei mais atenção a isso pois, de fato, tenho me cobrado muito. Sinto que estou um pouco (muito) aquém do que deveria. Mas sei que se eu correr atrás, se der o melhor de mim, então isso será o bastante pois é tudo o que eu posso exigir de mim mesmo. Não dá para ir além. Ou dá? Bem, isso só saberei se a próxima música que me hipnotizar trouxer a resposta. Se for um funk carioca, Deus me livre! ;-)
terça-feira, novembro 24, 2009
Curiosidades sobre a França
Algumas curiosidades sobre a França que observei até aqui, em pequenas gotas:
1) Venda separada de itens que estamos acostumados a comprar junto. Ex: panela e sua tampa. É claro que algumas panelas já vem com tampas, mas me pareceu mais comum encontrar panelas e tampas vendidas em separado. E o legal é que as tampas são feitas para se encaixarem em 3 tamanhos diferentes de panela. Logo, você pode ter a inteligente solução de ter 1 única tampa e 3 panelas! O que é bom, desde que você não queira usar duas ou mais panelas simultaneamente.
2) Venda separada de itens que estamos, definitivamente, acostumados a comprar junto. Ex: Edredom e sua capa. Aqui, eu comprei primeiro o "recheio" do edredom, aquela parte macia. Dormi com ela uma noite e notei que aquilo não estava certo. Voltei à loja e comprei a capa para o edredom, cheguei em casa e embalei o tal "recheio". Tudo certo e ainda é fácil para lavar. ;-)
3) Parar em fila dupla é normal. Nas ruas você vê carros parados na rua, em fila dupla, com o pisca ligado, sem qualquer problema. É comum. E os motivos podem ser desde para atender o celular até para ir comprar algo na loja da frente. Isso mesmo, a pessoa às vezes nem fica no carro! E o mais interessante é que os carros que vêm atrás desviam sem buzinar. Muito estranho de se ver, para quem vem do Brasil.
4) Dossiês. Essa é uma palavra que não usamos tanto no Brasil e aqui ela mostra sua cara. A burocracia aqui exige muitas vezes um dossiê em casos que no Brasil seriam resolvidos pela internet, em um telefonema ou, no máximo, com o preenchimento e assinatura de um único formulário. Aqui, alterar o seu endereço no banco pode ser uma aventura.
5) Diferença cultural interessante é o caso do chá e do café. No Brasil, essas palavras remetem imediatamente ao chá mate (de preferência, da marca Leão) e ao cafezinho preto, com pó e água quente "passando o café" no filtro. Se queremos um café expresso, temos que informar explicitamente. Aqui (e acho que no resto do mundo), chá é sempre chá preto. E qualquer outro sabor de chá não é mais chamado de chá, mas sim de infusão. Não tem "chá de hortelã", mas sim uma infusão de hortelã. E café é sempre expresso. Um professor italiano que aqui esteve nem entendia o que era um "café expresso", eles não usam esse nome lá.
Assim que colecionar mais observações, reforço a lista.
1) Venda separada de itens que estamos acostumados a comprar junto. Ex: panela e sua tampa. É claro que algumas panelas já vem com tampas, mas me pareceu mais comum encontrar panelas e tampas vendidas em separado. E o legal é que as tampas são feitas para se encaixarem em 3 tamanhos diferentes de panela. Logo, você pode ter a inteligente solução de ter 1 única tampa e 3 panelas! O que é bom, desde que você não queira usar duas ou mais panelas simultaneamente.
2) Venda separada de itens que estamos, definitivamente, acostumados a comprar junto. Ex: Edredom e sua capa. Aqui, eu comprei primeiro o "recheio" do edredom, aquela parte macia. Dormi com ela uma noite e notei que aquilo não estava certo. Voltei à loja e comprei a capa para o edredom, cheguei em casa e embalei o tal "recheio". Tudo certo e ainda é fácil para lavar. ;-)
3) Parar em fila dupla é normal. Nas ruas você vê carros parados na rua, em fila dupla, com o pisca ligado, sem qualquer problema. É comum. E os motivos podem ser desde para atender o celular até para ir comprar algo na loja da frente. Isso mesmo, a pessoa às vezes nem fica no carro! E o mais interessante é que os carros que vêm atrás desviam sem buzinar. Muito estranho de se ver, para quem vem do Brasil.
4) Dossiês. Essa é uma palavra que não usamos tanto no Brasil e aqui ela mostra sua cara. A burocracia aqui exige muitas vezes um dossiê em casos que no Brasil seriam resolvidos pela internet, em um telefonema ou, no máximo, com o preenchimento e assinatura de um único formulário. Aqui, alterar o seu endereço no banco pode ser uma aventura.
5) Diferença cultural interessante é o caso do chá e do café. No Brasil, essas palavras remetem imediatamente ao chá mate (de preferência, da marca Leão) e ao cafezinho preto, com pó e água quente "passando o café" no filtro. Se queremos um café expresso, temos que informar explicitamente. Aqui (e acho que no resto do mundo), chá é sempre chá preto. E qualquer outro sabor de chá não é mais chamado de chá, mas sim de infusão. Não tem "chá de hortelã", mas sim uma infusão de hortelã. E café é sempre expresso. Um professor italiano que aqui esteve nem entendia o que era um "café expresso", eles não usam esse nome lá.
Assim que colecionar mais observações, reforço a lista.
Stardust é muito bom!
Stardust é muito bom! Excedeu minhas expectativas ao me entregar muito mais do que eu esperava receber deste livro ilustrado de fantasia, escrito pelo genial Neil Gaiman, em 1998.
Eu soube um pouco do que se tratava a estória quando a adaptação do livro para o cinema começou a ser feita. O elenco desse filme já mostrava que tinha algo interessante nesse universo: Michelle Pfeiffer, Robert de Niro, Ian McKellen e Peter O'Toole do lado dos medalhões e do lado dos jovens talentos, Claire Danes, Sienna Miller, Ricky Gervais e Charlie Cox. Não vi o filme ainda, mas agora ao terminar de ler o livro sei que tenho que resolver essa pendência o quanto antes.
Mas, afinal, o que tanto encanta em Stardust? Antes de mais nada, reforço que "encantar" é justamente o verbo adequado para explicar a sensação. O livro narra a estória de Tristan Thorn, jovem apaixonado que tem que ir ao "mundo do lado de lá" para buscar algo que prometeu à mulher amada: uma estrela cadente. Dito assim, não parece que haverá salvação nessa estória, não é mesmo?
Ledo engano, a imaginação do autor, sua prosa econômica mas elegante, a trama ricamente elaborada com um arco dramático que nos faz chegar ao final torcendo pelo destino dos personagens coroam a aventura fantástica (nos dois sentidos) do rapaz pelo mundo mágico. Esse mundo aliás que é capaz de proporcionar não só belas imagens (nas gravuras de Charles Veiss que acompanham o livro) como também belas alegorias. A estrela cadente, no mundo mágico, tem a forma de uma pessoa. Na verdade, há até uma explicação para o tal mundo mágico, que fica ali na Inglaterra. Lá é o depósito de todas as coisas e seres nos quais os humanos não acreditam mais. Anteriormente, fazia parte de um mesmo mundo mas à medida que fomos deixando de acreditar, as coisas aos poucos foram se mudando para o "mundo do lado de lá". Todo personagem têm sua razão de ser, ocupa o espaço necessário dentro da trama e é tão bem desenvolvido em seus propósitos que podemos até antecipar como cada um reagirá e seus próximos passos, sem que com isso o livro se torne previsível mas, apenas, fazendo com que os personagens se tornem críveis. E as sucessivas trapaças aplicadas em camadas tornam o jogo de gato-e-rato irresistível. Para que fique claro, achei a jornada de Thorn para encontrar a estrela cadente mais interessante do que a jornada de Frodo para destruir o um-anel (sim, eu também li O Hobbit e o Senhor dos Anéis e essa é uma comparação entre os livros e não entre os filmes).
Tenho um gosto particularmente realçado para situações bizarras, estranhas. Foi surpresa, portanto, quando aqui também me deparei com algumas situações totalmente absurdas em certos contextos mas que nas mãos de Gaiman ganhavam um realce ora tocante, ora inquietante e ainda, por vezes, apenas divertido.
Exemplo disso é um conselho recebido pelo aventureiro, já no mundo mágico, de que apesar de sempre dever dizer a verdade quando perguntando, seria melhor não ser muito objetivo quanto às suas reais intenções (resgatar a estrela). O conselho, então, era para que ele respondesse "De trás" quando perguntado sobre onde vinha e que respondesse "Pra frente" quando perguntado para onde ia. Uma outra personagem, por sua vez, quando questionada sobre seu poder e sua inesperada longevidade, responde: "O esquilo ainda não achou a bolota que vai se transformar no carvalho que vai ser cortado para se transformar no berço do bebê que vai crescer para me matar". E nem preciso dizer que o tal esquilo acaba por aparecer na estória. ;-)
Conhecia Neil Gaiman dos quadrinhos de Sandman, que achava geniais. Estou cada vez mais interessado neste autor, apesar de ter lido um conto seu recentemente (Como Falar com Garotas em Festas) e ter achado tão mais ou menos.
Eu soube um pouco do que se tratava a estória quando a adaptação do livro para o cinema começou a ser feita. O elenco desse filme já mostrava que tinha algo interessante nesse universo: Michelle Pfeiffer, Robert de Niro, Ian McKellen e Peter O'Toole do lado dos medalhões e do lado dos jovens talentos, Claire Danes, Sienna Miller, Ricky Gervais e Charlie Cox. Não vi o filme ainda, mas agora ao terminar de ler o livro sei que tenho que resolver essa pendência o quanto antes.
