"(...) Die! die! die! die!
So what, it's your problem to learn to live with
Destroy us, or make us saints
We don't care, it's not our fault that we were born too late
A screaming headache on the brow of the state
Killing time is appropriate
To make a mess and fuck all the rest, we say, we say
So what? so what?
Die! die! die! die"
(Dilbert): Devemos comprar o plano de manutenção ou simplesmente correr o risco? O que você prefere?
(Chefe): Eu prefiro punir você por comprar o plano de manutenção e estourar o nosso orçamento. Mas eu também não me importo em te demitir se você não comprá-lo, caso precisemos dele no futuro.
(Chefe): Quem de nós tem o melhor trabalho?
(Tina): Wally, vamos almoçar?
(Wally): Não, obrigado. Eu sou digissexual.
(Tina): Quê?!
(Wally): Eu não sou mais atraído por pessoas.
(Wally): Eu só gosto de tecnologia.
(Wally): Pessoas me assustam. Vocês são basicamente um sistema de entrega de vírus, germes e pedidos de favores indecentes.
(Wally): Eu tô a fim de tirar uma foto sua, mas isso é o máximo...
(Tina): Essa é a conversa mais alucinada que eu já tive.
(Wally): ! (foto)!
(Wally): Obrigado Senhor pelo Photoshop!!!
(Calvin): Rrrrggghhhh! 25...
(Calvin): Ufa...
(Calvin): Rrrrggghhhh!! 5.2000!!
(Calvin): Exercícios são muito mais gratificantes se os contamos de acordo com nosso cansaço...
A cena musical de Campo Grande anda a mil... ex-cidade quente, cidade atual também agitada!
Joe Bel é uma das boas representantes da cena musical lyonnaise. No video abaixo (gravado na Passaralle du College, aqui em Lyon!), ela defende "Stronger" uma de suas composições.
Vai ter show dela aqui abrindo abrindo para o Asaf Avidan, em abril! Quem sabe eu vou!
"Baby, when you rely on me... when you cry in front of me you'll get stronger... but if you keep on showing nothing at all to me, we won't last longer"
O Jamiroquai ainda não tinha dado as caras aqui no blog e eis que agora, finalmente, resolve dar o ar da sua graça. A banda de Jay Kay é um dos (senão "o") principais nomes do acid jazz. A combinação dos diversos elementos musicais (ou "o groove") em suas canções é contagiante, com várias músicas privilegiando o baixo. Como a bela "Time Won't Wait", que já tem uma entrada com uma linha de baixo bastante marcante! Ouçam...
Pois bem, apesar de marcante ela acaba deixando de ser o fio condutor da música se o ouvido não está suficientemente atento. Uma vez que todos os instrumentos participam do arranjo, podemos nos perder no ritmo da música... e o baixo que tanto marcou no início pode ficar despercebido ou desvalorizado no restante da faixa, o que é uma pena.
No video abaixo, a baixista Marta Altesa grava-se tocando o baixo da música "Time Won't Wait", enquanto a versão original toca ao fundo. Eis ai o contraste musical de hoje, já que o fato de podermos focar nossa atenção na execução apenas do baixo sendo tocado nos permite apreciá-lo com muito mais ênfase, notando todos os realces que antes passavam negligenciados!
Não conhecia, até recentemente, os vídeos de "Bass Cover" ou "[Coloque o nome do instrumento aqui] Cover" que hoje povoam aos montes pela internet. São ótimos para auxiliar no aprendizado de quem se interessar mas, também, para permitir que acompanhemos com atenção um dos instrumentos que compõem o arranjo, ajudando a treinar o ouvido, a dar valor a cada elemento de uma composição. A própria Marta tem outros videos tocando Red Hot Chilli Peppers, Muse e Michael Jackson, por exemplo, mas diversos outros "vlogueiros" também oferecem suas performances.
