Às vezes esse blog parece falar muito de música e pouco de outras coisas que também me interessam. TV, por exemplo, não é uma dessas coisas. Assisto pouco, gosto de esportes, seriados, filmes. Mas filmes gosto mesmo é no cinema. Mas gosto também de programas de entrevistas. E tem um desta estirpe que acho genial: Zoombido, apresentado e idealizado pelo sensacional Paulinho Moska e exibido pelo Canal Brasil.
O programa é legal pois é um artista falando sobre sua arte com outros artistas. É diferentes de um Jô Soares e afins, onde em geral apresenta-se alguém completamente desconhecido ou, no outro extremo, já um medalhão e o Jô ou faz perguntas muito introdutórias, por um lado, ou então vira um bate-papo de botequim.
No Zoombido, Moska tem mais ou menos o mesmo repertório de perguntas, o que é compor, como é o seu processo, como você se sente ao terminar de compor uma nova música, enfim coisas que provavelmente o interessam profundamente em termos de comparação com seus próprios métodos. O cenário do programa é absolutamente relaxado e as pessoas conversam sentadas ora em poltronas ora no chão, descalças, confortáveis, sem nada muito pré-definido. É claro que as pessoas tocam suas composições - e as suas prediletas, não precisa ser o single da vez. E rolam jam sessions com o próprio Moska, o que é sempre empolgante.
No vídeo abaixo, por exemplo, Moska canta "10 Contados" ao lado da Céu, ótima cantora e compositora da nova (?) safra brasileira.
Por falar em Céu, neste mesmo programa ela também canta a belíssima "Mais um Lamento". Essa merece um post próprio.
Com tudo isso, já estou falando de música de novo. Mas o Zoombido é tão interessante que apresenta também outra fissura do Moska que é a fotografia. Durante as apresentações musicais, ele assume o papel de fotógrafo e registra a apresentação, sempre sob ângulos inusitados e utilizando muito fotos-em-reflexo, com a câmera mirando um espelho ou atravessando um vidro, copo, etc. de forma que a foto revele algo a mais do que apenas está sendo observado. Muito interessante e complementar.
Nas entrevistas, apesar do restrito repertório de perguntas, isso favorece na comparação entre os diferentes compositores. Apenas para ilustrar abaixo segue duas entrevistas com bons compositores: John (do Pato Fu) e Marcelo Camelo (ex Los Hermanos). Para um, as letras nascem primeiro enquanto para o outro a composição é dirigida pela melodia. E o John fala uma coisa muito legal e que eu corroboro: música é algo tão grande que existe uma música para cada estado de espírito e, mais ainda, existe uma música para te fazer passar de qualquer estado de espírito para outro.
Vejam que o John ainda faz uma comparação interessante, entre compositores que conseguem se juntar todos em uma sala, começam a falar daqui, tocar dali e depois de uma hora tem umas 3 ou 4 músicas. E ele comenta que esse não é o estilo dele, que precisa estar sozinho, mais concentrado, em um trabalho mais pessoal. Eu me sinto um pouco assim com relação ao trabalho de pesquisa, não consigo contribuir tanto em reuniões exploratórias, mas sinto que lá, no meu cantinho, consigo me organizar melhor e dar minha contribuição (póstuma).
Agora a entrevista do Camelo só dá para ver neste link. Não aceitou incorporar ao corpo do post...
E para finalizar essa pescaria sobre bons trechos do programa na web, um pouquinho de Adriana Calcanhotto:
Um comentário:
não cheguei a ver todos, mas Palindromo é bom demais da conta, o do Tarantino também é excelente [esse já tinha visto], valeu pelas dicas.
abraço
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