Mas, afinal, o que tanto encanta em Stardust? Antes de mais nada, reforço que "encantar" é justamente o verbo adequado para explicar a sensação. O livro narra a estória de Tristan Thorn, jovem apaixonado que tem que ir ao "mundo do lado de lá" para buscar algo que prometeu à mulher amada: uma estrela cadente. Dito assim, não parece que haverá salvação nessa estória, não é mesmo?
Ledo engano, a imaginação do autor, sua prosa econômica mas elegante, a trama ricamente elaborada com um arco dramático que nos faz chegar ao final torcendo pelo destino dos personagens coroam a aventura fantástica (nos dois sentidos) do rapaz pelo mundo mágico. Esse mundo aliás que é capaz de proporcionar não só belas imagens (nas gravuras de Charles Veiss que acompanham o livro) como também belas alegorias. A estrela cadente, no mundo mágico, tem a forma de uma pessoa. Na verdade, há até uma explicação para o tal mundo mágico, que fica ali na Inglaterra. Lá é o depósito de todas as coisas e seres nos quais os humanos não acreditam mais. Anteriormente, fazia parte de um mesmo mundo mas à medida que fomos deixando de acreditar, as coisas aos poucos foram se mudando para o "mundo do lado de lá". Todo personagem têm sua razão de ser, ocupa o espaço necessário dentro da trama e é tão bem desenvolvido em seus propósitos que podemos até antecipar como cada um reagirá e seus próximos passos, sem que com isso o livro se torne previsível mas, apenas, fazendo com que os personagens se tornem críveis. E as sucessivas trapaças aplicadas em camadas tornam o jogo de gato-e-rato irresistível. Para que fique claro, achei a jornada de Thorn para encontrar a estrela cadente mais interessante do que a jornada de Frodo para destruir o um-anel (sim, eu também li O Hobbit e o Senhor dos Anéis e essa é uma comparação entre os livros e não entre os filmes).
Tenho um gosto particularmente realçado para situações bizarras, estranhas. Foi surpresa, portanto, quando aqui também me deparei com algumas situações totalmente absurdas em certos contextos mas que nas mãos de Gaiman ganhavam um realce ora tocante, ora inquietante e ainda, por vezes, apenas divertido.
Exemplo disso é um conselho recebido pelo aventureiro, já no mundo mágico, de que apesar de sempre dever dizer a verdade quando perguntando, seria melhor não ser muito objetivo quanto às suas reais intenções (resgatar a estrela). O conselho, então, era para que ele respondesse "De trás" quando perguntado sobre onde vinha e que respondesse "Pra frente" quando perguntado para onde ia. Uma outra personagem, por sua vez, quando questionada sobre seu poder e sua inesperada longevidade, responde: "O esquilo ainda não achou a bolota que vai se transformar no carvalho que vai ser cortado para se transformar no berço do bebê que vai crescer para me matar". E nem preciso dizer que o tal esquilo acaba por aparecer na estória. ;-)
Conhecia Neil Gaiman dos quadrinhos de Sandman, que achava geniais. Estou cada vez mais interessado neste autor, apesar de ter lido um conto seu recentemente (Como Falar com Garotas em Festas) e ter achado tão mais ou menos.
sábado, novembro 21, 2009
Palestra muito interessante sobre educação e criatividade (habilite legendas em português)
Palestra de Ken Robinson sobre criatividade e o sistema educacional. Muitas piadinhas (algumas especialmente inspiradas), mas vale muito a pena ver.
sexta-feira, novembro 20, 2009
Frase
...e eu acho que vou precisar de toda a minha vida para aprender a viver... (adaptando a frase do papelzinho do chocolate)
quarta-feira, novembro 18, 2009
Música em movimento
Música me move. Música é meu combustível. Se eu pudesse eu ouviria música o tempo todo ou, ao menos, quase todo o tempo.
Desta forma passei a ouvir música em movimento. Ao escolher o meu novo aparelho celular cuidei de optar por um que lesse cartões de memória e fosse um MP3 player de forma a matar dois coelhos com uma só carteirada. E consegui. Transferi algumas coisas para os 2GB (não tanto quanto gostaria) do meu cartão e passei a ouvir música enquanto ando a pé ou de bicicleta, de casa para o laboratório e vice-versa. Assim, além de ouvir música durante o trabalho e quando estou em casa, também posso passar a ouvir música no trajeto entre um e outro. Música, música, música.
Ponto positivo: a função shuffle do aparelho funciona bem contribuindo para a imprevisibilidade (dentro do limite do possível em 2GB) da faixa seguinte. Isso é muito legal pois nem sempre quero ter uma playlist definida a priori. Por vezes é muito interessante definir apenas os parâmetros iniciais e ver no que dá, como se as músicas fossem elementos químicos e a ordem em que elas se arranjassem tivessem algum significado maior do que as partes, formando um todo muito mais complexo.
Nesses 2GB eu coloquei um pouco do que estava à mão (no computador, digo): Maré da Adriana Calcanhotto, Qualquer do Arnaldo Antunes (reforçando: Qualquer é o nome do álbum), Selmasongs da Bjork, Céu, Ceumar, Mariana Aydar, Marcelo Camelo, Editors, Interpol, Franz Ferdinand, System of a Down, Of Montreal, Radiohead, Roberta Sá e Yardbirds, dentre outros. A mais completa miscelânea capaz de fazer as mais absurdas combinações.
Mas, logo no primeiro dia, uma combinação um tanto bizarra aconteceu e me fez pensar bastante. E não estou mentindo. Pouco antes de eu chegar ao laboratório, começou a tocar "107 steps" do Selmasongs. Para aqueles que não viram "Dançando no Escuro" (Dancing in the Dark), belíssimo e muito triste filme do Lars Von Trier, feito no ano 2000 e com a minha musa musical Bjork em sua única atuação, por favor vejam. A próxima frase é perigosa para quem não assistiu. Vamos lá, essa música é da trilha sonora do filme e retrata os últimos 107 passos da personagem em direção à sua execução, já que ela foi condenada à morte por roubar (o seu próprio dinheiro) de seu vizinho, para pagar uma operação nos olhos de seu olho, evitando assim que ele também não enxergue, como ela, e possa ter uma vida normal. E a música começa com uma narração da contagem dos passos, que evolui lentamente para uma melancólica exaltação dos números.
O mais impressionante é que à medida que ela contava os passos para seu triste fim eu também subia uma escada, em direção à minha sala, e era inevitável pensar em começar a contar os degraus e pensar se também eu caminhava para uma execução ou apenas de volta para minha cela, digo, sala. Evidente que não, mas a coincidência foi interessante e exemplifica como a aleatoriedade pode rearranjar eventos e dar a eles um novo significado. E mais ainda, como o simples fato de ouvir música pode transformar atos simplórios como subir escadas, abrir portas ou olhar por uma janela e nos fazer viajar em pensamentos. Quem sabe, esses pensamentos podem nos empurrar em viagens reais e essas viagens reais possam impulsionar novas músicas e novos pensamentos, em um constante movimento que teve início com uma canção, escutada quando estávamos imóveis (ou não).
Desta forma passei a ouvir música em movimento. Ao escolher o meu novo aparelho celular cuidei de optar por um que lesse cartões de memória e fosse um MP3 player de forma a matar dois coelhos com uma só carteirada. E consegui. Transferi algumas coisas para os 2GB (não tanto quanto gostaria) do meu cartão e passei a ouvir música enquanto ando a pé ou de bicicleta, de casa para o laboratório e vice-versa. Assim, além de ouvir música durante o trabalho e quando estou em casa, também posso passar a ouvir música no trajeto entre um e outro. Música, música, música.
Ponto positivo: a função shuffle do aparelho funciona bem contribuindo para a imprevisibilidade (dentro do limite do possível em 2GB) da faixa seguinte. Isso é muito legal pois nem sempre quero ter uma playlist definida a priori. Por vezes é muito interessante definir apenas os parâmetros iniciais e ver no que dá, como se as músicas fossem elementos químicos e a ordem em que elas se arranjassem tivessem algum significado maior do que as partes, formando um todo muito mais complexo.
Nesses 2GB eu coloquei um pouco do que estava à mão (no computador, digo): Maré da Adriana Calcanhotto, Qualquer do Arnaldo Antunes (reforçando: Qualquer é o nome do álbum), Selmasongs da Bjork, Céu, Ceumar, Mariana Aydar, Marcelo Camelo, Editors, Interpol, Franz Ferdinand, System of a Down, Of Montreal, Radiohead, Roberta Sá e Yardbirds, dentre outros. A mais completa miscelânea capaz de fazer as mais absurdas combinações.
Mas, logo no primeiro dia, uma combinação um tanto bizarra aconteceu e me fez pensar bastante. E não estou mentindo. Pouco antes de eu chegar ao laboratório, começou a tocar "107 steps" do Selmasongs. Para aqueles que não viram "Dançando no Escuro" (Dancing in the Dark), belíssimo e muito triste filme do Lars Von Trier, feito no ano 2000 e com a minha musa musical Bjork em sua única atuação, por favor vejam. A próxima frase é perigosa para quem não assistiu. Vamos lá, essa música é da trilha sonora do filme e retrata os últimos 107 passos da personagem em direção à sua execução, já que ela foi condenada à morte por roubar (o seu próprio dinheiro) de seu vizinho, para pagar uma operação nos olhos de seu olho, evitando assim que ele também não enxergue, como ela, e possa ter uma vida normal. E a música começa com uma narração da contagem dos passos, que evolui lentamente para uma melancólica exaltação dos números.