Para finalizar, a música escolhida para ilustrar esse post tem potencial para figurar também no "quadro" Versos do Dia, com sua letra sobre a passagem do tempo e a mensagem de carpe diem. Seguem os versos selecionados para hoje: "
Hey, time won't wait for you Keeps on ticking away
Burning up every day (...)
She said, "time won't wait for you"
So do all the things you wanted to Better hurry up, take it in your stride"
(Calvin): Quando se é uma criança, você não experiencia coisas diferentes.
(Calvin): Você vive com seus pais e isso é tudo o que você sabe. Você cresce achando que tudo o que eles fazem é "normal".
(Pai): Ahh, que dia!! Levantei as 6h, corri 15km enquanto chovia e nevava e agora estou pronto para um bom pote de aveia! eu amo o hedonismo maluco dos fins de semana!
(Calvin): Bem, talvez "normal" seja uma palavra muito forte.
(Hobbes): Eu acho que a gente ia conseguir reconhecer "normal" se a gente visse...
Inaugurando meus textos
sobre viagens, vou descrever brevemente como foi o meu passeio pelos
castelos do vale do Loire, subindo para a Bretanha em Saint-Malo,
conhecendo o monte Saint-Michel e a praia do desembarque dos ataques
aliados do dia D, em Arromanches. Tudo isso começando e terminando em
Paris. Além de servir para mim como um registro da viagem, pode
servir como dicas para algum desavisado que apareça aqui no blog e
que esteja planejando fazer algo parecido. Ainda quero escrever
também sobre as experiências em Istanbul e Budapeste antes que a
memória comece a falhar!
Bom, alguns aspectos
práticos antes de descrever os passeios em si. O primeiro ponto é
que fiz o roteiro todo com um carro alugado. Peguei e devolvi o carro
na gare de Lyon, em Paris. Acho que os passeios em si ganham muito se
feitos com a liberdade que um carro proporciona, mas não sei se a
melhor alternativa é pegar em Paris. Para quem não conhece bem, o
trânsito da cidade é confuso e entregar o carro foi uma aventura.
Tudo bem que a Maria, meu GPS com sotaque lusitano, me fez a
agradável surpresa de passar ao lado da Torre Eiffel, do jardim das
Tuilleries e da Praça da Bastilha, no caminho de volta. Não consigo
pensar em um roteiro mais bonito mas, porém, também tumultuado. Uma
alternativa seria tentar reservar a partida de Blois ou Tours, cidades
do vale do Loire, e ir até elas de TGV a partir de Paris.
Organizei a minha
viagem de forma que eu acordava já nos lugares onde visitaria,
deixando os trajetos mais longos de carro para o fim do dia. Como eu
estava sozinho, era um pouco cansativo ter que dirigir (em um dos
trechos, 350km de Amboise a Saint-Malo) depois de ter andado durante
o dia todo. Mas consegui fazer tudo sem maiores problemas e mantendo
o prazer da jornada e das descobertas. A vantagem é que aproveitamos
bem as noites para dormir e estamos refeitos e prontos para os
passeios logo cedo no dia seguinte, fazendo o dia render.
Fiz os meus passeios no
início de março e tive sorte de já ter tempo bom, em geral
ensolorado, na Normandia e Bretanha! Fazia entre 10 e 15 graus e
anoitecia por volta das 19h. Paris, na contramão, me recebeu sempre
com temperaturas entre 0 e 5 graus e nublada.
Fiz o passeio em um dia
mas acho que o recomendável são dois. Cheguei no fim de tarde em
Blois, onde dormi. No dia seguinte passei por 6 castelos (Castelo Real
de Blois, Chambord, Cheverny, Chenonceau, Amboise e Chaumont-sur-Loire) e visitei 3
deles, os que estão com os nomes sublinhados.
Blois é a cidade que
abriga o Castelo Real, que fica encravado no centro da cidade. Não
fiz a visita interna, que deve ser interessante e cheia de história.
