quinta-feira, agosto 23, 2012

Contraste Musical #2: Eu Sou Egoísta

Para começar, inexplicavelmente, voltei para uma fase Raul Seixas. Quem diria!?

O homem era controverso. Se envolveu com drogas pesadas e ocultismo. Pirou de vez em meados da década de 80 - a entrevista dele no Jô em que ele simplesmente não fala e fica olhando para a câmara por longos segundos é antológica. Até sua morte prematura no final da mesma década.

Mas é inegável, gostem ou não, que ele é um dos pioneiros do rock no Brasil. E ajudou muito a popularizar o gênero durante a década de 70, com suas letras lisérgicas e suas baladas cheias de temas tabu como adultério (A Maçã), sexo (O Rock das Aranhas) e drogas. Rock'n'roll em estado puro. O mais surpreendente é analisar o Raul lírico, aquele capaz de belas composições, ótimos arranjos e letras cheias de nuances.

Não é o caso da música que escolhi para essa segunda análise de contraste musical. O que me leva ao segundo personagem desse texto: Pitty. Eu gosto da cantora baiana - e não deve ter sido fácil ser rockeira na terra do axé. Ela tem uma carreira-solo que bombou no início dos anos 2000, com algumas ótimas canções, mas depois deu uma desaparecida, assim como todo o rock brasileiro. Ou eu deixei de acompanhar, não sei... Mas vi, por conta da fase Raul, o vídeo abaixo.




Pois é. Achei muito fraco. O arranjo não é pesado como ao princípio indicou que seria. Ficou entre uma homenagem e algo indefinido, um tanto sem jeito. E Pitty simplesmente não acerta. Não consegue passar a energia e, principalmente, o sarcasmo da versão original. Não ficou mais pesado, não ficou com uma identidade própria e, enfim, não disse a que veio.

A música em si tem uma letra com bons trechos, que até valeriam marcar presença no "Versos do Dia", tais como:

"...Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho;
Eu quero é ter tentação no caminho
Pois o homem é o exercício que faz

Eu sei;
Sei que o mais puro gosto do mel
É apenas defeito do fel
E que a guerra é produto da paz

O que eu como a prato pleno
Bem pode ser o seu veneno
Mas como vai você saber... sem tentar?
..."


Eis a versão origingal do eterno Raulzito:


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