O mais impressionante é que à medida que ela contava os passos para seu triste fim eu também subia uma escada, em direção à minha sala, e era inevitável pensar em começar a contar os degraus e pensar se também eu caminhava para uma execução ou apenas de volta para minha cela, digo, sala. Evidente que não, mas a coincidência foi interessante e exemplifica como a aleatoriedade pode rearranjar eventos e dar a eles um novo significado. E mais ainda, como o simples fato de ouvir música pode transformar atos simplórios como subir escadas, abrir portas ou olhar por uma janela e nos fazer viajar em pensamentos. Quem sabe, esses pensamentos podem nos empurrar em viagens reais e essas viagens reais possam impulsionar novas músicas e novos pensamentos, em um constante movimento que teve início com uma canção, escutada quando estávamos imóveis (ou não).
domingo, outubro 04, 2009
Filmes desde Cloverfield
Nossa, o último post sobre cinema desta bodega foi "Cloverfield". Assim, fica parecendo que não vi mais filmes desde lá. Não é verdade. Não vi tantos quantos gostaria, mas assisti Missão Impossível 3, Harry Potter 6, Intrigas de Estado, Inimigos Públicos, Budapeste, Sinédoque: Nova York, Duplicidade e Fim dos Tempos.
Se tivesse que escolher o melhor desta lista, ficaria em dúvida entre Sinédoque: Nova York (o melhor texto) e Duplicidade (o mais divertido). Mas Harry Potter, Missão Impossível, Intrigas e Inimigos são também muito bons filmes.
Mas, se tivesse que escolher o pior, não teria dúvida em apontar Fim dos Tempos, e com uma distância enorme para o segundo colocado (que seria Budapeste). Meu Deus, o que aconteceu com Shyamalan?? Os filmes dele caem um ou dois pontos, em termos de nota, a cada lançamento. Será que isso tem fim ou é o fim dos tempos?? Sexto Sentido, 10. Corpo Fechado, 9. Sinais, 7. A Vila, 6. A Dama na Água, 3. Fim dos Tempos, sei lá, 2. Dá até medo de pensar no que vem por aí.
Se tivesse que escolher o melhor desta lista, ficaria em dúvida entre Sinédoque: Nova York (o melhor texto) e Duplicidade (o mais divertido). Mas Harry Potter, Missão Impossível, Intrigas e Inimigos são também muito bons filmes.
Mas, se tivesse que escolher o pior, não teria dúvida em apontar Fim dos Tempos, e com uma distância enorme para o segundo colocado (que seria Budapeste). Meu Deus, o que aconteceu com Shyamalan?? Os filmes dele caem um ou dois pontos, em termos de nota, a cada lançamento. Será que isso tem fim ou é o fim dos tempos?? Sexto Sentido, 10. Corpo Fechado, 9. Sinais, 7. A Vila, 6. A Dama na Água, 3. Fim dos Tempos, sei lá, 2. Dá até medo de pensar no que vem por aí.
A Arte de Produzir Efeito sem causa
Mutarelli é doente. Quem assistiu Cheiro do Ralo sabe. Agora O Natimorto vai virar filme e também essa doença vai se proliferar para um público maior. Do último, eu vi a peça e fiquei extasiado.
Assim, foi um pouco decepcionante terminar a leitura de "A Arte de Produzir Efeito sem Causa", o primeiro Mutarelli que consumi no formato nativo. As doenças estão lá e muitas vezes me pegava pensando "ei, eu também faço isso" e, ato contínuo, ficando com medo de mim mesmo. O livro narra a desgraça de Júnior, do esfaçalamento de seu casamento e da perda do emprego à loucura gradativa após voltar à casa do pai. O desfecho é trágico e o clima pende para o non-sense no final. Afinal, estamos falando de um personagem que é sugado para o ralo do filme com o Selton Mello. Essa é uma boa imagem do que ocorre com o personagem do livro.
O livro é bom, mas não foi tão impactante quanto o filme e a peça. Não sei se foi a mídia ou o texto em si, mas tenho uma forte impressão que trata-se de problema com o conteúdo, já que em teoria o livro - que dependia apenas das imagens provocadas diretamente do autor no leitor - deveria ser a experiência mais forte dos três.
Assim, foi um pouco decepcionante terminar a leitura de "A Arte de Produzir Efeito sem Causa", o primeiro Mutarelli que consumi no formato nativo. As doenças estão lá e muitas vezes me pegava pensando "ei, eu também faço isso" e, ato contínuo, ficando com medo de mim mesmo. O livro narra a desgraça de Júnior, do esfaçalamento de seu casamento e da perda do emprego à loucura gradativa após voltar à casa do pai. O desfecho é trágico e o clima pende para o non-sense no final. Afinal, estamos falando de um personagem que é sugado para o ralo do filme com o Selton Mello. Essa é uma boa imagem do que ocorre com o personagem do livro.
O livro é bom, mas não foi tão impactante quanto o filme e a peça. Não sei se foi a mídia ou o texto em si, mas tenho uma forte impressão que trata-se de problema com o conteúdo, já que em teoria o livro - que dependia apenas das imagens provocadas diretamente do autor no leitor - deveria ser a experiência mais forte dos três.
Um dia para esquecer...
No último sábado, estava marcado para fazer uma visita em um apartamento que eu pretendia alugar. O horário: 15:00h.
OK, tudo bem. Mas na quinta-feira tinha iniciado uma greve no transporte público aqui de Lyon. Por falar nisso, nas 3 vezes em que vim aqui, peguei pelo menos um dia de greve em cada uma delas. Como disse um amigo que também estuda aqui: "greve, esporte nacional francês". Nunca tinha pegado, contudo, uma greve tão longa... até hoje continuam em greve.
Mas, voltando ao assunto, como o transporte público estava em greve, me preparei para fazer um caminho diferente para chegar ao tal apartamento. Estou em um hotel no bairro de Gerland e ao invés de pegar o metrô B, que fica há duas quadras do hotel e que ficou sem serviço por mais de uma semana, fui me lançar a um caminho diferente, para pegar um ônibus, para chegar ao metrô A, que me levava próximo do apartamento. E assim foi até o metrô A, que para meu espanto também estava fechado!!
Desespero. Restava pouco tempo para chegar ao local e não queria chegar atrasado, precisava alugar um apartamento... Um parêntesis então para explicar uma maravilha que temos aqui: as estações de velov, que são bicicletas. Além do ótimo serviço integrado de ônibus, trem, metrô e tramway, ainda tem as tais velóvs. Tem planos diários, semanais ou anuais. Por semana, você paga 3 euros e pode utilizar as bicicletas por uma semana, de graça. Basta sacá-las em uma estação e devolver em outra, tem um sistema que você informa uma identificação e senha, escolhe a bicicleta e ela é liberada e, depois, você devolve e ela é travada. Uma beleza.
Como estava atrasado e desesperado, lá fui eu de bicicleta rumo ao encontro. E de onde estava no metrô A até a estação que eu queria descer era chão, hein? E ainda tinha que parar, às vezes, para consultar o mapa. Enfim, tragicamente, cheguei na frente do apartamento uns 15 ou 20 minutos atrasado. Suado. Exausto.
E o que aconteceu?? Claro que não consegui falar com o proprietário!
A corretora que agendou o encontro disse que o sobrenome dele estaria na entrada do prédio e era "só chamar". Primeiro, o tal sobrenome não estava lá. Aqui eles não usam o nosso eficiente esquema de ter embaixo, nos prédios, os números dos apartamentos, independente dos nomes. Aqui, só tem os nomes. E, se essa lista não estiver atualizada, babau.
Bem, mas ao menos eu tinha o número do celular do cara. Mas, lógico, eu não tinha um celular para poder ligar. Não me desesperei, claro, andei mais um quilômetro em uma direção onde tinha visto uma tabacaria e comprei um cartão telefônico (7,50 euros o mais barato) e liguei para o proprietário... que não atendeu! Provavelmente, já tinha alugado e não queria mais ser incomodado.
O que fazer?? Voltar pra casa, claro. Neste momento, constato que ao descer da bicicleta e correr pro apartamento, acabei deixando o mapa dentro da cesta da bicicleta. Ou seja, estava morto, sem ter conseguido ver o apartamento e ainda sem mapa pra voltar pra casa. Uma beleza!
Ao menos, eu sabia um caminho (longuíssimo) que seria acompanhar o rio. Cidades com rio tem essa facilidade, desde que seu destino fique próximo ao rio como, graças a Deus, era o caso do meu hotel. Fiquei tranquilo e resolvi tomar um café para relaxar.
Depois disso, lá vou eu pegar novamente uma bicicleta e me atirar para as bandas do hotel, acompanhando o rio. Contudo, isso ocorreu em um sábado. E, para quem gosta muito de futebol pode ter notado, se estou no bairro de Gerland estou próximo ao estádio de Gerland. E neste sábado estava tendo um jogo do Lyon pelo campeonato francês. E eu, desavisado, chegando aqui no hotel com a bicicleta e não encontrando nenhuma estação livre para devolver a p*** da bicicleta. Estava triplamente massacrado de tanto pedalar, depois de um dia em que nada deu certo e, o pior, eu não sabia onde tinham outras estações para procurar onde devolver. Conhecia umas 3 ou 4 nas redondezas do hotel e todas elas cheias - lógico, com o transporte público parado, todo mundo veio ver o jogo de bicicleta.
Adotei uma estratégia boa, peguei a maior avenida aqui e segui ela na direção contrária ao estadio. Andei, sem dúvida, uns dois quilômetros, passei por 3 ou 4 estações cheias antes de encontrar uma estação com uma vaga para devolver a maldita bicicleta.
Feito isso, foi "só" voltar andando esses dois quilômetros de volta...
OK, tudo bem. Mas na quinta-feira tinha iniciado uma greve no transporte público aqui de Lyon. Por falar nisso, nas 3 vezes em que vim aqui, peguei pelo menos um dia de greve em cada uma delas. Como disse um amigo que também estuda aqui: "greve, esporte nacional francês". Nunca tinha pegado, contudo, uma greve tão longa... até hoje continuam em greve.