Em termos de paisagem, não vale a pena, os castelos que ficam no
campo ou à beira do rio são muito mais interessantes e bonitos. Portanto, se
for passar por Blois que seja para a visita interna do castelo. Uma
sugestão seria de começar o dia lá (pois é uma cidade um pouco maior e tem mais opções de hotel), fazer a visita e depois sair em
direção aos outros castelos (se for fazer 2 dias de visitações).
No final das contas,
Blois serviu apenas de base operacional para o início da jornada.
Comprei um sanduíche, suco e água (meu almoço seria rapidinho para
aproveitar bem o dia), saquei dinheiro e segui para Chambord. Aqui
outra dica: tinha visto que vários castelos não aceitam pagamento
em cartão para valores baixos, mas não é verdade. Consegui pagar
todas as entradas com cartão.
Fui para Chambord, que
é o maior dos castelos da região do Loire. Muito bonito! Ali senti
que o passeio estava de fato começando. Paguei a entrada só para
ver a escadaria em dupla hélice (dupla revolução), possivelmente
planejada por Da Vinci. Ela é projetada de maneira que duas pessoas
conseguem, simultaneamente, subir e descer sem se cruzarem. Há ainda
uma exibição de carruagens e outras coisas mais a ver, como uma bela vista panorâmica de um belo e grandioso bosque... mas, para mim, o que valeu mesmo foi ver
a escadaria!
De lá fui para
Cheverny, um castelo que serviu de inspiração para Hergé e aparece
nas histórias de Tintin, com o nome de Castelo de Moulinsart. O castelo é mobiliado internamente, o que
ajuda muito a tornar a visita interessante, pois aguça a imaginação.
Os jardins do castelo são muito bonitos e há um canil, que é marca
registrada do local. Aparentemente, treinam cães para auxiliar na
caça, mas não pude visitar pois o canil estava fechado para reforma.
Segui então para
Chenonceau, onde moraram 7 rainhas francesas (dai o apelido de "Castelo das 7 Rainhas"), incluindo Catarina de
Médici. Foi o mais bonito dos três que visitei. Também guarda
mobília interna, rica em detalhes. Tem uma galeria que foi
construída sobre uma ponte, no rio Cher. Há vários jardins e
bosques, um labirinto-vivo, enfim, foi o meu passeio preferido na
região. Recomendo, é imperdível.
De lá passei também
por Amboise, que foi a cidade onde morreu Da Vinci. O castelo é
imenso e também fica encravado no meio da cidade, o que dificulta a
sua visualização completa. Há ainda um museu na casa onde foi a
última morada de Da Vinci, que tem um parque muito bonito!
Para fechar, dirigi pela estrada à beira do rio Loire até chegar a Chaumont-sur-Loire, para ver
o último castelo antes de seguir viagem para Saint-Malo, onde o
relato da viagem continua.
Acordei em Saint-Malo e
aproveitei o belíssimo dia de sol na Bretanha (raridade) para
conhecer a praia e a cidade intra-muros, bem como as ilhotas que a
circundam. Foi um passeio muito gostoso, especialmente pelo clima
super agradável.
A praia é bem grande e
é possível visitar o forte municipal (ao fundo, na foto acima) e as outras duas formações
rochosas (Petit Bé e Grand Bé), que ficam à beira da praia, tudo
caminhando, o que já preenche algumas horas agradáveis de passeio.
Aproveitei o céu límpido, a temperatura agradável (15 graus) e o
sol para ficar ouvindo o barulho do mar. É gozado que em Grand Bé
tem um túmulo de um “grande escritor francês” que pediu para
ser sepultado ali, ouvindo o vento e o mar pela eternidade. E ele não
é identificado. Curioso.
A cidade intra-muros e
a sua catedral são interessantes, principalmente pelo fato de
aparentarem uma idade que não tem. Mais de 80% da cidade foi
destruída em bombardeiros durante a 2a. Guerra. O que não tira o
encanto do lugar, que outrora serviu como cidade-base de piratas, com
seu porto natural.
Almocei galette +
crepes (típico!) e segui para o Monte Saint-Michel, que fica a 50km
dali. A sensação de finalmente avistar o monte, ainda de longe, é
indescritível. Que lugar mítico, fascinante. Eu havia decidido
pernoitar por ali, fazendo um passeio para fotos na parte da tarde e
a visita à Abadia, com calma, na manhã seguinte. E foi uma decisão
muito acertada, visto que na parte da manhã havia neblina que
impedia completamente a vista! E, pelo que me informei, esse cenário
é bastante normal.
Há 3 possibilidades de
hospedagem. Ficar dentro do monte, ficar fora do monte mas em
um dos hotéis que ficam próximos à ponte de acesso (um vilarejo interno) ou ficar em uma
das cidadezinhas próximas ao monte. Optei pela terceira,
principalmente pelo aspecto financeiro. Ficar dentro do monte é
bastante caro, mas a segunda opção (vilarejo) tinha um hotel (Hotel Vert)
acessível, preço muito próximo do que paguei para ficar a 5km
dali. Não me arrependo, contudo, pois de lá também tinha vista
para o monte, com as ovelhas pastando, que compõem tão bem a
paisagem! E ainda pude alugar uma bicicleta no hotel e pedalar pela
região, fazendo a visita ao monte de maneira diferente, divertida e
que proporcionou diversos pontos diferentes para fotos! E que dia
lindo foi o da minha visita, céu super azul, sol, tudo incrível!
No sábado pela manhã
amanheceu muito neblinado no monte Saint-Michel. De forma que mesmo a
poucos metros de distância era impossível vê-lo... sendo que na
tarde do dia anterior ele se apresentava imponente no horizonte,
mesmo a mais de 5km de distância, lá do hotel. Fiz a visita da
Abadia e “entrei de gaiato” em uma visita guiada. O texto que a
guia recitava era super interessante e fez valer ainda mais a visita.
Recomendo!
Aprendi, por exemplo,
que o bispo de Avranches mandou construir a abadia no início do
século 8 quando, segundo a lenda, o arcanjo Miguel apareceu para ele
em sonhos, por três noites consecutivas. As construções tiveram
que se adaptar à geologia do local o que acabou forçando a
construção piramidal que hoje observamos. Gostei especialmente de
dois trechos sobre a Merveille, como é chamado o Monte
Saint-Michel e, em especial, seu jardim interno reservado para as
meditações dos monges beneditinos que ali habitavam. Esse jardim é
cercado por uma área coberta para auxiliar na circulação entre as
partes da abadia e é sustentado por 137 pilares. Há uma
interpretação curiosa sobre o porquê dos 137 pilares. O número
137 é explicado através de uma decomposição em 1-3-7, sendo o 1 a
unicidade divina e a vida em comum dos monges, o 3 representando a
santíssima trindade e o 7, os sete dias da semana (a maravilha da
criação) e os 7 pecados capitais (a eterna luta do bem contra o
mal).
Além disso, haviam 3
pisos sobrepostos em camadas, o inferior sendo o refeitório, o
intermediário a biblioteca/sala de manuscritos e o superior a
“merveille”, a sala do retiro espiritual. Alimentos para o corpo
(primordial/básico), o intelecto (humano) e o espírito. Genial!
Evidentemente que também registrei o monte à noite!
Segui dali para
Granville, uma antiga vila de pescadores que tem uma bela praia! Foi
uma visita agradável e uma boa parada entre as visitas ao Monte e a
Aromanches, o local do desembarque das tropas aliadas no dia D.
Quando cheguei lá, por
volta das 17h30, os museus já estavam fechados. Há o Museu do
Desambarque e um Museu Cinema 360o, que não pude conferir. Mas ainda
assim foi muito legal passear pela praia e ver o que restou do porto
flutuante (port Winston), que foi montado à época das batalhas.
Local que respira essa história de luta e que abrigou passagem
marcante da segunda guerra.
Para finalizar a viagem
e meu dia, segui para Rouen, a cidade onde Joanna d'Arc foi morta.