Mas, voltando ao assunto, como o transporte público estava em greve, me preparei para fazer um caminho diferente para chegar ao tal apartamento. Estou em um hotel no bairro de Gerland e ao invés de pegar o metrô B, que fica há duas quadras do hotel e que ficou sem serviço por mais de uma semana, fui me lançar a um caminho diferente, para pegar um ônibus, para chegar ao metrô A, que me levava próximo do apartamento. E assim foi até o metrô A, que para meu espanto também estava fechado!!
Desespero. Restava pouco tempo para chegar ao local e não queria chegar atrasado, precisava alugar um apartamento... Um parêntesis então para explicar uma maravilha que temos aqui: as estações de velov, que são bicicletas. Além do ótimo serviço integrado de ônibus, trem, metrô e tramway, ainda tem as tais velóvs. Tem planos diários, semanais ou anuais. Por semana, você paga 3 euros e pode utilizar as bicicletas por uma semana, de graça. Basta sacá-las em uma estação e devolver em outra, tem um sistema que você informa uma identificação e senha, escolhe a bicicleta e ela é liberada e, depois, você devolve e ela é travada. Uma beleza.
Como estava atrasado e desesperado, lá fui eu de bicicleta rumo ao encontro. E de onde estava no metrô A até a estação que eu queria descer era chão, hein? E ainda tinha que parar, às vezes, para consultar o mapa. Enfim, tragicamente, cheguei na frente do apartamento uns 15 ou 20 minutos atrasado. Suado. Exausto.
E o que aconteceu?? Claro que não consegui falar com o proprietário!
A corretora que agendou o encontro disse que o sobrenome dele estaria na entrada do prédio e era "só chamar". Primeiro, o tal sobrenome não estava lá. Aqui eles não usam o nosso eficiente esquema de ter embaixo, nos prédios, os números dos apartamentos, independente dos nomes. Aqui, só tem os nomes. E, se essa lista não estiver atualizada, babau.
Bem, mas ao menos eu tinha o número do celular do cara. Mas, lógico, eu não tinha um celular para poder ligar. Não me desesperei, claro, andei mais um quilômetro em uma direção onde tinha visto uma tabacaria e comprei um cartão telefônico (7,50 euros o mais barato) e liguei para o proprietário... que não atendeu! Provavelmente, já tinha alugado e não queria mais ser incomodado.
O que fazer?? Voltar pra casa, claro. Neste momento, constato que ao descer da bicicleta e correr pro apartamento, acabei deixando o mapa dentro da cesta da bicicleta. Ou seja, estava morto, sem ter conseguido ver o apartamento e ainda sem mapa pra voltar pra casa. Uma beleza!
Ao menos, eu sabia um caminho (longuíssimo) que seria acompanhar o rio. Cidades com rio tem essa facilidade, desde que seu destino fique próximo ao rio como, graças a Deus, era o caso do meu hotel. Fiquei tranquilo e resolvi tomar um café para relaxar.
Depois disso, lá vou eu pegar novamente uma bicicleta e me atirar para as bandas do hotel, acompanhando o rio. Contudo, isso ocorreu em um sábado. E, para quem gosta muito de futebol pode ter notado, se estou no bairro de Gerland estou próximo ao estádio de Gerland. E neste sábado estava tendo um jogo do Lyon pelo campeonato francês. E eu, desavisado, chegando aqui no hotel com a bicicleta e não encontrando nenhuma estação livre para devolver a p*** da bicicleta. Estava triplamente massacrado de tanto pedalar, depois de um dia em que nada deu certo e, o pior, eu não sabia onde tinham outras estações para procurar onde devolver. Conhecia umas 3 ou 4 nas redondezas do hotel e todas elas cheias - lógico, com o transporte público parado, todo mundo veio ver o jogo de bicicleta.
Adotei uma estratégia boa, peguei a maior avenida aqui e segui ela na direção contrária ao estadio. Andei, sem dúvida, uns dois quilômetros, passei por 3 ou 4 estações cheias antes de encontrar uma estação com uma vaga para devolver a maldita bicicleta.
Feito isso, foi "só" voltar andando esses dois quilômetros de volta...
Primeiras duas semanas
...e lá se vão duas semanas que me mudei. Mudei de Campo Grande, algo que por muito tempo quis, mas que na hora H causou uma profunda dor. Foram várias despedidas, na última semana antes da mudança e o clima de saudade, de que eu estaria perdendo muitas coisas como minha esposa, filhas, família, amigos, minhas comidas favoritas, meu futebol de domingo a tarde, meu fuso horário predileto.
Mudei. E nessas 2 semanas já passei por poucas e boas. Na primeira me adaptei ao fuso e cuidei de papeladas para a inscrição no doutorado. Na segunda corri feito um louco para alugar um apartamento, o que finalmente consegui na última sexta-feira. E corri à mil com o doutorado, já que estivemos em semana intensa, recebendo visita de pesquisadores da Itália e Holanda.
Mudei, mas nada mudou quanto à saudade, à falta que as coisas das quais me despedi fazem. Talvez, elas estejam se intensificando, me deixando mais sensível à tudo que remete ao Brasil e ao que lá deixei. Se vejo um cachorrinho passeando ou leio (ou ouço) falarem das minhas cachorras, já lacrimejo. Hoje, fiquei extremamente sensibilizado ao ouvir um álbum do Arnaldo Antunes, que estava ouvindo há uns 3 ou 4 meses com frequencia no Brasil. Tem uma música em que ele convida o ouvinte para passear e nesse momento também lacrimejei.
Bem, esse foi o post sentimental. Vou providenciar alguns mais curiosos ou divertidos sobre as aventuras vividas, em especial um envolvendo uma bicicleta alugada.
Mudei. E nessas 2 semanas já passei por poucas e boas. Na primeira me adaptei ao fuso e cuidei de papeladas para a inscrição no doutorado. Na segunda corri feito um louco para alugar um apartamento, o que finalmente consegui na última sexta-feira. E corri à mil com o doutorado, já que estivemos em semana intensa, recebendo visita de pesquisadores da Itália e Holanda.
Mudei, mas nada mudou quanto à saudade, à falta que as coisas das quais me despedi fazem. Talvez, elas estejam se intensificando, me deixando mais sensível à tudo que remete ao Brasil e ao que lá deixei. Se vejo um cachorrinho passeando ou leio (ou ouço) falarem das minhas cachorras, já lacrimejo. Hoje, fiquei extremamente sensibilizado ao ouvir um álbum do Arnaldo Antunes, que estava ouvindo há uns 3 ou 4 meses com frequencia no Brasil. Tem uma música em que ele convida o ouvinte para passear e nesse momento também lacrimejei.
Bem, esse foi o post sentimental. Vou providenciar alguns mais curiosos ou divertidos sobre as aventuras vividas, em especial um envolvendo uma bicicleta alugada.
quarta-feira, julho 29, 2009
...Reticências...
...Reticências...
Eu vejo um oceano em cada gota
deste licor de menta que insiste
em se derramar sobre a minha testa cansada
O caos coordena a direção dos pingos pelo meu rosto
A rosa dos ventos os conduz, amargurando-me
pois preciso de um amor psicografado.
Eu vejo um oceano em cada gota
deste licor de menta que insiste
em se derramar sobre a minha testa cansada
O caos coordena a direção dos pingos pelo meu rosto
A rosa dos ventos os conduz, amargurando-me
pois preciso de um amor psicografado.
domingo, julho 19, 2009
Curiosidade
Estava refletindo um dia desses sobre o que move as pessoas e o que as faz ser o que elas são. Mesmo no aspecto profissional, o que é que faz com que elas optem por essa ou aquela profissão. Existe mesmo algo como "vocação"? E, se sim, como ela se dá?
Na minha opinião, a resposta a essas perguntas é a curiosidade. E mesmo a vocação, se existir, se manifesta através dela.
Eu, por exemplo, não tenho a menor vocação para qualquer assunto relacionado a mecânica de automóveis. Não gosto do tema. Não me interessa, não desperta a minha curiosidade. Mas sou apaixonado por F1, mas isso se deve ao meu amor por esportes e por ter sido um grande fã de Ayrton Senna, época em que minha curiosidade por esportes era muito grande, a ponto de assistir a um jogo entre Ituano e Novorizontino pela Copa São Paulo de juniores de forma muito interessada.
E essa curiosidade que as crianças demonstram, por este ou aquele assunto, é que eu acredito que sejam os grandes condutores de suas vidas, suas personalidades e, possivelmente, de suas vidas profissionais.
Vou então tentar entender o porquê me interessei por computação. Morava em Costa Rica e tinha feito um curso de datilografia e, depois disso, um curso de datilografia em máquina elétrica. Um dos donos da escola de datilografia era o meu pai e ele havia comprado o primeiro computador da cidade, visando começar a oferecer também cursos de informática. Eu tinha de 14 para 15 anos. Computadores, eu conhecia, apenas de filmes e achava muito curioso o que se poderia fazer com eles, supondo que o que via nos filmes era verdade.
E foi assim, movido por muita curiosidade, que comecei a estudar, junto com meu pai, como funcionava um computador. Digitar eu já sabia, mas o computador ia muito além da máquina de escrever e até mesmo da máquina elétrica. Sim, ele era interativo. Foi com grande entusiasmo que aprendi a escrever textos no Wordstar e no Fácil - o equivalente ao Word, na época. Dominei o MS-DOS e seus comandos e até me tornei um instrutor de informática, apesar da pouca idade, na escola de meu pai. O computador se tornou um parceiro, substituiu o master-system que eu queria ganhar e zerava Prince of Persia em 20 e poucos minutos.