Escolhi essa cidade pois era próxima de Paris (130km), portanto já
seria a meio caminho do meu retorno, facilitando a entrega do carro
no horário no dia seguinte. Para minha surpresa, o endereço do
hotel não existia no GPS... apontei então para “centro da cidade”
e rumei. Lá chegando, tive a desagradável surpresa de notar que o
GPS não conhecia Rouen! Mandava virar em várias ruas que não
existiam e ficou completamente perdido! Se eu o seguisse, teria caído
várias vezes no Sena, que corta a cidade. Parei em um outro hotel no
caminho (Ibis) e pedi informação, ainda bem que a recepcionista foi
super simpática, me deu um mapa, rabiscou o caminho que eu devia
fazer e consegui finalmente achar o hotel! Ainda a tempo de assistir
um filme no cinema que ficava bem ao lado do hotel. O filme? La
Merveille, o último filme de Terrence Malick com Ben
Affleck, Javier Bardem e Olga Kurylenko... que tem o Monte
Saint-Michel como um de seus personagens. E foi curioso notar como
essa analogia entre o monte, que com suas marés altas e baixas passa
por situações em que é continente ou ilha, pode ser usada para
narrar uma história de início e fim de um amor, de encontro e
separação, de união e isolamento. Malick é um poeta das imagens.
Foi um belo encerramento para o dia.
No dia seguinte, em Paris, visitei Père Lachaise, o famoso cemitério
onde está Jim Morrison.
Este passeio pela Normandia terminou com a volta a Paris. Dei-me conta de que essa é a minha oitava visita à Cidade Luz. Mais ainda, nos últimos 5 anos visitei-a ao menos uma vez. Será que a verei novamente em 2014?
Em todo caso, tinha ainda uma tarde livre em Paris e resolvi fazer uma visitação que ainda não havia feito. Fui ao Cemitério Père-Lachaise, última morada de várias celebridades como Jim Morrison, Orson
Welles, Balzac, Moliére, La Fontaine, Edith Piaf, Allan Kardec e Auguste Comte. Descobri também que há uma lápide simbólica para todos os mortos no vôo da Air
France entre Rio e Paris que caiu em 2008 e tem várias fotos e
homenagens de brasileiros por lá. Triste.
A verdade é que, apesar de "turístico", trata-se de um passeio um tanto triste, fúnebre, esquisito. Não me senti muito bem andando por algumas horas em meio a túmulos, fotografando. E é gozado pois no fundo enterramos os mortos para que os vivos possam visitá-los e prestar suas homenagens póstumas. E é justamente o que os fãs de Morrison, por exemplo, faziam. Mas ainda assim não deixa de ser estranho.
Mais curioso ainda foi que cruzei com dois grupos grandes de turistas que seguiam um guia que ia de lápide em lápide, explicando e contextualizando quem foi e a importância em vida de várias das celebridades ali enterradas. E, como é de praxe com guias turísticos, piadas e bom-humor rolavam soltos e era comum ouvir risadas coletivas ao caminhar. Não achei desrespeitoso e ouvi vários trechos que, sem dúvida, apenas enalteciam os defuntos comentados, mas não duvido que há quem se choque ao presenciar aquelas cenas.
Durante o pouco tempo que passei por Paris, antes de sair para o Vale do Loire e a Normandia, e depois de voltar, consegui ver um pouco de tudo: Arco do Triunfo, Torre Eiffel, Sacre-Coeur, Jardins de Luxemburgo, Champs-Elysée, Notre-Dame, Bastilha. Paris é mágica!
Assisti hoje o documentário "Searching for Sugar Man", sobre a incrível e fascinante história do cantor e compositor Rodriguez. Sem exageros, um dos melhores filmes que vi nos últimos anos! Que personagem interessante, humano, muito além de apenas um artista buscando expressar-se.