Meu pai e seu sócio firmaram um contrato com a prefeitura, para fornecer equipamentos e treinamento, além de fazer todo o "processamento de dados", o que incluia fazer todos os lançamentos de informações nos softwares utilizados pela prefeitura. Uma empresa de Campo Grande era a fornecedora das soluções. E, por descuido ou por praticidade, deixaram o código-fonte de alguns programas por lá. Como estava curioso por saber como funcionava a tal "programação de computadores", comprei alguns livros e comecei também a ler o código-fonte dos softwares da prefeitura. Aprendi muito com eles e complementei o conhecimento com os livros de Clipper e Dbase III Plus. Vendi vários sistemas para comércios da cidade e aprendi ali uma profissão.
Fiz o curso de Ciência da Computação muito curioso sobre o que aprenderia, basicamente pensava que seria um curso técnico, que me ensinaria uma linguagem por ano. Ledo engano, encontrei algo totalmente diferente, científico, de base, matemático. Aprendi o que era ciência de fato, aprendi a aprender e, principalmente, consegui dar valor às coisas certas no que se refere à computação. Linguagens, bah. Descobri a engenharia de software, os compiladores, as idéias por trás dos sistemas operacionais, a inteligência artificial...
Enfim, a curiosidade, que começou lá atrás, em como aprender a digitar (ou datilografar, para ser mais preciso) mais rapidamente, me guiou até aqui, prestes a iniciar um doutorado em biologia computacional.
Não creio que eu seja a exceção. É a curiosidade que nos torna quem somos. Afinal, o que desperta a sua curiosidade?
Na minha opinião, a resposta a essas perguntas é a curiosidade. E mesmo a vocação, se existir, se manifesta através dela.
Eu, por exemplo, não tenho a menor vocação para qualquer assunto relacionado a mecânica de automóveis. Não gosto do tema. Não me interessa, não desperta a minha curiosidade. Mas sou apaixonado por F1, mas isso se deve ao meu amor por esportes e por ter sido um grande fã de Ayrton Senna, época em que minha curiosidade por esportes era muito grande, a ponto de assistir a um jogo entre Ituano e Novorizontino pela Copa São Paulo de juniores de forma muito interessada.
E essa curiosidade que as crianças demonstram, por este ou aquele assunto, é que eu acredito que sejam os grandes condutores de suas vidas, suas personalidades e, possivelmente, de suas vidas profissionais.
Vou então tentar entender o porquê me interessei por computação. Morava em Costa Rica e tinha feito um curso de datilografia e, depois disso, um curso de datilografia em máquina elétrica. Um dos donos da escola de datilografia era o meu pai e ele havia comprado o primeiro computador da cidade, visando começar a oferecer também cursos de informática. Eu tinha de 14 para 15 anos. Computadores, eu conhecia, apenas de filmes e achava muito curioso o que se poderia fazer com eles, supondo que o que via nos filmes era verdade.
E foi assim, movido por muita curiosidade, que comecei a estudar, junto com meu pai, como funcionava um computador. Digitar eu já sabia, mas o computador ia muito além da máquina de escrever e até mesmo da máquina elétrica. Sim, ele era interativo. Foi com grande entusiasmo que aprendi a escrever textos no Wordstar e no Fácil - o equivalente ao Word, na época. Dominei o MS-DOS e seus comandos e até me tornei um instrutor de informática, apesar da pouca idade, na escola de meu pai. O computador se tornou um parceiro, substituiu o master-system que eu queria ganhar e zerava Prince of Persia em 20 e poucos minutos.
Meu pai e seu sócio firmaram um contrato com a prefeitura, para fornecer equipamentos e treinamento, além de fazer todo o "processamento de dados", o que incluia fazer todos os lançamentos de informações nos softwares utilizados pela prefeitura. Uma empresa de Campo Grande era a fornecedora das soluções. E, por descuido ou por praticidade, deixaram o código-fonte de alguns programas por lá. Como estava curioso por saber como funcionava a tal "programação de computadores", comprei alguns livros e comecei também a ler o código-fonte dos softwares da prefeitura. Aprendi muito com eles e complementei o conhecimento com os livros de Clipper e Dbase III Plus. Vendi vários sistemas para comércios da cidade e aprendi ali uma profissão.
Fiz o curso de Ciência da Computação muito curioso sobre o que aprenderia, basicamente pensava que seria um curso técnico, que me ensinaria uma linguagem por ano. Ledo engano, encontrei algo totalmente diferente, científico, de base, matemático. Aprendi o que era ciência de fato, aprendi a aprender e, principalmente, consegui dar valor às coisas certas no que se refere à computação. Linguagens, bah. Descobri a engenharia de software, os compiladores, as idéias por trás dos sistemas operacionais, a inteligência artificial...
Enfim, a curiosidade, que começou lá atrás, em como aprender a digitar (ou datilografar, para ser mais preciso) mais rapidamente, me guiou até aqui, prestes a iniciar um doutorado em biologia computacional.
Não creio que eu seja a exceção. É a curiosidade que nos torna quem somos. Afinal, o que desperta a sua curiosidade?
Cloverfield
Assisti na semana passada o bom Cloverfield, que no Brasil ganhou o sub-título "Monstro". Bizarro.
O enredo do filme é um fiapo: sem qualquer explicação, Nova York passa a ser atacada por um monstro gigante e, possivelmente, seus pequenos filhotes. Pronto.
Qual a expectativa possível para um filme assim? Dá para prender a atenção? O que ocorre, em geral, em filmes assim é que somos apresentados a alguns personagens no começo do filme e mal conseguimos identificar quem é quem à medida que eles começam a ser devorados e mortos, até que conseguimos saber quem é o casal de mocinhos, que inevitavelmente estava brigado e se reconcilia ao final do filme, salvando o planeta da ameaça.
Mas, para tornar Cloverfield algo diferente e muito mais interessante, o filme segue um caminho similar mas com uma diferença marcante e que gera resultado: Cloverfield é um documentário, à la A Bruxa de Blair, é verdade, mas um documentário.
No começo do filme, começa a ser exibido um filme feito no dia do ataque do monstro à cidade, provavelmente a partir de uma fita recuperada dos destroços e sendo assistida por nós, espectadores, e também provavelmente por pessoas do exército americano procurando entender o que houve. E essa é a graça da estória, este tom documental nos apresenta os personagens de forma muito mais orgânica e as reações aos ataques soam naturais, espontâneas. Sabemos apenas o que os próprios personagens sabem e entendemos suas motivações. No final das contas, a diferença está ai, nos preocupamos com os personagens.
Vale a pena visitar esse bom filme, que vai muito além do gênero horror, dando pequeno destaque à criatura e aos ataques e mais na boa edição, nas atuações e em soluções para que a "idéia" de documentário se mantenha realística. Esse é o ponto fraco, é difícil crer que os sujeitos ali envolvidos continuaram gravando tudo o que ocorria, dada a gravidade dos fatos e o seu envolvimento direto neles. Mas o esforço ao menos torna mais ou menos crível que fosse possível, um pouco por fazer do personagem que captura as imagens um verdadeiro paspalho, de quem você poderia esperar qualquer coisa, até mesmo continuar gravando os ataques mesmo correndo risco de morte.
4 estrelas em 5. Boa diversão com um formato inovador e bem construído.
O enredo do filme é um fiapo: sem qualquer explicação, Nova York passa a ser atacada por um monstro gigante e, possivelmente, seus pequenos filhotes. Pronto.
Qual a expectativa possível para um filme assim? Dá para prender a atenção? O que ocorre, em geral, em filmes assim é que somos apresentados a alguns personagens no começo do filme e mal conseguimos identificar quem é quem à medida que eles começam a ser devorados e mortos, até que conseguimos saber quem é o casal de mocinhos, que inevitavelmente estava brigado e se reconcilia ao final do filme, salvando o planeta da ameaça.
Mas, para tornar Cloverfield algo diferente e muito mais interessante, o filme segue um caminho similar mas com uma diferença marcante e que gera resultado: Cloverfield é um documentário, à la A Bruxa de Blair, é verdade, mas um documentário.
No começo do filme, começa a ser exibido um filme feito no dia do ataque do monstro à cidade, provavelmente a partir de uma fita recuperada dos destroços e sendo assistida por nós, espectadores, e também provavelmente por pessoas do exército americano procurando entender o que houve. E essa é a graça da estória, este tom documental nos apresenta os personagens de forma muito mais orgânica e as reações aos ataques soam naturais, espontâneas. Sabemos apenas o que os próprios personagens sabem e entendemos suas motivações. No final das contas, a diferença está ai, nos preocupamos com os personagens.
Vale a pena visitar esse bom filme, que vai muito além do gênero horror, dando pequeno destaque à criatura e aos ataques e mais na boa edição, nas atuações e em soluções para que a "idéia" de documentário se mantenha realística. Esse é o ponto fraco, é difícil crer que os sujeitos ali envolvidos continuaram gravando tudo o que ocorria, dada a gravidade dos fatos e o seu envolvimento direto neles. Mas o esforço ao menos torna mais ou menos crível que fosse possível, um pouco por fazer do personagem que captura as imagens um verdadeiro paspalho, de quem você poderia esperar qualquer coisa, até mesmo continuar gravando os ataques mesmo correndo risco de morte.
4 estrelas em 5. Boa diversão com um formato inovador e bem construído.
A Cura de Schopenhauer
Antes de falar deste livro, um breve comentário sobre "Quando Nietzsche Chorou" (QNC), obra mais famosa do mesmo autor e que eu li no ano passado. Me causou um profundo impacto, principalmente pela forma como questiona a forma como vivemos, nossas escolhas, nosso comodismo. A frase retórica "o que você faria se não estive consumido" - que não é utilizada exatamente desta forma - teve muito impacto em mim, bem como a terapia proposta por Nietzsche para seu "terapeuta" e a teoria do eterno retorno, de viver uma vida que você não se importaria em repetir por toda a eternidade, mas levando isso em conta a cada pequeno gesto, a cada decisão, a cada ato.
Porém, apesar da força das idéias do livro, em termos literários não se pode dizer que QNC seja um primor. Apesar da densidade dos temas abordados, a leitura era fácil por dois motivos: o autor não tinha pretensão estilística e buscava uma escrita fácil (de aeroporto, como dizem) e, talvez já supondo que o leitor não estivesse tão atento, o recurso de repetir tudo o que é dito três vezes, uma vez no encontro entre os dois personagens principais e depois nos pequenos resumos que eles faziam, em suas anotações.
A Cura de Schopenhauer (ACS) também traz o nome de um famoso filósofo em seu título e as semelhanças não param por aí. Também aqui, os pensamentos de um filósofo são utilizados como terapia. Contudo, há diferenças importantes. Nietzsche era um personagem do outro livro e a psicanálise estava apenas engatinhando, sendo testada, na trama de QNC. Já em ACS, o filósofo-título é apenas referenciado por um dos personagens, a trama se dá, quase que integralmente, em uma sala de terapia em grupo e a estória se passa no mundo contemporâneo.
Nos dois casos, é interessante observar como o sexo e os relacionamentos são os assuntos predominantes em terapias. Nada de surpreendente, é claro. De fato, nada mais complexo e perturbador. Será que ninguém procura um terapeuta por que acha que não tem uma boa caligrafia?
Em A Cura de Schopenhauer conhecemos um pouco mais do pensamento deste austríaco/alemão, pessimista, misantropo, solitário e genial. Não fui tão tocado pelos seus pensamentos quanto pelos de Nietzsche. Se esses livros do Yalom serviram para alguma coisa, foi para me apresentar um bom resumo e de maneira bastante acessível sobre os pensamentos destes dois filósofos e também por apresentar com detalhes, principalmente em ACS, a dinâmica de uma terapia.
O enredo é simples: acompanhamos as sessões de uma terapia de grupo e a dinâmica entre estes personagens. Tem o homem viril, rude e explosivo, a mulher bonita que não se sente interessante, o homem com memória fotográfica mas dificuldade de expressar seus sentimentos, a mulher que se sente rejeitada por não atender os padrões de beleza, enfim, um cenário típico de problemas que vão além da caligrafia. E temos Philip, que curou um comportamento obsessivo do passado - depois de ter procurado por diversos tipos de tratamento - através do pensamento de Schopenhauer. E o terapeuta, Julius, que havia tratado Philip sem sucesso no passado e que agora descobre-se com doença terminal e tendo que conduzir o grupo e, em especial, dando-se mais uma chance de agir positivamente por Philip.
Novamente, não vejo muito mérito literário, mas trata-se de leitura que prende a atenção e instrui, como manda um bom best-seller.
Porém, apesar da força das idéias do livro, em termos literários não se pode dizer que QNC seja um primor. Apesar da densidade dos temas abordados, a leitura era fácil por dois motivos: o autor não tinha pretensão estilística e buscava uma escrita fácil (de aeroporto, como dizem) e, talvez já supondo que o leitor não estivesse tão atento, o recurso de repetir tudo o que é dito três vezes, uma vez no encontro entre os dois personagens principais e depois nos pequenos resumos que eles faziam, em suas anotações.
A Cura de Schopenhauer (ACS) também traz o nome de um famoso filósofo em seu título e as semelhanças não param por aí. Também aqui, os pensamentos de um filósofo são utilizados como terapia. Contudo, há diferenças importantes. Nietzsche era um personagem do outro livro e a psicanálise estava apenas engatinhando, sendo testada, na trama de QNC. Já em ACS, o filósofo-título é apenas referenciado por um dos personagens, a trama se dá, quase que integralmente, em uma sala de terapia em grupo e a estória se passa no mundo contemporâneo.
Nos dois casos, é interessante observar como o sexo e os relacionamentos são os assuntos predominantes em terapias. Nada de surpreendente, é claro. De fato, nada mais complexo e perturbador. Será que ninguém procura um terapeuta por que acha que não tem uma boa caligrafia?
Em A Cura de Schopenhauer conhecemos um pouco mais do pensamento deste austríaco/alemão, pessimista, misantropo, solitário e genial. Não fui tão tocado pelos seus pensamentos quanto pelos de Nietzsche. Se esses livros do Yalom serviram para alguma coisa, foi para me apresentar um bom resumo e de maneira bastante acessível sobre os pensamentos destes dois filósofos e também por apresentar com detalhes, principalmente em ACS, a dinâmica de uma terapia.
O enredo é simples: acompanhamos as sessões de uma terapia de grupo e a dinâmica entre estes personagens. Tem o homem viril, rude e explosivo, a mulher bonita que não se sente interessante, o homem com memória fotográfica mas dificuldade de expressar seus sentimentos, a mulher que se sente rejeitada por não atender os padrões de beleza, enfim, um cenário típico de problemas que vão além da caligrafia. E temos Philip, que curou um comportamento obsessivo do passado - depois de ter procurado por diversos tipos de tratamento - através do pensamento de Schopenhauer. E o terapeuta, Julius, que havia tratado Philip sem sucesso no passado e que agora descobre-se com doença terminal e tendo que conduzir o grupo e, em especial, dando-se mais uma chance de agir positivamente por Philip.
Novamente, não vejo muito mérito literário, mas trata-se de leitura que prende a atenção e instrui, como manda um bom best-seller.
Livros
Já que este é o espaço no qual registro meus pensamentos e fiz alguns posts sobre música e também publiquei alguns dos textos que escrevi para o trabalho que chamo "Para Todos Nós que me Habitamos", resolvi aproveitar que minha relação com este blog está se estreitando e publicar aqui também minhas opiniões também sobre os livros que estiver lendo e os filmes que ver. Além de falar de música, que é minha força-motriz.
Bem, decidir falar sobre os livros que leio significa dizer que, por ano, teremos 2 posts sobre o assunto. Ao menos, se eu mantiver esta ridícula média anual que não me dá nenhum orgulho. Pior ainda quando constato que tenho dado total preferência aos livros de fácil leitura e relegado a segundo plano até mesmo os planos de adentrar leituras mais densas, como minha coleção dos pensadores. Bem, este ano li um Dan Brown - Anjos & Demônios - e terminei hoje A Cura de Schopenhauer. Ano passado, lembro de ter lido o Harry Potter 7 e também Quando Nietzche Chorou. Vejamos nesses próximos meses como será, se me darei por satisfeito apenas com esses dois títulos, lidos até aqui, ou se vou conseguir acrescentar ao menos mais uns 3 ou 4 livros no meu rol de lidos em 2009.
Bem, decidir falar sobre os livros que leio significa dizer que, por ano, teremos 2 posts sobre o assunto. Ao menos, se eu mantiver esta ridícula média anual que não me dá nenhum orgulho. Pior ainda quando constato que tenho dado total preferência aos livros de fácil leitura e relegado a segundo plano até mesmo os planos de adentrar leituras mais densas, como minha coleção dos pensadores. Bem, este ano li um Dan Brown - Anjos & Demônios - e terminei hoje A Cura de Schopenhauer. Ano passado, lembro de ter lido o Harry Potter 7 e também Quando Nietzche Chorou. Vejamos nesses próximos meses como será, se me darei por satisfeito apenas com esses dois títulos, lidos até aqui, ou se vou conseguir acrescentar ao menos mais uns 3 ou 4 livros no meu rol de lidos em 2009.
quarta-feira, julho 08, 2009
PARA TODOS NÓS QUE ME HABITAMOS - O Mar e as borboletas
O MAR E AS BORBOLETAS
À medida que o tempo passa, aumenta a minha tristeza
Minha felicidade está vinculada ao tempo
Porém, devo reconsiderar, já que o tempo afasta
ao mesmo tempo que aproxima.
Olho no espelho, meus dentes estão trincados...
À medida que o tempo passa, aumenta a minha tristeza
Minha felicidade está vinculada ao tempo
Porém, devo reconsiderar, já que o tempo afasta
ao mesmo tempo que aproxima.
Olho no espelho, meus dentes estão trincados...
quinta-feira, julho 02, 2009
PARA TODOS NÓS QUE ME HABITAMOS - Coleção do Diabo
Fiz uma compilação de textos meus em 2002 e a batizei de Para Todos Nós que Me Habitamos, já que tratava-se de textos escritos em fases muito diferentes e com propósitos tão diversos, representando vários eus. Aos poucos pretendo publicar esses textos aqui no blog, juntamente com os textos da outra coletânea, Meu Reflexo em um Caco de Vidro.
Coleção do Diabo (Devil's Collection)
Todas as palavras, as palavras mais belas
De nada me adiantariam...
Algumas formas de expressão, talvez as mais sinceras
quem sabe, resolveriam...
Mas o que de fato eu preciso
Só depende de mim...
É daí que vem toda a minha fúria:
uma coleção de pequenas coisas
que juntas são suficientes
para tornarem-me
uma espécie de ovo
que esperou demais.
Nem mesmo as mais belas palavras
Escritas com as mais belas letras
Seriam capazes de saciar a vontade
De demonstrar o que eu sinto...
Coleção do Diabo (Devil's Collection)
Todas as palavras, as palavras mais belas
De nada me adiantariam...
Algumas formas de expressão, talvez as mais sinceras
quem sabe, resolveriam...
Mas o que de fato eu preciso
Só depende de mim...
É daí que vem toda a minha fúria:
uma coleção de pequenas coisas
que juntas são suficientes
para tornarem-me
uma espécie de ovo
que esperou demais.
Nem mesmo as mais belas palavras
Escritas com as mais belas letras
Seriam capazes de saciar a vontade
De demonstrar o que eu sinto...
Música com personalidade e a crise da novidade
Dois temas. Começo pelo segundo. Acredito e noto no comportamento dos próximos que vivemos uma crise da busca pela novidade, em termos de consumo de arte ou entretenimento. Explico, essa crise ocorre quando o que nos sacia é sempre o novo. É evidente que o conceito de qualidade não se perde nessa busca, mas ele é relativizado.