A história só podia ser contada como um documentário pois é muito inacreditável para ser tratada como ficção... ninguém iria levar a sério. Rodriguez era, basicamente, um cantor de rua que foi "descoberto" por dois produtores de Detroit e gravou um álbum chamado "Cold Facts". O álbum foi um retumbante fracasso, apesar de os produtores acharem Rodriguez um artista comparável a Bob Dylan... neste meio tempo, uma cópia desse álbum foi parar na África do Sul em meio ao auge do Apartheid e lá Rodriguez se transformou em um símbolo da luta contra o autoritarismo, através de sua música e letras que, ouso dizer, mudaram uma nação. Um desconhecido em seu país natal e, ao mesmo tempo, um artista mais famoso do que Elvis Presley na África do Sul, dois mundos paralelos narrados com maestria nesse filme que me arrancou lágrimas. Quero ter, ver, rever e indicar. Filmaço!
"...And you claim you got something going Something you call unique But I've seen your self-pity showing As the tears rolled down your cheeks Soon you know I'll leave you And I'll never look behind 'Cos I was born for the purpose That crucifies your mind So con, convince your mirror As you've always done before Giving substance to shadows Giving substance ever more And you assume you got something to offer Secrets shiny and new But how much of you is repetition That you didn't whisper to him too"
"(...) I think I finally had enough I think I maybe think too much I think this might be it for us (blow me one last kiss) You think I'm just too serious, I think you're full of shit My head is spinning so (blow me one last kiss)
Just when it can't get worse, I've had a shit day (No!) Have you had a shit day? (no!), we've had a shit day (no!) I think that life's too short for this (...)"
-------
OK, não é usual eu escolher uma música tão pop quanto a de hoje... o que me leva a alguns comentários.
Primeiro, essa é uma ótima música! Funciona para animar uma festa ou uma pista de dança e funcionou no rádio do carro, para dirigir, onde a ouvi ao menos quatro vezes entre ontem e hoje.
Além disso, os versos que selecionei acima são muito bons! Traduzo-os livremente:
" Eu acho que finalmente deu,
Eu acho que talvez eu pense demais
Eu acho que agora deu para nós (sopre-me um último beijo)
Eu acho que eu sou muito sério, eu acho que você ridícula
Minha cabeça está girando (sopre-me um último beijo)
E justo quando não podia ficar pior, Eu tive um dia de merda (Não!)
Você teve um dia de merda? (não!) tivemos um dia de merda (Não!)
Eu acho que a vida é curta demais para isso"
São versos cantados com energia e até certa raiva. Descrevem, a meu ver, o fim de um relacionamento amoroso. Deu, acabou. Há desespero, há confusão, há a sensação de que as coisas não podiam piorar, não podiam ocorrer em um momento pior. Enfim, versos honestos, cantados com paixão. Uma artista se expressando.
Mas, pera lá. Pink?
Pois é, o que me irrita no pop e em "música que toca no rádio", em geral, não é o fato de ela tocar no rádio. A número 1 das paradas francesas é "Madness", da minha adorada banda Muse. O que me irrita no pop é a industrialização da música. Quando produtores "ixpertchos" notam uma onda e montam um artista/banda para replicar aquilo. Eu gosto do artesanal e não do industrial. Rihanna e Beyoncé são pop mas são artistas, ao contrário de Britney Spears e, vá lá, Mariah Carey. A primeira, totalmente fabricada, sequer tem talento... já Mariah tem uma boa voz, mas nenhuma expressão artística. Justin Timberlake é pop e é um bom artista, apesar de fazer música em um gênero que não aprecio tanto. E pop não é gênero musical.
Ontem, na sala de shows Le Zenith, em Paris, assisti um concerto da diva Björk pela segunda vez.
Recentemente, em dezembro do último ano, eu afirmei que Camille havia tomado o lugar de Björk como minha cantora predileta. De lá para cá, voltei a ver Camille ao vivo e, duas semanas depois, vejo um show de Björk pela segunda vez. A primeira, em 2008, em Curitiba, no Tim Festival, pela turnê do álbum Volta. Agora, pela fasciante viagem musical proporcionada pelas músicas de Biophilia, em que ela canta acompanhada de um coral de várias meninas e de novos instrumentos - como é de praxe na prolífica e criativa vida de "engenheira de som" da artista. Resultado? A briga pelo primeiro posto na minha preferência volta a estar em aberto. E um empate técnico não está descartado.