A idéia é mais ou menos a seguinte: não importa se Pato Fu lançou 6 álbuns memoráveis até 2002, com relação aos quais eu tenho o maior apreço. Eu continuo buscando coisas novas, sempre, ainda que não encontre nada tão bom quanto as músicas e músicos que já conhecia e apreciava. E isso ocorre de tal forma que eu consigo passar 10 anos sem ouvir um álbum tão bom quanto Televisão de Cachorro, que eu retomei agora também como parte do processo de "transposição de mídia" dos meus CDs. Eventualmente, em rodas de amigos, ouvia novamente "Antes que Seja Tarde" ou "Canção para Você viver mais", mas já havia muito que não ouvia as ótimas "Nunca Diga", "Licitação" e "Boa Noite".
E aqui é o ponto do primeiro tema. Música com personalidade. Não é legal quando pelo timbre do vocalista ou pelo estilo do riff de guitarra ou pela harmonia dos diferentes elementos no arranjo você consegue identificar o artista, com poucos segundos de música, ainda que talvez seja a sua primeira audição? Como não reconhecer uma música do Smiths/Morrissey? Ou do Pearl Jam, ainda que hajam imitações? Como não reconhecer uma música do Pato Fu, na sua boa fase? Das que citei acima, as duas últimas, com certeza absoluta, só poderiam ter sido compostas por esta banda. Seria impossível conceber que outro conjunto de pessoas pudesse fazer músicas como aquelas, é algo único, identificável sem ser previsível, contagiante por sua natureza única e diversa, é o resultado da combinação artística de pessoas atuando em sua plenitude e isso não pode ser reproduzido ao acaso.
Diferente de tantas e tantas novidades que assumem rótulos que servem para embalar mas também para limitar, enlatar e, assim, mesmificar.
Nada contra as novidades, também vivo em busca delas e diversas são as vezes em que elas me trazem de volta um sorriso ao rosto. Só não acho justo deixar de visitar amigos tão caros e queridos apenas por esta necessidade de novas aventuras. Espero ser mais fiel a partir de agora.
A idéia é mais ou menos a seguinte: não importa se Pato Fu lançou 6 álbuns memoráveis até 2002, com relação aos quais eu tenho o maior apreço. Eu continuo buscando coisas novas, sempre, ainda que não encontre nada tão bom quanto as músicas e músicos que já conhecia e apreciava. E isso ocorre de tal forma que eu consigo passar 10 anos sem ouvir um álbum tão bom quanto Televisão de Cachorro, que eu retomei agora também como parte do processo de "transposição de mídia" dos meus CDs. Eventualmente, em rodas de amigos, ouvia novamente "Antes que Seja Tarde" ou "Canção para Você viver mais", mas já havia muito que não ouvia as ótimas "Nunca Diga", "Licitação" e "Boa Noite".
E aqui é o ponto do primeiro tema. Música com personalidade. Não é legal quando pelo timbre do vocalista ou pelo estilo do riff de guitarra ou pela harmonia dos diferentes elementos no arranjo você consegue identificar o artista, com poucos segundos de música, ainda que talvez seja a sua primeira audição? Como não reconhecer uma música do Smiths/Morrissey? Ou do Pearl Jam, ainda que hajam imitações? Como não reconhecer uma música do Pato Fu, na sua boa fase? Das que citei acima, as duas últimas, com certeza absoluta, só poderiam ter sido compostas por esta banda. Seria impossível conceber que outro conjunto de pessoas pudesse fazer músicas como aquelas, é algo único, identificável sem ser previsível, contagiante por sua natureza única e diversa, é o resultado da combinação artística de pessoas atuando em sua plenitude e isso não pode ser reproduzido ao acaso.
Diferente de tantas e tantas novidades que assumem rótulos que servem para embalar mas também para limitar, enlatar e, assim, mesmificar.
Nada contra as novidades, também vivo em busca delas e diversas são as vezes em que elas me trazem de volta um sorriso ao rosto. Só não acho justo deixar de visitar amigos tão caros e queridos apenas por esta necessidade de novas aventuras. Espero ser mais fiel a partir de agora.
quarta-feira, junho 24, 2009
Música Raivosa
Música é algo que me acompanha e sempre acompanhou. Posso dizer que nasci um músico frustrado.
Primeiramente, por não ter aprendido nenhum instrumento - e nem ter sido muito incentivado à música, na primeira infância, algo irreversível. Mas tive uma infância na presença dela. Meu pai, outrora músico, ainda tinha uma vasta coletânea e insistia em tentar aprender a tocar teclado e em ver minha irmã tocando violão. Essa mesma irmã chegou a cursar aulas de piano por mais de um ano e, com ela, aprendi a ouvir rock'n'roll. E minha mãe contribuiu com Roberto Carlos, alguns "clássicos" sertanejos e "música romântica" - Paul Mauriat incluído - da melhor qualidade. Posso dizer que minha mãe sofreu uma metamorfose desde essa época até hoje, sendo capaz de pedir de aniversário para mim um CD do Nick Cave. ;-)
E eu? Bem, desenvolvi um gosto particular por música e, em especial, por letras de música. Minha necessidade de palavras que evocam sentimentos encontravam eco, inicialmente nas letras progidiosas de Renato Russo ou então cataclísmicas de Raul Seixas. Com o tempo, as letras de música me ofereceram o benefício secundário de aumentar consideravelmente o meu vocabulário de inglês, ao dedicar algumas horas para analisar, decodificar e buscar entender letras de músicas nesta língua. E valia de tudo, de A-ha e U2 a Tindersticks e Pearl Jam.
Porém sempre tinha aversão completa ao "hard-rock", "punk-rock", "heavy-metal" ou qualquer designação que remetesse a "música raivosa". Não entendia como era possível ouvir aquilo e até coisas que hoje considero leves, à época me soavam como gritos.
Durante a universidade essa barreira foi aos poucos sendo rompida, muito por influência de alguns amigos que apresentavam músicas interessantes de Rage Against the Machine a PIL. Comecei a entender melhor o poder de uma música raivosa com sentimento. Me afeiçoei a clássicos do Metallica e do Iron Maiden. Curti Rush. Fui aos poucos fazendo minhas próprias descobertas, ao ponto de me apaixonar por System of a Down sem qualquer influência, descobri catando clipes na MTV. Hoje, sou aficionado pelo SOAD. Música excelente, inclusive como trilha sonora para apoiar a concentração durante o trabalho. ;-)
Hoje voltei a ouvir Rage Against. Estou ripando para Mp3 todos os meus CDs, por ordem alfabética. Hoje terminei de ripar os Rs. Renato Russo, R.E.M, Radiohead, Roberta Sá, Ramones e por aí vai. E Rage Against. Quis ouvir "Killing in the Name" de novo, só para ver se ia gostar. Acho que lá já se iam alguns bons anos. E foi como reencontrar um velho amigo, que me ajudava a estudar para provas, que me ajudava a pular feito bobo na sala, sozinho, gritando e descontando no ar frustrações ou apenas permitindo extravasar emoções. Sim, foi um reencontro interessante e emocionante. Ouvi o álbum todo.
Não vejo a hora de chegar ao "S" e rever os velhos amigos de origem armena...
Primeiramente, por não ter aprendido nenhum instrumento - e nem ter sido muito incentivado à música, na primeira infância, algo irreversível. Mas tive uma infância na presença dela. Meu pai, outrora músico, ainda tinha uma vasta coletânea e insistia em tentar aprender a tocar teclado e em ver minha irmã tocando violão. Essa mesma irmã chegou a cursar aulas de piano por mais de um ano e, com ela, aprendi a ouvir rock'n'roll. E minha mãe contribuiu com Roberto Carlos, alguns "clássicos" sertanejos e "música romântica" - Paul Mauriat incluído - da melhor qualidade. Posso dizer que minha mãe sofreu uma metamorfose desde essa época até hoje, sendo capaz de pedir de aniversário para mim um CD do Nick Cave. ;-)
E eu? Bem, desenvolvi um gosto particular por música e, em especial, por letras de música. Minha necessidade de palavras que evocam sentimentos encontravam eco, inicialmente nas letras progidiosas de Renato Russo ou então cataclísmicas de Raul Seixas. Com o tempo, as letras de música me ofereceram o benefício secundário de aumentar consideravelmente o meu vocabulário de inglês, ao dedicar algumas horas para analisar, decodificar e buscar entender letras de músicas nesta língua. E valia de tudo, de A-ha e U2 a Tindersticks e Pearl Jam.
Porém sempre tinha aversão completa ao "hard-rock", "punk-rock", "heavy-metal" ou qualquer designação que remetesse a "música raivosa". Não entendia como era possível ouvir aquilo e até coisas que hoje considero leves, à época me soavam como gritos.
Durante a universidade essa barreira foi aos poucos sendo rompida, muito por influência de alguns amigos que apresentavam músicas interessantes de Rage Against the Machine a PIL. Comecei a entender melhor o poder de uma música raivosa com sentimento. Me afeiçoei a clássicos do Metallica e do Iron Maiden. Curti Rush. Fui aos poucos fazendo minhas próprias descobertas, ao ponto de me apaixonar por System of a Down sem qualquer influência, descobri catando clipes na MTV. Hoje, sou aficionado pelo SOAD. Música excelente, inclusive como trilha sonora para apoiar a concentração durante o trabalho. ;-)
Hoje voltei a ouvir Rage Against. Estou ripando para Mp3 todos os meus CDs, por ordem alfabética. Hoje terminei de ripar os Rs. Renato Russo, R.E.M, Radiohead, Roberta Sá, Ramones e por aí vai. E Rage Against. Quis ouvir "Killing in the Name" de novo, só para ver se ia gostar. Acho que lá já se iam alguns bons anos. E foi como reencontrar um velho amigo, que me ajudava a estudar para provas, que me ajudava a pular feito bobo na sala, sozinho, gritando e descontando no ar frustrações ou apenas permitindo extravasar emoções. Sim, foi um reencontro interessante e emocionante. Ouvi o álbum todo.