Falando sobre o concerto, apesar da organização ter sido um tanto caótica, retardando o início do show em mais de uma hora devido a filas imensas na entrada - devido a não terem aberto os portões mais cedo - o Zenith é uma ótima opção para espetáculos musicais. Haviam 7 mil pessoas para assistir Björk e, tenho certeza, todos tiveram uma ótima e próxima visão do palco. A solução é que o palco é circular e colocado ao centro da sala de espetáculo. Depois havia a parte de solo - na qual eu estava - em que as pessoas assistem ao show em pé e, a seguir, as arquibancadas. Vi Björk a poucos metros de mim, apesar da lotação da sala de shows.
Outro ponto a destacar é a política da própria produção da turnê, que informam na entrada e antes do show começar que fotos e filmagens não são recomendados (para não dizer proibidos, o que seria inútil). O motivo? "Queremos que desfrutem da experiência musical hoje e agora, ao vivo! Não se distraiam. Colocaremos videos e fotos do show no site oficial da Björk após o concerto.". Achei uma excelente ideia. Bravo!
Biophilia não é apenas um álbum. Biophilia é um conceito. Para ilustrar isso da melhor maneira possível Björk se associou a David Attenborough, famoso por narrar documentários sobre História Natural para as principais emissoras britânicas. E ele narra o conceito por trás do álbum (veja o video abaixo).
Björk canta sobre o mundo natural desde seu Debut, em 1993. Várias músicas narram as formações geológicas da sua islândia natal. O oceano é palco e metáfora de sua própria casa ou lar. O cosmos é explorado em diversas canções, incluindo a excelente Pluto, que adoro citar. Montanhas aparecem sempre seja em suas letras, seja em seus vídeos. Em Biophilia esse interesse culmina em um álbum temático. Tudo é sobre natureza, sobre o mundo natural. Cosmogony descreve as possíveis formas de o universo ter se criado, mas temos um cardápio completo com músicas sobre a lua, a matéria escura, viruses, o solstício... e tudo isso embalado em suas misturas musicais únicas, com muito experimentalismo e, como disse antes, novos instrumentos. Incluindo ai um "brinquedo" novo, um enorme gerador de "relâmpagos" controlado ora pelo teclado ora pela percussão, que fazia com que as músicas ganhassem uma energia (sem trocadilho) impressionante! Música, natureza e tecnologia, conforme a promessa inicial, entregues com maestria.
Praticamente todas as músicas de Biophilia são apresentadas. Dos demais álbuns, uma ou no máximo duas canções foram incluidas. Joga, do Homogenic, casa muito bem. Acho que Pluto também poderia estar presente, mas entendo não ter sido a mais badalada Bachelorette. Vertebrae by Vertebrae do Volta e Where is The Line, do Vespertine, ficaram ótimas ao vivo. Foi um grande concerto!
E era inevitável pensar, ao ouvir os acordes inusitados ou sons pouco explorados em música pop como ela consegue fazer isso ter ritmo e harmonia a ponto de fazer uma semana de shows em Paris, com a casa cheia todos os dias. Um experimentalismo-mainstream não é algo fácil de se encontrar e ela consegue. Generosa, dá bastante espaço para as meninas de seu coral improvisarem, dançarem, aparecerem. E o encerramento do show ao som de "Declare Independence" foi para me mandar para casa satisfeito, feliz e novamente apaixonado pela Björk cheia de expressão, coragem e portadora de uma mensagem. Música é a melhor coisa que existe!
"(...) The perfect match, you and I You fail to resist My crystalline charm
Like a virus, patient hunter I'm waiting for you, I'm starving for you Ooo-ooo-ooo-oooh Ooo-ooo-ooo-oooh"