Não vejo a hora de chegar ao "S" e rever os velhos amigos de origem armena...
terça-feira, fevereiro 03, 2009
Aviões
Voltei de viagem. Viajei de avião. Tenho alguns breves comentários.
Assisti este vídeo do Seinfeld
http://www.youtube.com/watch?v=qY5AVBSjTAQ
Por volta do minuto 6:30h.
E quando os comissários de vôo deram as instruções de segurança e "apontaram" para as saídas de emergência foi difícil não dar risada. E também fui conferir a existência de espaço para barbeadores no banheiro, mas não encontrei no Fokker 100 (Lyon-Lisboa) e nem na outra aeronave que fez o trecho Lisboa-Brasília. Acho que os aviões americanos são mais completos. ;-)
É legal poder assistir filmes na viagem. Na ida, assisti "Viagem ao Centro da Terra" e "Hancock". E na volta, "Ghost Town". Optei sempre por filmes que não queria muito ver, pois apesar de "legal" para passar o tempo, a imagem não tem essa qualidade toda e a tela é muito pequena. Finalmente, legendas em português de Portugal não dá. É a mesma língua, mas é como se fossem línguas irmãs que brigaram na adolescência e nunca mais se falaram. Quanta diferença! Por vezes, me apoiei mais no áudio original do que nas legendas. Foi bom para aprender algumas gírias lusitanas. O próprio termo "giro", para "cool" ou "cute" que não é tão incomum, foi novidade para mim.
Finalmente, ainda me surpreende que batam palmas quando o avião pousa. Ocorreu no ano passado e também neste ano. É até natural a ansiedade em pousar após viagens longas, retornar ao solo. Mas é engraçado ver as pessoas aplaudindo entusiasmadas. É como se um pouso normal fosse o inesperado e merecesse uma ovação por ser bem-sucedido.
Assisti este vídeo do Seinfeld
http://www.youtube.com/watch?v=qY5AVBSjTAQ
Por volta do minuto 6:30h.
E quando os comissários de vôo deram as instruções de segurança e "apontaram" para as saídas de emergência foi difícil não dar risada. E também fui conferir a existência de espaço para barbeadores no banheiro, mas não encontrei no Fokker 100 (Lyon-Lisboa) e nem na outra aeronave que fez o trecho Lisboa-Brasília. Acho que os aviões americanos são mais completos. ;-)
É legal poder assistir filmes na viagem. Na ida, assisti "Viagem ao Centro da Terra" e "Hancock". E na volta, "Ghost Town". Optei sempre por filmes que não queria muito ver, pois apesar de "legal" para passar o tempo, a imagem não tem essa qualidade toda e a tela é muito pequena. Finalmente, legendas em português de Portugal não dá. É a mesma língua, mas é como se fossem línguas irmãs que brigaram na adolescência e nunca mais se falaram. Quanta diferença! Por vezes, me apoiei mais no áudio original do que nas legendas. Foi bom para aprender algumas gírias lusitanas. O próprio termo "giro", para "cool" ou "cute" que não é tão incomum, foi novidade para mim.
Finalmente, ainda me surpreende que batam palmas quando o avião pousa. Ocorreu no ano passado e também neste ano. É até natural a ansiedade em pousar após viagens longas, retornar ao solo. Mas é engraçado ver as pessoas aplaudindo entusiasmadas. É como se um pouso normal fosse o inesperado e merecesse uma ovação por ser bem-sucedido.
sexta-feira, janeiro 16, 2009
Teddy, House e Nerdcast
O Teddy me recomendou a série de TV House. Eu não gosto de séries "médicas" e tinha quase certeza de que não iria gostar da série. Mas o Teddy é amigo, me mostrou o episódio piloto, que afinal de contas tinha Massive Attack na trilha sonora e era dirigido pelo Bryan Singer (X-Men, X-Men 2, O Aprendiz, Os Suspeitos).
Bem, gostei do primeiro episódio - mas não foi tudo isso. Ele me emprestou a 1a. temporada, vi mais alguns episódios, gostei da dinâmica entre os personagens, da personalidade do personagem principal e da interpretação do Hugh Laurie. Ajuda o fato de ele não ser famoso antes, pois para mim ele É aquele cara, sarcástico, cruel e genial. E o fato dos episódios serem centrados nas relações entre a equipe e nas técnicas de diagnóstico fazem os textos serem impressionantemente ricos e poderosos. Esses dias, assistindo ao episódio 08 (Infidelidade) da 1a. temporada, me peguei vendo e revendo algumas cenas, para apreciar melhor certos diálogos. Enfim, House é de fato sensacional.
Outra recomendação do Teddy foi o Nerdcast, podcast do site Jovem Nerd. Nem foi uma recomendação, certo dia ele comentou algo sobre o Nerdcat e eu disse: "O quê?". A pergunta veio, quase ofensiva: "Você não sabe o que é nerdcast?". Meio envergonhado, estou agora reparando o erro. Estou ouvindo, desde o primeiro, e já ouvi até o 16o. Eles até que são engraçados e os temas são bacanas. Algumas tiradas são mesmo impagáveis e a portuguesa é sensacional.
Mas, das recomendações, eu agradeço muito mais por House!
Bem, gostei do primeiro episódio - mas não foi tudo isso. Ele me emprestou a 1a. temporada, vi mais alguns episódios, gostei da dinâmica entre os personagens, da personalidade do personagem principal e da interpretação do Hugh Laurie. Ajuda o fato de ele não ser famoso antes, pois para mim ele É aquele cara, sarcástico, cruel e genial. E o fato dos episódios serem centrados nas relações entre a equipe e nas técnicas de diagnóstico fazem os textos serem impressionantemente ricos e poderosos. Esses dias, assistindo ao episódio 08 (Infidelidade) da 1a. temporada, me peguei vendo e revendo algumas cenas, para apreciar melhor certos diálogos. Enfim, House é de fato sensacional.
Outra recomendação do Teddy foi o Nerdcast, podcast do site Jovem Nerd. Nem foi uma recomendação, certo dia ele comentou algo sobre o Nerdcat e eu disse: "O quê?". A pergunta veio, quase ofensiva: "Você não sabe o que é nerdcast?". Meio envergonhado, estou agora reparando o erro. Estou ouvindo, desde o primeiro, e já ouvi até o 16o. Eles até que são engraçados e os temas são bacanas. Algumas tiradas são mesmo impagáveis e a portuguesa é sensacional.
Mas, das recomendações, eu agradeço muito mais por House!
quarta-feira, janeiro 07, 2009
Lei do Trânsito
Diversas vezes ouvimos falar de acidentes causados por excesso de velocidade. E sabemos, também, que é verdade e que é irresistível acelerar, sentir a emoção e ganhar tempo, ainda mais em viagens por estradas pouco movimentadas.
Contudo, a lei brasileira diz que o limite máximo de velocidade é de 110 quilômetros, não é? Minha memória pode estar errada, faz um tempinho que fiz auto-escola, mas lembro-me que o limite máximo, para qualquer ponto do Brasil, não era alto. Colocando aí os 10% de tolerância, temos uma velocidade máxima de 120Km/h.
Então por que a lei brasileira permite que sejam comercializados carros que excedem esse limite? Não seria simples obrigar as montadoras a limitar a velocidade máxima de seus carros, impedindo assim que a lei fosse desrespeitada?
Quem sabe, poderiam existir carros com velocidade superior, mas utilizados apenas pela polícia, para facilitar a captura de bandidos em fuga. Ahá! ;-)
Contudo, a lei brasileira diz que o limite máximo de velocidade é de 110 quilômetros, não é? Minha memória pode estar errada, faz um tempinho que fiz auto-escola, mas lembro-me que o limite máximo, para qualquer ponto do Brasil, não era alto. Colocando aí os 10% de tolerância, temos uma velocidade máxima de 120Km/h.
Então por que a lei brasileira permite que sejam comercializados carros que excedem esse limite? Não seria simples obrigar as montadoras a limitar a velocidade máxima de seus carros, impedindo assim que a lei fosse desrespeitada?
Quem sabe, poderiam existir carros com velocidade superior, mas utilizados apenas pela polícia, para facilitar a captura de bandidos em fuga. Ahá! ;-)
Um ano depois...
E cá estou eu...
Olá meus (e)leitores. Caríssimos. Inexistentes. Assim espero, pois não é possível que nenhum de meus amigos tenha tanta fé em mim assim, para vir aqui espantar as moscas e averiguar se algo novo surgiu.
Lembro-me que uma das últimas vezes que escrevi algo aqui - prometendo freqüência, erro que não vou cometer desta vez - foi no início do ano passado. E, salvo engano, também estava aqui em Lyon.
Novidade de ano-novo: Vou passar 7 meses no Brasil e 5 na França este ano, sendo que os últimos 4 do ano já serão com residência fixa em Lyon e com a pretinha e as filhas conhecendo também o frio gostoso da França.
Olá meus (e)leitores. Caríssimos. Inexistentes. Assim espero, pois não é possível que nenhum de meus amigos tenha tanta fé em mim assim, para vir aqui espantar as moscas e averiguar se algo novo surgiu.
Lembro-me que uma das últimas vezes que escrevi algo aqui - prometendo freqüência, erro que não vou cometer desta vez - foi no início do ano passado. E, salvo engano, também estava aqui em Lyon.
Novidade de ano-novo: Vou passar 7 meses no Brasil e 5 na França este ano, sendo que os últimos 4 do ano já serão com residência fixa em Lyon e com a pretinha e as filhas conhecendo também o frio gostoso da França.
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